No quarto aniversário da minha
tomada de posse, 18 de Julho, sinto de regressar à Formação como prioridade assumida. Neste pequeno texto estão
elaborados alguns princípios para concluir que a urgência da Evangelização se concretiza em todas as idades e que todas as
iniciativas ou itinerários formativos devem ser acompanhados duma contínua pedagogia vocacional.
Na verdade, a cultura
vocacional impõe-se como a opção inerente a todos os sectores pastorais.
A organização diocesana da catequese está
a cargo do Bispo, que nomeia alguém para coordenar esse serviço e que o realiza em profunda união com ele. É deste ponto
de partida que percebemos a organização e coordenação de toda a acção catequética diocesana.
O Departamento Arquidiocesano da Catequese deve ter como prioridades: a formação dos agentes de pastoral catequética, a
elaboração de itinerários que respondam às reais necessidades e a promoção dos vários lugares
catequéticos. Isto tem sempre por base o conceito de catequese que a Igreja hoje preconiza (catequese de Iniciação
Cristã).
Para realizar a sua missão, parece ser melhor que o Departamento esteja integrado no Secretariado Arquidiocesano da
Educação Cristã, juntamente com os responsáveis pela EMRC, Escolas católicas, Juventude e pastoral vocacional.
Esta opção deve-se ao facto de que os destinatários são muitas vezes os mesmos – como é o caso da catequese
de infância e adolescência e alunos de EMRC –, e também para haver uma continuidade real no processo educativo da fé,
até chegar à idade adulta. Assim, desde a infância até ao fim da juventude o cristão teria possibilidades pastorais
unificadas, coerentes e progressivas. A nível formativo também se pode agilizar muito, ao formar os catequistas para as diversas
necessidades, animadores de pastoral juvenil e agentes de pastoral em geral, na linha do que propõe o Documento Formação
Permanente de Sacerdotes e Leigos.
O Departamento Arquidiocesano da Catequese deverá ser o pólo com capacidade de pôr as bases do edifício da fé. A educação pode ser entendida como um descobrir aquilo que já está posto. Neste caso, seria levar a que esta pessoa em concreto (criança, adolescente, jovem ou adulto) descubra o mistério que a habita, para responder (fé). Mas também pode ser entendida como educação básica de fé, ou seja estruturação dum pensamento, de uma mentalidade e de um estilo de vida evangélicos.
A prossecução dos objectivos
comuns à Iniciação Cristã depende da qualidade dos agentes formadores ou catequistas. Daí que sua
formação é a prioridade fundamental que deve ser encarada nos seus locais e, se possível, nas comunidades de
referência.
Daqui a urgência de dar um incremento novo às equipas arciprestais, tornando-as capazes de fazer uma boa
formação e acompanhar os grupos, se necessário e possível.
Numa corresponsabilidade de todo o Povo de Deus, os sacerdotes desempenham uma função insubstituível. Nenhuma acção catequética funcionará realmente se o pároco, que é o ‘catequista de catequistas’, não sintonizar com esse ideal e não acompanhar espiritualmente os seus catequistas. Por isso, o Departamento deve ter uma atenção privilegiada pelos sacerdotes, para os aproximar e apaixonar pela catequese, que é o primeiro múnus do seu ser presbítero: profeta, sacerdote e rei (cf. PO 1; 4-6). Quando o sacerdote reconhece que de si depende um estilo de comunidade em estado de formação, os resultados garantem opções de vida motivadas por uma fé consciente e assumida.
A formação que se pretende,
partindo da profissão de fé baptismal, deve oferecer uma exposição orgânica e sistemática dos
conteúdos fundamentais da fé e da vida cristã. Deve colocar ao seu alcance uma formação teológica que ajude
a consolidar a fé recebida, proporcione certezas básicas dessa fé e os prepare para serem testemunhas e transmissores da mesma.
A tarefa de comunicar a fé recebida é realizada nas comunidades concretas de cada agente de pastoral, onde, preferencialmente, se deve
realizar também a sua formação. Ao fim e ao cabo a formação visa uma síntese de fé, não no
papel ou simplesmente na cabeça, mas no coração. Trata-se de, todos, nos deixarmos ser encontrados por Cristo, para sermos
verdadeiros discípulos, isto é, aqueles que fazem o caminho com e n’Ele: caminho de conversão e de fé em que a
única preocupação seja o cumprimento da Vontade de Deus Pai, que, “quer que todos cheguemos ao conhecimento pleno da
verdade” (1Tm 2, 3-4).
A Igreja necessita, hoje, de uns catequistas/agentes de pastoral concretos, em função do quadro
cultural que vivemos, onde se torna evidente a necessidade de uma nova evangelização. São precisos agentes de pastoral que
saibam situar-se no quadro cultural e religioso da evangelização dos já baptizados, mas afastados da fé, e daqueles que
não conhecem Jesus Cristo, mas estão numa atitude de busca. Deve ter em conta as necessidades evangelizadoras dos dias de hoje, com os
seus valores, sombras e perplexidades. Para responder a este desafio são necessários catequistas com uma fé profunda, com uma
clara identidade cristã e eclesial, com preocupação missionária e com profunda sensibilidade social e cultural.
Simultaneamente exige-se uma linguagem nova que os agentes de pastoral devem ser capazes de estruturar e usar. A dificuldade deste desafio solicita
mais concentração e uma coragem de investir em modelos novos. Sem esta actualização, a mensagem não toca os
corações e a razão dos homens e das mulheres de hoje.
Para isso, a formação deve capacitá-los nos
âmbitos da fé, na sua comunhão com Jesus Cristo, para saber, depois, serem companheiros de caminho daqueles que a Igreja lhe
confiar, num itinerário evangelizador. Num mundo marcado pelo pluralismo de formas de pensar e de viver, onde a uniformidade já
não existe, a Igreja precisa de agentes de pastoral firmes nas suas convicções cristãs e que sejam capazes de transmitir
essas convicções, para que os destinatários sejam capazes de confessar a sua fé e dar razões da sua
esperança, que está fundamentada em convicções sérias provenientes dos valores evangélicos.
A formação dos
catequistas/agentes de pastoral deve ter presente o objectivo de alimentar e robustecer a sua fé, o que supõe uma
qualificação espiritual. Deste modo, “a verdadeira formação alimenta, sobretudo, a espiritualidade do
próprio catequista, de maneira que a sua acção nasça, na verdade, do testemunho da sua própria vida” (DGC
239). O facto de o catequista ser um educador na fé implica-o numa intensa vida espiritual, sendo este o aspecto culminante e mais valioso da
sua personalidade e, por tanto, a dimensão preferencial da sua formação: “O verdadeiro catequista é o santo”
(João Paulo II).
O crescimento espiritual do catequista há-de ser conseguido através de uma comunhão de vida e
de amor com o Senhor Jesus, que chama e envia cada catequista. “É somente em profunda comunhão com Ele, que os catequistas
encontrarão luz e força para uma desejável renovação autêntica da catequese” (CT 9). A
formação espiritual desenvolve-se num processo de fidelidade Àquele que é o princípio inspirador da obra
catequética e daqueles que a realizam: o Pai, o Filho, e o Espírito Santo.
Por isso, sempre que possível, também
se devem proporcionar retiros espirituais, pois “só alimentando a vida interior com uma oração abundante e bem feita, o
catequista pode conseguir o grau de maturidade espiritual, que a sua missão exige. Como a adesão à mensagem cristã, que
em última instância é fruto da graça e da liberdade, e que não depende da habilidade do catequista, é
necessário que a sua actividade esteja acompanhada pela oração” (GCM 22).
O catequista também, ao sentir-se Igreja, vive na sua comunhão, e por isso cresce na consciência apostólica. Para crescer e desenvolver o seu carisma evangelizador, o catequista “deve conhecer e viver os projectos de evangelização específicos da sua Igreja diocesana e da sua paróquia, para estar em sintonia com a consciência que a Igreja particular tem da sua missão. A melhor maneira de alimentar esta consciência apostólica é identificar-se com a figura de Jesus Cristo, mestre e formador dos discípulos, procurando tornar seu o mesmo zelo pelo Reino que Jesus manifestou. A partir do exercício da catequese, a vocação apostólica do catequista, alimentada por uma formação permanente, irá amadurecendo progressivamente” (DGC 239).
O
catequista é uma testemunha da fé, mas é também um mestre, um educador que ensina a fé. Por isso, a
qualificação doutrinal, ou bíblico-teológica, há-de oferecer-lhe um conhecimento orgânico da mensagem
cristã. Esta articula-se em torno do mistério central da fé, que é Jesus Cristo (cf. DGC 240). O conteúdo dessa
formação está organizado em dois grandes núcleos: a história da salvação e a mensagem
cristã.
Em ordem ao exercício da sua missão, o catequista deve conhecer a pessoa a quem se dirige e a realidade em que
vive. Por isso, também, deve possuir uma qualificação nas ciências humanas. “Na actividade pastoral,
conheçam-se e apliquem-se suficientemente, não apenas os princípios teológicos, mas também os dados das
ciências profanas, principalmente da psicologia e sociologia, para que assim os fiéis sejam conduzidos a uma vida de fé mais
adulta” (GS 62).
O quadro da antropologia cristã
é o Mistério da Encarnação. Na verdade, o mistério do homem somente se esclarece no Mistério de Cristo (cf.
GS. 1-3; 22). A formação de catequistas deve primar pelo mistério da pessoa, só deste modo esta poderá abrir-se ao
transcendente. Hoje o homem está adormecido em si mesmo. Faz falta ajudá-lo a despertar. E o caminho do despertar é o
mistério do amor. De facto, “o homem não pode viver sem o amor. Permanece para si mesmo um ser incompreensível, a sua vida
está privada de sentido se não se lhe revela o amor, se não se encontra com o amor, se não o experimenta e o faz seu, se
não participa nele vivamente” (RH. 10). Nunca devemos perder de vista que o fim da catequese é possibilitar ‘este
encontro’. O catequista é aquele que já encontrou (já se deixou encontrar), que já vive no amor, e agora faz tudo
para ganhar o outro para Cristo, na mesma medida: o amor.
Na formação dos catequistas deve, pois, procurar-se o conhecimento
de alguns elementos fundamentais da psicologia: “os dinamismos psicológicos que movem a pessoa; a estrutura da personalidade; as
necessidades e as aspirações mais profundas do coração humano; a psicologia evolutiva e as etapas do ciclo vital humano;
a psicologia religiosa e as experiências que abrem a pessoa ao mistério do sagrado” (DGC 242).
Deve também ter-se
presente que a cultura envolvente influencia muito a pessoa, pelo que é necessário conhecê-la. Este conhecimento vem
através das ciências sociais, pelo que também estas devem ser contempladas num processo formativo. O objectivo desta
formação é que os catequistas sejam capazes de programar a sua actividade, a sua intervenção educativa, tornando
os destinatários capazes de captarem a presença e a acção de Deus dentro da sua vida e da história da humanidade,
assim como ajudando-os a responder positivamente às suas chamadas. Este tipo de conhecimentos favorecerá um testemunho mais vivo e
qualificado, capaz de dizer Deus na sua totalidade, sem lacunas, mesmo quando o catequizando não realiza a pergunta explicitamente, tendo
latente a sua capacidade de escuta
Para além destas ciências, os catequistas devem ser introduzidos no conhecimento de alguns
princípios de educação e de comunicação, fazendo com que “saibam conciliar os conhecimentos das novas
ciências e doutrinas e últimas descobertas com os costumes e doutrina cristã, a fim de que a prática religiosa e a
rectidão moral acompanhem neles o conhecimento científico e o progresso técnico e sejam capazes de apreciar e interpretar todas
as coisas com autêntico sentido cristão” (GS 62).
Para terminar, referimos que o objectivo da
formação de catequistas não é fazer meros ‘técnicos de catequese’. Trata-se de transmitir o que se
recebeu, de comunicar a outro a sua própria experiência de fé (EN 46), de convidar o outro a conhecer Aquele que nos leva
à verdadeira vida, contemplar o rosto misericordioso de Deus Pai¬ fonte de esperança cristã.
A
qualificação pedagógica do catequista deve ter bem presente que tudo vale se facilita o crescimento de uma experiência de
fé, da qual ele não é dono, antes colabora com a acção de Deus, que depositou a semente da fé no
coração de cada catequizando. Por isso, “o catequista é um educador que deve acompanhar o amadurecimento da fé, que
o catecúmeno ou catequizando realizam com a ajuda do Espírito Santo” (DGC 244), pelo que o dever do catequista é unir a
dimensão intelectual e espiritual. Existe um único Mestre, o catequista deve estar consciente de que apenas o Senhor Jesus ensina,
enquanto que ele o faz ‘na medida em que é seu porta-voz, permitindo que Cristo ensine pela sua boca’” (GCM 23).
Por isso, para além das ciências humanas que oferecem um precioso contributo à catequese, “há também
uma pedagogia da fé; e nunca será demais tudo o que se disser sobre o que essa pedagogia pode contribuir para a catequese. É
normal que se adaptem à educação da fé as técnicas aperfeiçoadas e comprovadas da educação em
geral. No entanto, importa ter em conta, em cada momento, a originalidade própria da fé. Na pedagogia da fé, não se trata
simplesmente de transmitir um saber humano, por mais elevado que se considere; trata-se de comunicar na sua integridade a Revelação de
Deus” (CT 58). O próprio Deus, ao longo da história da salvação, usou e deu a conhecer a sua própria
pedagogia, que deve ser o modelo para a pedagogia da fé.
Assim, um catequista bem preparado é aquele que possui um estilo
próprio de fazer catequese, com metodologias e didácticas de que se serve para comunicar uma mensagem de que é testemunha, sem
centrar a sua formação no conhecimento e domínio de uma só metodologia. A variedade e complementaridade de
técnicas, instrumentos e métodos constituem uma riqueza cujo valor é incalculável para os fins da catequese.
A
formação catequética ajudará, pois, o catequista a “amadurecer a sua capacidade educativa, o que implica: a
faculdade de prestar atenção às pessoas, a habilidade para interpretar e responder à pergunta educativa, a iniciativa
para pôr em acção processos de aprendizagem e a arte de conduzir um grupo humano até à maturidade” (DGC
244).
Mas, acima de tudo, aquilo que importa mesmo, é que o catequista adquira o seu próprio estilo de fazer catequese,
adaptando tudo aquilo que sabe e vai aprendendo sobre a pedagogia catequética ao seu próprio estilo de fazer catequese, à sua
personalidade, ao seu modo de transmitir a fé.
Depois da formação, os
itinerários catequéticos devem também ser programados no Departamento. Se até há uns tempos havia um único
itinerário que respondia a todas as necessidades, que era o de catequizar aqueles que foram baptizados em criança, que celebravam os
sacramentos de Iniciação Cristã até à adolescência, sem terem perdido o contacto com a Comunidade paroquial
e a família, de futuro não será tanto assim. Há que pensar em mais itinerários, como é o caso daqueles que
romperam com a fé, depois da primeira comunhão, e que querem terminar a Iniciação Cristã, sendo necessário
um novo começar. E deve também prever-se a possibilidade de alguém, que não foi baptizado em criança, o pretender
ser, seja em que idade for.
Também as crianças e os adolescentes podem exigir este cuidado particular. Trata-se de responder
a situações variadas de locais, de número de catequizandos e de questões de determinadas deficiências.
Como caminhada de iniciação, a catequese e
a consequente formação de agentes/catequistas deve situar-se no específico da idade. Ninguém se deve marginalizar e a
comunidade deve ter capacidade de resposta com espaços, metodologias próprias conforme as situações e a idade dos
destinatários.
Aqui referimos os jovens e os adultos como novo desafio à vida da comunidade. Para possuírem uma
capacidade de adesão permanente a Cristo necessitam de um acompanhamento catequético específico. Nestas idades, dentro de um
caminho normal de iniciação, encontramos jovens e adultos que já se integram na comunidade através de movimentos ou
serviços. Todavia também os jovens e adultos precisam de uma formação na fé, mais profunda e adequada,
correspondente à sua idade, aos seus problemas, às suas interrogações e aos seus projectos. Trata-se duma novidade
pastoral que as comunidades devem reconhecer, aceitando a catequese de jovens e adultos como indispensável.
Impõe-se, ainda,
que toda a comunidade assimile este processo de formação. Deve, por isso, o Departamento ter a possibilidade de realizar
subsídios que a promovam e torne uma realidade nas diversas comunidades. Trata-se de uma formação permanente e aberta a todos,
que implica toda comunidade eclesial, e pode realizar-se de diversas formas conforme são sugeridas no documento Formação
Permanente de Sacerdotes e Leigos.
Acerca dos lugares de educação da fé, o Departamento deveria tentar uma unidade entre todos os lugares onde se educa a fé, dando-lhe um claro acento de ‘diocesaneidade’, na complementaridade entre paróquia, arciprestados, escolas e movimentos. Aqui está a grande riqueza do Secretariado Diocesano de Educação Cristã integrar a Catequese, nas diversas idades, a EMRC, as Escolas Católicas e a Pastoral Juvenil. Todos deveríamos ter os olhos sempre postos no fim último, a razão de ser dos Departamentos ou serviços diocesanos: Fazer crentes, fazer discípulos (cf. Mt 28, 19- 20). Aliás, fim último da Igreja.
Por último, no âmbito formativo inicial,
a catequese que temos de realizar é a catequese de Iniciação Cristã, para a qual se há-de formar catequistas
“que sejam capazes de transmitir, não apenas um ensino, mas também uma formação cristã integral,
desenvolvendo ‘tarefas de iniciação, de educação e de ensino’. (...) São necessários
catequistas que sejam, ao mesmo tempo, mestres, educadores e testemunhas” (DGC 237).
A catequese específica que o catequista
há-de realizar é a de uma autêntica iniciação ordenada e sistemática da revelação divina que
Deus realizou ao homem, em Jesus Cristo, conservada na Igreja e nas Sagradas Escrituras. Esta revelação é anunciada de
geração em geração através de uma traditio viva, da qual o catequista é parte integrante (cf. DGC 66). A
catequese de iniciação, dentro do processo evangelizador, é o momento em que se estrutura a conversão a Jesus Cristo, num
esforço de fundamentação dessa primeira adesão (DGC 63).
Esta é a prioridade das prioridades: a
Iniciação Cristã. Todos os esforços devem ser conjugados para este objectivo. Não pode haver pastoral,
propriamente dita, se não se tem fé. É que uma casa não se constrói desde o telhado. A catequese é a
construção do edifício da fé, bela imagem sugerida por São Pedro na sua primeira carta. A base, pois, deste
edifício, os pilares, digamos assim, são os sacramentos do Baptismo, da Confirmação e da Eucaristia. Se não
há uma catequese de iniciação, que coloque os alicerces da fé, não haverá edifício de fé. Ou
então continuaremos a ter edifícios incompletos, com as consequências previsíveis: ninguém dá aquilo que
não tem. Uma Igreja que não gera filhos está destinada ao fracasso. Pela Iniciação Cristã a Igreja gera
filhos no Filho, e por isso, gera-se a ela mesma.
Ser Filho significa olhar a santidade como caminho obrigatório e situar-se numa
vocação concreta que urge descobrir com a oração e a ajuda de subsídios. Catequizar, iniciando na fé,
é sinónimo de suscitar atitudes de resposta ao chamamento e discernir o caminho concreto de santificação. O chamamento
é único; as respostas variadas na vivência das diferentes vocações de consagração, que devem,
inequivocamente, ser propostas nos momentos em que a caminhada catequética o sugere.
Pode parecer difícil a
articulação do Departamento Arquidiocesano da Catequese com a pastoral vocacional. Na verdade, esta deve marcar toda a
acção e ministério eclesial. Mas na lógica da pedagogia divina, tudo se inicia pela Palavra que conhecemos em Cristo, e
os diversos lugares da catequese são o espaço favorável para o anúncio e proposta.
Pelo exposto, dizemos que o Secretariado Diocesano da
Educação Cristã deve protagonizar esta prioridade da pastoral diocesana através de diferentes Departamentos que o
integram e auxiliam. Um conduz ao outro e todos se ajudam na experiência da fé.
Importa, particularmente, sublinhar a
permanência da mesma atitude catequética que acompanha crianças, adolescentes, jovens e adultos. Se o Departamento se deve,
prioritariamente, ocupar com a formação de agentes de pastoral é nesta área que tudo acontecerá. Por outro lado,
não se trata de campos distintos com barreiras inultrapassáveis. Importa, sobretudo, reconhecer que este mesmo itinerário
deverá envolver todos os movimentos e serviços paroquiais, que se enriquecem com este proceder.
Neste âmbito, a Pastoral
Vocacional surge como condicionante de todas as iniciativas e actividades. Acompanha-as e dá-lhes sentido e finalidade. Trata-se do verdadeiro
critério aferidor da validade das acções e da qualidade dos conteúdos.
Espera-se que esta envolvência de
todos os Departamentos, com referência especial à juventude, na responsabilidade formativa, suscite a consciência de vida
cristã como vocação a partir da qual surgem as vocações de especial consagração.