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D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga | 6 Fev 2005
A LUZ DA UNIVERSIDADE CATÓLICA (Homilia no dia da UCP)
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[Homilia do Arcebispo Primaz, na Basílica dos Congregados, no Dia da Universidade Católica Portuguesa] A LUZ DA UNIVERSIDADE CATÓLICA 1. Como é habitual, no primeiro domingo de Fevereiro, lembra toda a Igreja em Portugal a Universidade Católica como Instituição Académica ao serviço do Ensino Superior no nosso País. Trata-se de um dia de comunhão, de oração e de solidariedade, que todas as comunidades vivem, lembrando uma missão que nos é específica, a de anunciar o Evangelho a todos os povos, qualquer que seja o seu nível cultural. À Universidade Católica pertence manifestar a presença do Evangelho de Jesus no Ensino Superior. Impõe-se que aceitemos que no nosso tempo esta tarefa seja imprescindível, tempo no qual se vulgariza o acesso ao Ensino Superior, tempo no qual há tantos ventos que pretendem esmagar a semente que a Igreja lança permanentemente, tempo em que se relativizam as ideologias, tempo em que o pensamento se torna deficitário e em que as razões nem sempre encontram acolhimento. A Universidade Católica é de capital importância, no nosso País e no nosso meio, na nossa Arquidiocese e na nossa região. Este dia é de reconhecimento pelo serviço que ela presta a todos, de oração de súplica para que Deus por ela vele e lhe dê vitalidade, em todos aqueles que nela trabalham, e de partilha de apoio, indo em auxílio das suas necessidades maiores. 2. Desejo que a Universidade Católica em Portugal, e concretamente no seu pólo de Braga, seja sal e luz. Sal que ajuda a temperar uma cultura superior que, nos últimos tempos, se esquece e se afasta de Deus. Seja a Universidade aquele Sal que dá gosto e dá outro sabor a uma cultura que, por vezes, perde muito o sentido do humano, porque perde o sentido da transcendência da vida. Seja ela Sal que ajuda a conjugar na harmonia um tecido social por vezes tenso, que procura plataformas de cooperação, que apoia o desabrochar de um mundo mais humano. Como o sal faz falta nas nossas mesas, também, estou convicto de que a Universidade Católica faz falta no panorama português, cada vez mais deficitário de valores altruístas, de entrega desinteressada no serviço do bem comum e de sacrifício em benefício dos outros. Apoiá-la e compreendê-la é preparar e assegurar um futuro melhor. Desejo, também, e imploro a Deus e a todos quantos nela trabalham ou estudam que seja Luz. Não importa apenas criticar a realidade que não avança nos caminhos da honestidade, da transparência, da cooperação entre gente de boa vontade. Urge, em atitudes concretas, iluminar os caminhos dos homens, ser luz na dianteira, sem se esconder debaixo de demissões ou de medos que levam ao abandono da missão, em épocas mais difíceis, como a nossa. Seja a Universidade Católica uma luz nova no nosso País, constituindo-se em referência de pensamento e de discernimento de um mundo carregado de perplexidades. Dispense a todos uma reflexão adequada da realidade e seja farol que ilumine os caminhos de hoje e tal reflexão esclareça as sendas novas do poder político, não voltado a uma gestão insular de Portugal, mas aberto ao terreno europeu no qual hoje Portugal se edifica. Esteja a Universidade Católica ao serviço de um pensamento lúcido que, quando partilhado, faça progredir Portugal por caminhos novos, sem renegar a identidade cristã que é a sua e, sobretudo, dando razões suplementares para que muitos sintam o fascínio do ideal de Cristo. Procure a Verdade e seja um foco iluminador da realidade para que o nosso País encontre novos rumos, ultrapassando conflitos, no respeito pela diversidade e na cooperação de todos em ordem a uma terra onde a gente possa ser feliz com Deus. Nunca se extinga na Universidade esta luz que lhe vem de Deus e saiba ela partilhar os dons que lhe nascem da meditação do Evangelho, dando ao mundo o que ele mais precisa: o sentimento de fraternidade universal, a ousadia da acção em benefício da justiça e o tom da esperança que animará todos os gestos de amor desinteressado. É isto que distingue os cristãos. Seja isto que distingue a Universidade, em todos (docentes, funcionários e alunos) de forma a que “brilhe a vossa luz diante dos homens, para que, vendo as vossas boas obras, glorifiquem o vosso Pai que está nos Céus!” 3. Gostaria que a Universidade fosse este farol em Braga, em toda a Arquidiocese, e que a ela acorressem aqueles e aquelas sedentas de uma cultura com futuro e desejosos de realizar um programa de vida que tenha dimensão de imortalidade. Que os valores da Universidade não sejam passageiros, mas que todos quantos nela trabalham se entreguem de alma e coração para um futuro melhor. Que não seja só a Teologia a anunciar o Evangelho, mas que todos se sintam comprometidos em dar ao mundo um novo rosto, na partilha de conhecimentos fundados ou alicerçados na meditação do mistério do Verbo Encarnado. Será ousadia esperar ou pretender da Universidade Católica uma verdadeira missão cultural, porventura em áreas novas, no domínio das novas tecnologias, da educação, da gestão, dos recursos humanos, da saúde? Como católica deveria prestar uma atenção aos mais desprotegidos como objectivo prioritário. Importa, por isso, a formação adequada e aprofundada de técnicos para o acompanhamento da infância e para a qualidade de vida dos mais idosos. Muito trabalho da Igreja situa-se aqui e a sociedade necessita dum acompanhamento alicerçado num humanismo cristão. Além disso, ser luz pressupõe que se trabalhe num quadro cada vez mais forte de aglomerados urbanos. Importa pensar a cidade, as suas problemáticas novas, a emergência das marginalidades, o sustento de uma qualidade de vida no anonimato, a promoção de redes de solidariedade. A Universidade seja luzeiro que aponta caminhos de futuro. É urgente criar consciência dos novos problemas e formar políticos que pensem em função do futuro mais humano, mais sadio, mais de todos sem exclusão. 4. Para uma tal missão é necessário, e ninguém o deve esquecer, pensar como Paulo. A força que anima a Universidade é Jesus Cristo crucificado (1 Cor. 2). É este o saber que deve partilhar, traduzido em tantos saberes que procurará transmitir. Nunca se deve afastar da sua fonte, sob pena de fugir à sua missão abrindo caminhos que não levam a parte nenhuma. A força da Universidade não se baseia na “linguagem convincente da sabedoria humana”, mas “na poderosa manifestação do Espírito Santo”. É n’Ele que radica o seu saber. É por isso que a vocação da Universidade é universal (Católica), já que o Espírito não se pode encaixar nas malhas de uma ideologia. É n’Ele que saberá escutar os sinais do nosso tempo e abrir novas ofertas de formação adequada. É n’Ele que descobrirá projectos de qualidade e que se sentirá sempre ao serviço dos homens irmãos, partilhando a sabedoria que d’Ele vem. 5. Ao agradecer a todos quantos trabalham na Universidade em benefício da nossa região e do País, quero solicitar que todas as comunidades “repartam” um pouco do seu pão com ela, para que possa ter aqueles espaços condignos à formação e desenvolver os projectos mais adequados aos problemas que hoje a sociedade enfrenta. “Repartir o pão” significa ajudar quem precisa numa época de transformação para que o futuro seja melhor para todos. As condições criadas pela nova Concordata, que regulamenta também a Universidade, levam-me a pedir ao Povo de Deus que seja generoso neste dia. A Universidade ficará grata, gratidão que traduzirá no trabalho académico em benefício de todos. O gesto das comunidades, partilhando um pouco do pão que possuem, fará brilhar a luz na escuridão e “a noite será como o meio-dia”, no dizer do profeta Isaías. Em Ano da Eucaristia, centrados que estamos nesta fonte inesgotável de Deus que se dá, aprendamos a oferecer generosamente. Que os nossos gestos traduzam a partilha do pão, na qual todos os cristãos se reconhecem. Daqui brota uma vocação nova para todos: que cada um a descubra e que a Universidade seja capaz de orientar o seu discernimento. Peço à Universidade que não deixe de ser Luz, olhando para Cristo. Peço-lhe que não desanime, pois é de capital importância. Que o Senhor abençoe todos quantos nela trabalham, alunos, funcionários e professores! Braga, Congregados, 06 de Fevereiro de 2005 + Jorge Ortiga Arcebispo Primaz
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