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20 Mar 2020
Sexta-feira da III Semana da Quaresma
Homilia no Paço Arquiepiscopal
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Hoje, Sexta-feira, tomamos um pouco mais de consciência de que nos encontramos em Quaresma. Não é dia de jejum mas esta palavra pode levar-nos a pensar que estamos a viver um tempo de jejum da eucaristia, jejum das certezas e tranquilidades, jejum dos princípios certos e seguros, jejum de tantos sinais de afecto e de presença. Se sentimos este imperativo do jejum em tantas realidades, há uma dimensão da vida que nunca poderá ser condicionada pelas actuais restrições. Pelo contrário, importa usá-la com uma nova intensidade e consciência. É algo de todas as épocas mas que agora mostra a sua urgência e perene actualidade. O amor é como o ar que respiramos. Já S. Paulo dizia que tudo passa e que só o amor permanece. Ninguém o ignora! Hoje confirmamos esta doutrina de sempre.

O Evangelho que acabamos de ouvir voltou a colocar nos nossos ouvidos o que os judeus já cumpriam desde o tempo de Moisés, acabando por sintetizar o que verdadeiramente é importante no amor com os seus dois destinatários: Deus e o próximo.

Para qualquer ser humano, e muito mais para os cristão, o que vale é o amor. Os jovens compreendem a substancialidade do amor. Podem ter imagens e experiências contrárias ao verdadeiro amor. Mas, também eles, o que procuram é ser amados. Só que deveriam acreditar que o amor não pode vir só de um lado. Para receber amor, primeiro têm de dar. Só dando é que se recebe. Hoje importa recuperar o amor fazendo com que não existam confusões, disfarçando o egoísmo em atitudes que podem parecer amor mas nunca o poderão ser. O amor não é algo meramente sensível e emocional. A sua essência reside na doação do que se tem e do que se é, e de um modo verdadeiramente desinteressado. 

Quando aceitamos a nossa vocação de cristãos como uma experiencia quotidiana de amor, aceitamos uma aventura que suscita sempre a entrega e a doação. Recordo uma meditação que me ajudou a compreender o que significa amar. No amor, o que vale é amar. O amor é uma coisa muito simples e muita complexa. Exige duas partes, um que dá e o outro que não fica passivamente à espera de receber mas que sabe que a sua parte será também dar. Daí que aquilo que é fundamental é que, enquanto peregrinarmos neste mundo, nos preocupemos com a nossa parte. O papel do outro poderá acontecer ou não. Pode nunca vir a recompensa. Mas, também, para quem ama verdadeiramente até  pode nunca chegar a acontecer. Poderemos ficar desiludidos ou desencantados. Tínhamos o direito a esperar alguma coisa daquilo que demos. A gratuidade que deverá acompanhar qualquer gesto de amor está sempre a repetir que continuemos a acreditar que o amor poderá tocar o coração do outro, tornando-o recíproco. Mas nem sempre. Volto a repetir, jamais perderemos a coragem se nos convencermos que no amor o que vale é amar. E para nós os crentes, mais maravilhoso ainda é que importa amar Jesus no irmão. E, com esta atitude interior, nunca perdemos. Jesus volta sempre ao nosso encontro. Os seus caminhos podem ser diferentes e os seus tempos também. Mas Ele nunca se deixa vencer e é isto que deveria contar para nós católicos.

Quero ainda ir mais longe e continuar a meditar. Não basta fazer as coisas por amor. Urge ser amor para todos. Ao fazer as coisas por amor podemos possuir um conjunto de atitudes que o outro nunca compreenderá. Para nós há sempre um mérito, mas para quem recebe pode ser um peso. Quantas vezes isto não aconteceu connosco! Fazemos tudo por amor e os outros ficam indiferentes ou até ofendidos. Teremos de avançar, procurando, sempre e sem desânimo, ser amor. Pode parecer a mesma coisa. É totalmente diferente. A atitude se ser é totalmente diferente do fazer. O ser é capaz de intuir o que outro verdadeiramente necessita e não aquilo que a nossa vontade imagina. Trata-se de uma sensibilidade que se vai adquirindo com a experiência. 

Volto aos jovens para lhes pedir que não deixem de amar mas que vejam como amam. A cada um diria que, se conseguirdes ser amor, como vocação cristã, realizareis a vossa felicidade e a dos outro. A Igreja precisa muito de vós. Juntos podemos construir um mundo melhor. 

 

 † Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

 

Introdução

Vamos continuar, em comunhão eclesial, e sempre na alegria deste encontro fraterno, a procurar ter um momento de oração, pela alegria de estar com Deus, mas solicitando a Sua graça para que estejamos à altura de viver estes momento de grandes interrogações com a serenidade que a fé nos proporciona. Pensamos em nós, nos nossos familiares, nos amigos com quem gostaríamos de estar e não temos possibilidade, recordamos os doente infectados por este vírus e particularmente por aqueles que vivem com grandes complicações. 

Hoje convido-vos a olharmos para os jovens para lhes testemunharmos solicitude. O momento é difícil para todos. Para eles, a imprevisibilidade pode ser ainda maior. Fechados em casa, longe dos amigos e das actividades lectivas ou lúdicas, pode ser muito doloroso para alguns. Rezemos sobretudo para que procurem preencher os seus dias com uma reflexão capaz de os motivar para princípios e causas nobres. Este momento deve tornar-se eloquente. Que ouçam o convite para uma vida fé e de maior alegria.

Momento da paz

Esta semana deveríamos ter presente uma palavra que propus para o itinerário quaresmal. Neste tempo de dar, a radicalidade pode ser a nossa medida. Sabemos como os jovens são capazes de tudo. Muitos fecham-se em circuitos de uma vida repleta de passatempos. Mas, graças a Deus, há muitos outros que ousam escolher um ideal e se disponibilizam para gastar a vida por ele. 

São verdadeiramente radicais na aventura de uma entrega a causas. Não se contentam com qualquer coisa. Sonham alto e puxam pela sociedade. Neste momento da nossa celebração, quereria abraçar todos esses jovens e com um carinho muito particular tocar no coração de cada um e dizer-lhes que Cristo quer contar com eles. A vocação sacerdotal e de consagração também é caminho de felicidade. Peço aos jovens que ouçam esta voz que vem de longe e que abre horizontes de verdadeira felicidade. Caros jovens, aquele abraço que só um verdadeiro amigo consegue dar.

Despedida

Rezando pelos jovens neste dia, quero sonhar com a juventude da Igreja. A História diz-nos que ela não envelhece. Temos esta certeza! Só que pode não ter aquela juventude que seria necessária. Há muitas rugas que urge eliminar. Há comportamentos que desvirtuam a sua verdadeira imagem. Coloquemos a Igreja a que pertencemos, concretamente a nossa Arquidiocese, diante do espelho. Não será absolutamente necessário dar uns retoques? Tudo começa por cada um. É fácil pensar que a responsabilidade é dos outros e ver os defeitos com algo de fora. Estarei a ser, eu, sacerdote ou leigo, imagem de uma Igreja conciliar e ao serviço da sociedade de hoje? E, se o arcebispo tiver algo para fazer, não tenhais receio de comunicar. Agradeço! Mas acreditemos noutra coisa. E confessemo-lo com energia e sem vergonha. É bela a Igreja que vivenciamos na nossa Arquidiocese de Braga. Mostremos alegria por pertencer a esta parcela do povo de Deus.

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