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Vila Nova de Famalicão | 14 Jan 2020
A linguagem da Criação, como lugar de Deus e projeto a cuidar (6)
O ser humano, «atraído pela plenitude de Cristo, é chamado a reconduzir todas as criaturas ao seu Criador».
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A arte, a cultura, a espiritualidade ajuda-nos a interpretar a realidade. Por isso, o Papa Francisco considera as narrativas veterotestamentárias um património do saber sobre as relações dos seres humanos com Deus, com o próximo e com a terra. Assim, o Papa Francisco cita o livro dos Génesis, do qual o leitor observa que não só a criação, mas o próprio ser humano é um ato de amor (Cf. LS, 65). Portanto, a criação deve ser cuidada. Os textos bíblicos convidam a «cultivar e guardar» o jardim do mundo (cf. Gn 2,15; Cf. LS, 65). Na verdade, implica uma relação de reciprocidade responsável do ser humano e a natureza (Cf. LS, 67). 

Por outro lado, o Papa Francisco refere que a Bíblia lembra ao ser humano que a vida corre perigo exatamente quando há uma rutura nas relações (Cf. LS, 70). A título de exemplo, «os Salmos e os escritos proféticos são uma lembrança de que Deus é Criador e convidam o ser humano a louvá-lo (Sl 135, 136, 148) e a depositar Nele toda a confiança e esperança». De facto, o ser humano deve ser entendido como filho e criatura. A “criação” segundo o Papa Francisco «tem a ver com o projeto de amor, pois cada criatura foi colocada neste mundo para receber cuidado, cada uma tem o seu papel, até o ser mais insignificante aos olhos humanos, tem o seu valor aos olhos de Deus». Deste modo, «a preocupação pela criação deve ter por base o amor fraterno». O ser humano, «atraído pela plenitude de Cristo, é chamado a reconduzir todas as criaturas ao seu Criador» (Cf. LS, 83). Digamos que «a “ecologia humana” obriga a ligar o cuidado em relação ao meio ambiente à defesa da natureza humana e das dignidades das pessoas».

Na verdade, Jesus tem um olhar sobre a Criação. Deus tem uma relação paterna com todas as criaturas. A título de exemplo, Deus não abandona as aves do céu (Mt 6,26). No mesmo modo, o seu Reino é compreendido como um grão de mostarda (Mt 13, 31-32). Neste sentido, o teólogo Leonardo Boff afirma que a dimensão cósmica de Cristo é também ecológica. Por outro lado, Leonardo Boff escrevia que a «ecologia é relação, interação e diálogo de todas as coisas existentes (vivente ou não) entre si e com tudo o que existe, real ou potencial …. Tudo se relaciona com tudo em todos os pontos».

Afirma o Papa Francisco que: «O Novo Testamento não nos fala só de Jesus terreno e da sua relação tão concreta e amorosa com o mundo; mostra-no-Lo também como ressuscitado e glorioso, presente em toda a criação com o seu domínio universal. «Foi n’Ele que aprouve a Deus fazer habitar toda a plenitude e, por Ele e para Ele, reconciliar todas as coisas (…), tanto as que estão na terra como as que estão no céu» (Cl 1, 19-20). Isto lança-nos para o fim dos tempos, quando o Filho entregar ao Pai todas as coisas «a fim de que Deus seja tudo em todos» (1 Cor 15, 28). Assim, as criaturas deste mundo já não nos aparecem como uma realidade meramente natural, porque o Ressuscitado as envolve misteriosamente e guia para um destino de plenitude. As próprias flores do campo e as aves que Ele, admirado, contemplou com os seus olhos humanos, agora estão cheias da sua presença luminosa» (LS, 100).

 

Carlos Araújo, scj (dehoniano)


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