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Dom Jorge Ferreira da Costa Ortiga | 17 Nov 2004
Advento 2004: Orientações pastorais
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Vivenciar a Eucaristia para uma cultura vocacional Advento 2004: Orientações pastorais O Programa Pastoral solicita um empenho das comunidades – e particularmente dos sacerdotes – no sentido de criar – para permanecer – uma cultura vocacional, ou seja, algo que impregne a acção e a vida da Igreja: na catequese, na liturgia, em iniciativas explicitas de anúncio e vocação. A Eucaristia, como celebração ou adoração, pode e deve ser centro e expressão deste objectivo que, como Arquidiocese, nos aceitamos conseguir. O Advento é um tempo favorável para que as comunidades delineiem um programa muito concreto que simbolize a vontade com que acolhemos o compromisso. Deixo, por isso, um conjunto de orientações. São pistas e princípios norteadores. Muito mais pode ser realizado. * O Santo Padre no encerramento do 48º Congresso Eucarístico Internacional, e abrindo oficialmente o Ano Eucarístico, referia: “Todos os dias, e especialmente o domingo, dia da Ressurreição de Cristo, a Igreja vive deste mistério. Porém neste Ano da Eucaristia convida-se a comunidade cristã a tomar consciência do mesmo com uma celebração mais sentida, com uma adoração prolongada e fervorosa, com um maior compromisso de fraternidade e de serviço aos mais necessitados. A Eucaristia é fonte e epifania de comunhão. É princípio e projecto de missão” (Cf. Mane nobissum Domine, cap. III e IV). Tínhamos decidido que 2004/2005 fosse um Ano Vocacional. Não encontro incompatibilidade. Antes pelo contrário a Eucaristia suscita um maior empenho no dever de tornarmos a Diocese uma comunidade Eucarística e vocacional. 1. “A Eucaristia é fonte e epifania de Comunhão” Sabemos que a Eucaristia supõe a comunhão de todos quantos se congregam para ouvir a mesma palavra e receber o mesmo Corpo de Cristo. Por outro lado, estimula a mesma comunhão em termos existenciais de tal modo que deveria tornar-se entre pessoas e grupos uma proclamação solene e inequívoca duma perfeita unidade na variedade. 2. “É princípio e projecto de Missão” A celebração e vivência da Eucaristia envolve, ou deveria envolver, todos numa articulação de ministérios para um testemunho da mesma unidade. Por outro lado, daqui se parte para um desempenho duma missão que vai “completar” a acção eucarística. Neste sentido, não só não há Eucaristia sem sacerdotes mas a Eucaristia é o primeiro apelo à corresponsabilidade eclesial no discernimento e vivência da vocação pessoal que, em alguns casos, se transforma numa vocação de especial consagração. Este dinamismo vocacional nasce do íntimo da Eucaristia e deve encontrar o seu eco nos momentos de interpelação e de prece que o presidente pode e deve apresentar. A comunidade reúne-se para celebrar a ressurreição de Cristo e tem de assumir projectos para que a mesma se concretize. Daí que a Eucaristia impele para a Missão e, nesta, para um discernimento vocacional concreto e pessoal. Nesta perspectiva, deixo ficar algumas sugestões, muito concretas, que deverão ser objecto de reflexão por parte dos sacerdotes e das comunidades paroquiais, religiosas, movimentos, etc. 2.1. “Urgência duma celebração mais vivida” Ninguém ignora o caminho percorrido nesta área. Também ninguém desconhece situações verdadeiramente anómalas que deveriam desaparecer a todo o custo. Impõe-se um trabalho sério e toda a comunidade diocesana se deveria comprometer na revitalização das nossas celebrações. Quando afirmo que deveríamos ter menos eucaristias é para ter melhores eucaristias. “Mistério grande, a Eucaristia”. Mistério que deve ser, antes de tudo, bem celebrado. É necessário que a Santa Missa seja colocada no centro da vida cristã e que cada comunidade tudo faça para a celebrar decorosamente, segundo as normas estabelecidas, com a participação do povo, com o exercício dos diversos ministros nas funções para eles previstas e com uma séria atenção ao aspecto da sacralidade que deve caracterizar o canto e a música litúrgica. Um empenho concreto para este Ano da Eucaristia poderia ser aquele de estudar a fundo, em cada comunidade paroquial, os Princípios e Normas para o uso do Missal Romano. O caminho privilegiado para serem introduzidos no mistério da salvação actuada nos santos “sinais” continua aquele de seguir com fidelidade o desenrolar-se do Ano Litúrgico. Os pastores empenhem-se na catequese “mistagógica”, tão estimada pelos Padres da Igreja, que ajuda a descobrir as riquezas dos gestos e das palavras litúrgicas, ajudando os fiéis a passar dos sinais ao mistério e a implicar nele toda a sua existência” (M.N.D. 17). “É necessário, em particular, cultivar, quer na celebração da Missa quer no culto eucarístico fora da Missa, a viva consciência da presença real de Cristo, tendo cuidado em a testemunhar com o tom da voz, com os gestos, com os movimentos, com todo o conjunto de atitudes. A este respeito as normas recordam o relevo que deve ser dado aos momentos de silêncio quer na celebração quer na adoração eucarística” (M.N.D. 18). Extraio daqui algumas orientações pastorais: - Estudar os “Princípios e as normas para o uso do Missal Romano; - Possuir todos os Livros Litúrgicos devidamente actualizados; -Preparar convenientemente as celebrações tendo em consideração todos os mistérios e trabalhando para estruturar uma Equipa Litúrgica; - Cuidar da Presidência de modo a que facilite a vivência por toda a Assembleia. - Prestar atenção à Música Litúrgica e formar os membros dos Grupos Corais para uma correcta participação; - Educar, crianças e adultos, para o sentido do Sagrado, na Eucaristia e fora dela, com sinais exteriores de verdadeiro respeito; - Considerar o silêncio como expressão de adesão ao mistério e educar as comunidades para o seu significado profundo. Esta redescoberta da centralidade da Eucaristia na Igreja começa pela serenidade, reflexiva e provocadora de mudanças, que os sacerdotes lhe devem prestar. O risco do funcionalismo acompanha-nos e é muito fácil banalizar. Cada celebração deveria ser uma autêntica escola de aperfeiçoamento. Nunca se vive suficientemente um mistério e só meditando nele, efectuando uma preparação e uma acção de graças, se permitirá uma celebração consciente e nunca repetitiva. Se a Quinta-feira Santa é sempre um momento de particular reflexão, gostaria de solicitar a todos os sacerdotes uma participação mais numerosa neste Ano Vocacional e Eucarístico. Ninguém se deveria sentir desculpado e agradeço um empenho para que os idosos ou doentes possam participar com a ajuda de outros no transporte e no acompanhamento. 2.2. “Com um a adoração prolongada e fervorosa” “A presença de Jesus no tabernáculo deve constituir um pólo de atracção para um número sempre maior de almas enamoradas por Ele, capazes de estar demoradamente a escutar a voz e quase a sentir o bater do coração. ‘Saboreai e vede como o Senhor é bom’ (Sal. 33, 9). A Adoração eucarística fora da Eucaristia torne-se, durante este ano, um empenho especial para as comunidades paroquiais e religiosas. Permaneçamos prostrados demoradamente diante de Jesus presente na Eucaristia, reparando com a nossa fé e o nosso amor os descuidos, os esquecimentos e, inclusive, os ultrajes que o nosso Salvador sofre em tantas partes do mundo. Aprofundemos na adoração a nossa contemplação pessoal e comunitária, servindo-nos de subsídios para a oração a partir da Palavra de Deus e da experiência de tantos místicos antigos e recentes. Também o Rosário, compreendido no seu sentido profundo, bíblico e cristocêntrico, que recomendei na carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, poderá ser um caminho particularmente adaptado à contemplação eucarística , actuada em companhia e na escola de Maria” (M.N.D. 18). Perante este objectivo, gostaria de recordar e pedir: - Que cada comunidade continue a dar particular importância ao Lausperene tornando-o momento de profunda adoração e contemplação. - Suscitem-se grupos de adoração que, duma maneira espontânea ou organizada, dediquem tempo ao sacrário ou ao Santíssimo Exposto em adoração. - Suscitem-se horas de adoração nas primeiras Quintas-feiras de cada mês ou num determinado domingo. Confie-se a sua dinamização aos movimentos ou serviços paroquiais. - Que estas iniciativas sejam profundamente vividas, pois bem preparadas, de tal modo que continuem depois do ano Eucarístico terminar. - Merece uma palavra especial a procissão do Corpo de deus. Sirvo-me de palavras do Papa: “Viva-se, este ano, com particular fervor a Solenidade do Corpo de Deus com a tradicional procissão. A fé em Deus que, incarnando-se, se fez nosso companheiro de viagem seja proclamada em toda a parte e particularmente pelas nossas estradas e entre as nossas casas, qual expressão do nosso grato amor e fonte de bênção inexaurível”. Com esta finalidade, exorto a que os Conselhos Arciprestais reflictam sobre a oportunidade duma Procissão Eucarística Arciprestal com a presença de todas as Confrarias do Santíssimo de todas as paróquias, as crianças da Primeira Comunhão e Profissão de Fé assim como com todos os Movimentos e Serviços Pastorais. Particular relevo deve revestir a Procissão na cidade de Braga que deverá contar com todas as comunidades paroquiais e religiosas. A necessidade de adorar e contemplar sugere-me uma palavra sobre a importância do Sacramento da Reconciliação. O Mistério da Presença real de Jesus supõe que recuperamos o sentido penitencial e de conversão. A identificação com Cristo passa pelo Perdão sacramental. Sugiro, por isso, que cada sacerdote, pároco ou não, coloque nas suas ocupações algumas horas por mês para a celebração deste sacramento. Poderá parecer que as pessoas não procuram. Se forem alertadas e bem acolhidas, em lugares e horas certas, voltarão a sentir a necessidade deste sacramento. Os centros urbanos deveriam ter um local onde, em dias de maior procura, os fiéis encontrassem sacerdotes disponíveis. Com um pouco de tempo oferecido por todos os sacerdotes, prestaremos um serviço de inestimável valor pastoral e pessoal. Com o Sacramento e para o Sacramento da Reconciliação teremos necessidade de celebrações Penitenciais que ajudem e preparem. Isto nunca poderá significar o recurso às absolvições colectivas. As normas da Igreja são explícitas e não as podemos desconsiderar. 3. “Com um maior compromisso de fraternidade e de serviço aos mais necessitados” “Neste Ano da Eucaristia o Senhor convida-nos a aproximarmo-nos o mais possível do ideal do livro dos Actos dos Apóstolos… uma Igreja capaz de condividir não só os bens espirituais mas também os bens materiais” (M.N.D. 22). “A Eucaristia não é só expressão de comunhão na vida da Igreja; ela é também projecto de solidariedade para a inteira humanidade. A Igreja renova continuamente na celebração eucarística a sua consciência de ser “sinal e instrumento” não só da intima união com Deus, mas também da unidade de todo o género humano” (27); dela recebemos o impulso para um empenho operativo na edificação duma sociedade mais igual e fraterna. Porque não fazer deste Ano da Eucaristia um período em que as comunidades diocesanas e paroquiais se empenhem dum modo especial em ir ao encontro com fraterna operacionalidade de alguma das muitas pobrezas do nosso mundo? Penso no drama da fome que tormenta centenas de milhões de seres humanos, penso nas doenças que flagelam os Países em vias de desenvolvimento, na solidão dos idosos, nas preocupações dos desocupados, nos caminhos dos imigrantes… Não podemos enganar-nos: é pelo amor recíproco e, em particular, pela solicitude por quem se encontra em necessidade que seremos reconhecidos como verdadeiros discípulos de Cristo (cf. Jo 13, 35, Mt 25, 31-46). É este o critério em base do qual será comprovada a autenticidade das nossas celebrações eucarísticas” (M.N:D. 28). É na caridade vivida que se encontra a verdade das nossas celebrações e adorações. Ninguém ignora o exagerado acento do culto na vida das comunidades. Apostar na sua qualidade e vivência é um dever; partir para um encontro com a vida do mundo e da sociedade é a prova cabal do entendimento que dela temos. O mundo e os seus dramas torna a eucaristia verdadeiro ou falso ritual. Como Diocese teremos de descobrir um sinal, um monumento que não seja de pedra mas dum estilo de serviço permanente aos mais necessitados. Temos algumas ideias. Espero por outras. Convido as comunidades paroquiais a estender a “mesa do altar” a todos os dramas ou problemas da paróquia. A Pastoral Social não é facultativa. A modernidade reveste-a duma actualidade extrema. Que apareçam esses monumentos de generosidade e atenção aos mais necessitados. Aproveito este contexto para falar da actualidade das Confrarias do Santíssimo Sacramento. Não podem limitar-se às festas exteriores. Procuremos dar-lhe vitalidade como grupo a quem confiar estas variadas iniciativas para uma séria celebração e fervorosa adoração. Simultaneamente, ajudemos a que penetrem nas necessidades materiais dos irmãos e das comunidades como um modo de repartir o pão. Trata-se duma sugestão que deveria encontrar um acolhimento geral. Com elas poderíamos realizar encontros – a nível de arciprestado - para reflectir sobre a dignidade dos espaços litúrgicos e do culto e para colocar a comunidade em movimento de solidariedade. 4. O Domingo a redescobrir Por vezes deixamo-nos envolver no pessimismo das causas perdidas. A sociedade do consumo parece querer destruir o domingo no seu significado mais genuíno e puro. Teremos de ser capazes de o tornar festa da ressurreição como Dia do Senhor. Talvez tenhamos de ser criativos com iniciativas de índole paroquial ou inter-paroquial. Haverá algo de novo a inventar para o compreender como dia diferente com variadas experiências. Conclusão O Santo Padre termina a sua carta Apostólica com um convite explícito: Aos Sacerdotes para celebrar “cada dia a santa Missa com a alegria e o fervor da primeira vez e permanecendo voluntariamente em oração diante do Sacrário”; Aos Diáconos, Leitores, Acólitos, Ministros Extraordinários da Comunhão para que tomem consciência do dom que lhes foi entregue para “uma digna celebração da Eucaristia”; Aos futuros Sacerdotes para que façam a experiência “de quanto é doce não só participar cada dia na Santa Missa mas também permanecer demoradamente em diálogo com Jesus Eucaristia”; Aos consagrados e às consagradas para que se recordem que Jesus no Sacrário “vos espera a seu lado para colocar nos vossos corações aquela intima experiência da sua amizade que só ele pode dar sentido e plenitude à vossa vida”; A todos os fiéis para que sejam capazes de redescobrir “o dom da Eucaristia como luz e força para a vossa vida quotidiana no mundo. Descobri-o, sobretudo, para viver plenamente a beleza e a missão da família”; Aos jovens, de quem muito espera “para que levem ao encontro com Jesus escondido na Eucaristia todo o entusiasmo da vossa idade, da vossa esperança, da vossa capacidade de amar”. A Eucaristia é, assim, um dom a acolher e um projecto a realizar. Que este ano nos centralize no seu significado e que o Amor que lhe dedicaremos sirva para nos consciencializarmos da alegria da nossa vocação e para vocacionalizar toda a pastoral de modo que nunca nos faltem vocações de especial consagração. Colégio Arciprestal, 17.11.2004 + Jorge Ortiga, A.
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