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ANO PASTORAL
"Juntos no caminho de Páscoa"

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25 Abr 2020
Sábado da II Semana da Páscoa
Homilia no Paço Arquiepiscopal
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Apesar de todas as restrições aos aglomerados de pessoas e dos permanentes apelos ao isolamento social, de modo a não perdermos o que fomos construindo ao longo destas semanas, mesmo assim os nossos políticos quiseram celebrar o 25 de Abril. Não sei se foram um exemplo para quem quer lutar pela erradicação deste vírus. Os discursos estiveram aí e multiplicaram-se as palavras. Recordou-se um momento que alterou os hábitos dos portugueses. Vínhamos de uma longa história e quisemos abrir-nos a novos horizontes.

Ao lado destas celebrações, nós queremos continuar a olhar para o quotidiano da vida da primeira comunidade de Jerusalém. A palavra de Deus foi-se divulgando, o número dos discípulos aumentou e, inclusive, um grande número de crentes aderiam à nova fé deixando de lado o judaísmo, o que foi suscitando crítica e perseguição. Poderia parecer que era uma comunidade ideal, sem defeitos nem problemas. Deus permitiu, todavia, que também neste ambiente festivo e de grande consistência da comunidade começassem a surgir questões que nem todos compreendiam. Daí que, a propósito de um assunto muito concreto, surgissem críticas e murmurações. Não seria de esperar que isto acontecesse. Só que a realidade humana também foi impondo as suas leis. 

Deveria existir uma caridade pura, como sabemos que era verdade, mas apareceu uma situação concreta a exigir respostas. Era verdade que as viúvas oriundas do mundo helénico não estavam a ter um tratamento igual ao que era tributado às do mundo judaico. A caridade circulava mas não com este sentido de abrangência. Tinham razão. As forças não chegavam para tudo e, nesta impossibilidade, dava-se prioridade a um grupo de pessoas carentes em detrimento doutras. Talvez aqui tenha existido um pouco de murmuração, como é frequente nas nossas comunidades. Hoje falamos com muita facilidade uns dos outros e não perdoamos nada a ninguém. Só que ficamos na crítica pela crítica. Em Jerusalém, reconheceu-se o problema, falou-se dele e imediatamente se encontrou uma solução com a instituição dos diáconos. Foram escolhidos sete que, de imediato, resolveram o problema.

Muito podemos aprender com este episódio. Mais do que nunca somos convidados a individualizar os defeitos e deficiências das nossas comunidades. Sabemos da suas imperfeições e lacunas. Não ganhamos nada em trazer as coisas para a praça pública. Temos muitos lugares para reflectir sobre a vida da comunidade, sempre com o intuito de encontrar caminhos novos. Não basta o problema. Queremos a solução e comprometemo-nos com ela. Reflectimos, rezamos e propomos como quem acredita que a solução depende de sei. Se os discípulos se tivessem deixado ficar pela análise e crítica da situação, nunca teriam encontrado uma solução, que não só respondeu ao problema em si como também permitiu que os apóstolos se dedicassem à oração e ao ministério da palavra. A comunidade rejuvenesceu-se e respondeu a uma nova necessidade.

Falamos muito da renovação inadiável da Igreja e deveríamos assumir estas duas palavras do Papa Francisco como uma ordem. Na solução encontrada, os diáconos ficaram com uma tarefa e os apóstolos com outras. A Igreja tem de ser esta comunidade de responsáveis com tarefas muito precisas. São grandes os desafios e importa discernir o que verdadeiramente é solicitado. Pessoalmente gosto de ouvir e sinto uma alegria interior quando me chegam críticas que imediatamente vejo que são positivas, ou seja, motivadas não pela crítica pela crítica mas por uma vontade de contribuir para que a Igreja se renove. Como arcebispo, não consigo ver tudo, por muito que pense. Só quem está em contacto com a realidade se apercebe do que importa mudar e do que importa fazer. Como são bem vindas todas as sugestões ou mesmo denúncias de certas situações de incoerência. Urge mudar e aperfeiçoar. Isto deveria acontecer a nível diocesano mas também a nível paroquial. Ninguém é omnisciente e ninguém deve ser autoritário a ponto de não aceitar ideias diferentes ou esquemas de vida não coincidentes com os seus. Se naquele tempo surgiram os diáconos, quem nos diz que hoje muita coisa nova não terá de ser criada para nos afastarmos dos velhos esquemas sempre rotineiros.

Sabemos que a Igreja tem a promessa de Deus de que não passará. Isto não nos dá a tranquilidade dos braços cruzados. Pede-nos que olhemos para a Igreja e que não tenhamos vergonha de apontar o negativo, mas sempre com o intuito e o desejo de encontrar novas soluções. Ao recitarmos o Credo pensemos no que dizemos. Creio na Igreja una, santa, católica, apostólica. Não é uma simples oração. Compromete-nos. Sabemos que não passará mas que o futuro também está nas nossas mãos.

  

† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

 

 

Despedida

Na Semana Santa fizemos uma experiência muito interessante e com grande adesão. Pedimos que pais e filhos construíssem uma cruz florida.

Agora, ao aproximar o mês de Maio, quero pedir que as famílias façam um terço com flores de papel ou de outro material. Existe uma verdadeira arte de fazer flores que os avós poderiam transmitir aos filhos ou netos. O terço também poderá ser feito de balões, colocando no lugar da cruz uma mensagem. Este terço seria enviado como portador de algo positivo, que poderia ser alento e estímulo para quem o recebesse.

Da nossa parte, poderemos publicar alguns exemplares no Diário do Minho. Com esta ideia pretende-se falar da importância do terço, colocando os pais a trabalhar com os filhos. Embora não com o rigor dor período de emergência, continuaremos a vive com algumas restrições. Continuará a haver tempo disponível que pode ser convenientemente aproveitado.

O terço poderá ser colocado num lugar bem visível da casa ou numa janela voltada para a rua. Ao pedir esta iniciativa, e neste tempo em que na nossa vida religiosa estamos a redescobrir a importância da casa, desejo que a recitação do terço volte a entrar nos hábitos familiares.

A família necessita de tempos onde se reúna para rezar. Muita coisa foi invadindo o quotidiano das famílias. Para que a fé seja algo de muito pessoal, precisamos de lhe dar consistência. Parar tudo para rezar o terço pode ser uma das consequências a retirar deste tempo de constrangimentos. 

Temos muitas rádios e televisões a dar-nos esta oportunidade. Também, como Arquidiocese, nos organizamos e iremos transmitir a recitação do terço a partir de quatro santuários: Santuário do Sameiro, Santuário do Alívio, Santuário da Penha e Senhora da Saúde. Todos os dias às 19h. No dia 31 encerraremos do Santuário do Sameiro com uma celebração mais solene.

Vamos fazer terços floridos e, como Igreja doméstica, rezemos o terço em família.

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