DACS | Fotografia: Kamil Janowicz | 26 Jul 2016
Apresentação do manual DOCAT e eucaristia de abertura foram os momentos altos do primeiro dia.

No dia oficial da abertura da JMJ 2016, o Papa Francisco presenteou os peregrinos, tal como o Papa Bento XVI fez na Jornada de 2011 em Madrid. Desta vez o presente não foi o YOUCAT, mas o DOCAT, que contém a Doutrina Social da Igreja. Não é um livro de fé, mas um “manual de utilizador” para uma mudança social a nível global.

“Gostava de ter um milhão de jovens cristãos ou, ainda melhor, uma geração inteira que fosse uma verdadeira doutrina social em movimento para os seus contemporâneos”, escreveu Bergoglio. Até ao final do ano, o manual estará disponível em 32 idiomas.


O trabalho, escrito por cientistas sociais em colaboração com adolescentes, está disponível em formato “App” e em livro, num total de 320 páginas. A apresentação foi feita pelo Cardeal Luis Antonio Tagle, no Auditório do Media Center de Cracóvia, às 14h00 locais. Foi também exibido um pequeno vídeo com uma apresentação feita pelo próprio Papa.

 

O que é o DOCAT?

A expressão “Doutrina Social da Igreja” designa o conjunto de orientações da Igreja Católica sobre os variados temas sociais. Esta Doutrina reúne os pronunciamentos do magistério católico sobre tudo que implica a presença do homem na sociedade e no contexto internacional. Trata-se de uma reflexão feita à luz da fé e da tradição eclesial, anunciando e actualizando a mensagem de Jesus Cristo em campos fundamentais da vida do homem. A família, o trabalho, a vida económica, a política, a comunidade internacional, a protecção do meio ambiente e a promoção da paz são alguns dos grandes temas da doutrina social.

O DOCAT foi elaborado por especialistas em Doutrina Social, teve a participação de jovens de alguns países e contou com a instrução dos cardeais D. Reinhard Marx, Arcebispo de Munique, e D. Christoph Schönborn, Arcebispo de Viena.

“O DOCAT é um manual do utilizador que nos ajuda em primeiro lugar a mudar-nos a nós mesmos com o Evangelho, depois o nosso ambiente imediato e, por fim, o mundo inteiro. Porque com o poder do Evangelho, podemos mudar verdadeiramente o mundo.” 

Papa Francisco

O trabalho tem a aprovação oficial da Igreja Católica através da Congregação da Doutrina da Fé e do prefácio escrito pessoalmente pelo Papa Francisco. O conteúdo do DOCAT pretende ensinar com uma linguagem que pretende suscitar o debate através de perguntas e respostas, e demonstra de que forma os jovens cristãos podem mudar o mundo através da acção social e política com critérios enraizados nos ensinamentos do Evangelho. 

 

A equipa do DOCAT

Peter Schallenberg nasceu em 1963. Estudou Filosofia e Teologia, doutorando-se em 1991. A partir de 1997, trabalhou como Director do Instituto Social Kommende Dortmund da Arquidiocese de Paderborn. Recebeu o grau de pós-doutoramento em 2003, em Munster. Desde 2008 que é Professor de Teologia Moral e Ética na Faculdade de Teologia em Paderborn. Em 2010 tornou-se o Director do Gabinete Católico Central para as Ciências Sociais. É autor de vários livros, ensaios em antologias e ainda colabora com diversos jornais.

Arnd Kuppers nasceu em 1973, em Monchengladbach. Estudou Teologia, Filosofia e Direito. Doutorou-se em 2007. Tem trabalhado como conferencista académico e Director Associado no Gabinete Católico Central para as Ciências Sociais em Monchengladbach. Também exerce funções na área do jornalismo e já colaborou no desenvolvimento do YOUCAT.

 

 

“Quando se quer fazer alguma coisa para pessoas jovens, o melhor mesmo é
fazê-lo com elas.”

D. Christoph Schönborn

 

Alexander Von Lengerke nasceu em 1970 em Herford. Começou por estudar Teologia Prática e Educação Católica. Mais tarde, na Faculdade de Comunicação em Londres, estudou design gráfico e media. Começou a trabalhar como freelancer em 2005, especializando-se em ilustrações de figuras humanas ao estilo “boneco animado”, com as quais ilustra os YOUCAT desde 2010.

Bernhard Meuser nasceu em 1953 em Heidesheim. É autor de vários livros. Em 2005, juntou-se ao Cardeal Schönborn para iniciar a publicação do YOUCAT. É casado e pai de três filhos.

 

Missa de abertura

A Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia começou oficialmente com a Cerimónia de Abertura, onde esteve inserida a missa presidida pelo Arcebispo de Cracóvia, o Cardeal Stanislaw Dziwisz, secretário pessoal de São João Paulo II durante muitos anos. 

O Cardeal começou por agradecer a presença de todos os peregrinos na Jornada, dando-lhes as boas-vindas a uma cidade onde a Divina Misericórdia é vivida de forma muito especial.

Rezemos em conjunto para conseguirmos chegar a um ponto em que sejamos todos irmãos e irmãs, filhos do mesmo Pai. No Seu coração misericordioso há espaço para todos nós. A Ele confiamos todos os nossos pensamentos, orações e preces. Peçamos perdão a Deus para podermos celebrar a sagrada liturgia e a eucaristia com um coração puro”, apelou.

Dois jovens polacos fizeram ainda uma pequena intervenção de boas-vindas através do seu testemunho cristão, agradecendo a São João Paulo II e ao Papa Francisco. Não tenho prata nem ouro, mas tenho comigo o mais valioso: Jesus Cristo, afirmou um dos jovens, relembrando as palavras do Santo Padre durante a Jornada no Rio de Janeiro, em 2013.

Relembrando as leituras da Eucaristia e o diálogo entre Jesus ressuscitado e Simão Pedro nas margens do Mar da Galileia, o Cardeal Stanislaw Dziwisz recordou a história do pescador que deixou tudo para seguir Jesus.

Sabemos que um certo dia ele deixou tudo - a família, o barco e as redes - e seguiu este Mestre extraordinário de Nazaré. Tornou-se o discípulo Dele.  Viveu o sofrimento e a morte Dele e também passou por momentos de fraqueza e traição. Mas depois experimentou a alegria da Ressureição de Jesus. Simão Pedro tornou-se, pelo poder do Espírito Santo, a testemunha corajosa de Jesus Cristo. Tornou-se uma rocha da Igreja nascente. E por tudo isto deu a sua vida na capital do Império Romano, crucificado como o seu Mestre”, referiu.

O Arcebispo de Cracóvia sublinhou que Cristo também conversa com os participantes da JMJ e que a experiência de Pedro se poderia tornar na dos peregrinos, fazendo-os reflectir. Dziwisz colocou então à assembleia três questões, às quais fez questão de também responder.

De onde viemos? «Viemos  de todas as nações que há debaixo do céu» ( Act 2,5), como os peregrinos reunidos em Jerusalém no dia de Pentecostes. Mas nós somos mais numerosos do que aqueles de há dois mil anos. Porque nós trazemos a riqueza dos séculos da evangelização que se espalhou pelo mundo inteiro. Trazemos a riqueza das nossas culturas, tradições e línguas. Trazemos as experiências das nossas Igrejas particulares. Viemos de todas as regiões do mundo, onde as pessoas vivem em paz, onde as famílias são as comunidades do amor e da vida, onde os jovens podem realizar seus desejos”, sublinhou.

O prelado não deixou, no entanto, de relembrar os participantes que vivem em zonas de conflito ou violência, onde existem crianças com fome e cristãos perseguidos, depositando, contudo, um voto de confiança na comunidade cristã, capaz de enfrentar os desafios complicados do mundo de hoje.

Onde estamos? foi a segunda pergunta. Foi Ele que nos reuniu aqui. Ele está presente no meio de nós. Ele acompanha-nos como acompanhou os discípulos a caminho de Emaús. Somos todos filhos de Deus, resgatados pelo sangue do Seu Filho Jesus Cristo. A experiência da universalidade da Igreja é uma experiência maravilhosa da Jornada Mundial da Juventude. Porque somos nós que vamos construir e mostrar ao mundo a face da Igreja. Somos responsáveis pela difusão do Evangelho pelo mundo, para que ele chegue a todos os que ainda não conhecem, ou O conhecem pouco”, respondeu o Cardeal.

A última pergunta inquiriu os peregrinos sobre o que pensam levar da JMJ para as suas cidades, trabalhos, casas e famílias. 

Talvez façamos resoluções importantes, escolhamos novos objectivos, talvez ouçamos a voz de Jesus a pedir para deixarmos tudo e irmos com ele. É melhor não antecipar a resposta a esta questão, mas aceitarmos antes o desafio. Ouçam as catequeses, a voz do Papa, participem na sagrada liturgia, experienciem o Sacramento da Reconciliação”, apelou o Arcebispo.

O Cardeal Stanislaw Dziwisz terminou a homilia exortando os peregrinos a levar com eles a chama da sua fé, para que o coração de toda a humanidade possa bater ao ritmo do de Jesus Cristo.

Que o fogo do amor se espalhe pelo mundo inteiro para que não haja mais egoísmo, violência e injustiça, para que na nossa terra se possa espalhar a cultura do bem, do amor e da paz. (...) Abram a Jesus as portas dos vossos corações. Anunciem, como São Paulo, que nem a morte, nem a vida, nem outra qualquer criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor”, concluiu.

 

Segurança máxima

De acordo com a Agência Lusa, a Polónia mobilizou mais de 40 mil homens para assegurar a segurança dos milhares de jovens peregrinos que participam, a partir de hoje, na JMJ 2016.
A organização do evento espera receber entre um milhão e meio e dois milhões de jovens, mas as inscrições oficiais são perto de 360 mil, incluindo cerca de sete mil portugueses.

“O governo destacou 20 mil agentes, incluindo 7.500 nas ruas, nove mil bombeiros, 800 elementos do serviço de protecção do executivo e 11 mil guardas de fronteira. As autoridades polacas mantêm há semanas um discurso tranquilizador. Por um lado, não existe qualquer perigo de atentado, por outro lado, estão a fazer tudo para impedir qualquer tentativa”, adiantou a Lusa.

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Palavras-Chave:
JMJ 2016  •  Jovens  •  Polónia