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+ Jorge Ortiga, Arcebispo primaz | 2 Fev 2004
“Luz para iluminar as nações”
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“Luz para iluminar as nações” Lc. 2, 32 O encontro do velho Simeão com Jesus é paradigmático e elucidativo da missão da Igreja, continuadora de Cristo, no mundo. Como Cristo ela deve ser “luz” que ilumina os caminhos de quantos peregrinam na história hodierna. Olhemos para a trágica realidade do nosso tempo. Não é difícil admitir a crise sócio-cultural expressão dum modelo de sociedade em decadência. O progresso tecnológico conduziu a experiências dramáticas: a inflação galopante, o aumento do desemprego, a instabilidade monetária, o hedonismo, o consumismo, o pragmatismo… Os homens de hoje correndo atrás do dinheiro, do prazer, do sucesso não estão a encontrar a sua verdadeira realização. Todos reclamam modelos alternativos que se situem na lógicaa do ser e dum melhoramento da qualidade da vida. Nesta consciência de que “sem o mistério a vida torna-se irrespirável” (Gabriel Marcel) a Igreja procurou renovar a consciência que tem do seu ser e agir e empenhar-se com audácia crescente no anúncio da salvação e da sociedade. Entendendo-se como sacramento quis ser luz das nações abrindo-se ao “diálogo da salvação” com o mundo. Também nós teremos de nos situar perante fenómenos novos. A Igreja perante o ateísmo Parece que o ateísmo teórico já não encontra muitos adeptos. Prefere-se a indiferença à negação de Deus. Vive-se como se Ele não existisse. Consequência deste materialismo prático negam-se os valores imutáveis e prefere-se o subjectivismo individual, a satisfação das necessidades materiais e a procura insaciável dos prazeres. Para ser “luz” neste ambiente é necessário conhecê-lo e inteirar-se dos problemas e necessidades concretas enveredando pelo discernimento duma nova coragem missionária como resposta às expectativas do homem moderno. A Igreja perante a pluralidade das culturas Outrora reconhecia-se na cultura ocidental a perfeição e considerava-se que todas as outras deveriam relacionar-se com este único modelo. Acontece que hoje se impõe que a Igreja reconheça que o Evangelho não se identifica com nenhuma cultura e que é uma mensagem válida para todos.. Urge aceitar a sua legitimidade e reconhecer uma multiplicidade sem querer monopolizar ou ficar escravo duma única. Perante este novo contexto o Evangelho deve inculturar-se como tarefa permanente e, por isso, evangelizar as culturas reconhecendo o bem que elas encerram. O Papa João Paulo II recordava que a cultura é o “campo vital onde se joga o destino da Igreja e do mundo neste complicado final do séc. XX”. A Igreja perante a permanente mudança Há um mundo novo a nascer, uma época nova se vislumbra. Aparecem novos valores – que alguns apelidam de post-materialistas – a que devemos dar importância. A dignidade do homem, o respeito pela identidade de cada um, a promoção da mulher, a qualidade de vida, o cuidado com a natureza, a promoção da liberdade, justiça e paz… São verdadeiros valores que devem integrar-se num projecto de homem que contempla todas as dimensões: físicas, intelectuais, espirituais, éticas… Neste mundo de mudanças, no meio da indiferença crescente, a Igreja será luz na medida em que for capaz de dar confiança aos nossos contemporâneos oferecendo-lhes a maravilhosa esperança que nos vem de Cristo vivo e ressuscitado e, por isso, presente na história. Já o Concilio afirmava “legitimamente pode pensar-se que o futuro da humanidade está nas mãos daqueles que são capazes de transmitir às gerações futuras razões de vida e de esperança” (G.S. 31). A crepitude do velho Simeão encontrou-se renovada com a alegria do encontro. Hoje a Igreja terá algo a dizer ao mundo se sair dela e se identificar com os principais problemas da sociedade, tomar consciência das verdadeiras coordenadas que os caracterizam e oferecer a diferença. Diremos Deus ao homem de hoje se nos questionarmos sobre o Deus que anunciamos, tornando-O próximo e companheiro do homem e sobre o “como” dizer Deus que nunca deve situar-se no mundo da demonstração mas no testemunho de quem mostra. No mundo os cristãos devem ser criaturas transfiguradas pela Palavra e pelos sacramentos tornando-se seres legíveis e compreensíveis por todos. Muitos falam da linguagem do “gesto” a que, posteriormente, a palavra pode dar um sentido. A vida, plasmasda pelos critérios evangélicos, é a luz que ilumina “as nações” do nosso tempo. O mundo não é uniforme. São plurifacetadas as tendências reinantes. Cristo, nos cristãos, é o encontro que tranquiliza e dá sentido ao homem errante. Sejamos capazes de o “apresentar” com autenticidade. O mundo vergar-se-á ao seu fascínio. Sé Catedral, 02.02.2004 + Jorge Ortiga, Arcebispo primaz
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