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CMAB | Braga| 8 Set 2022
E porque não?
Ana Andrade e José Miguel Urbano, sobre a formação de Voluntariado Missionário do CMAB
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Já devem ter ouvido muitos testemunhos sobre discernimento que acabam a dizer um “sim” a um grande projeto. No entanto, por vezes esquecemo-nos do quão importante é discernir para dizer um “não”. É disso que se trata este testemunho.

Ao longo do nosso namoro, fomos percebendo que Deus nos chamava a um casamento marcado por um espírito missionário: movido pela evangelização, desprendido de confortos desnecessários e aberto ao acolhimento de quem mais precisa. Começar o primeiro ano de casamento numa missão em Moçambique parecia encaixar que nem uma luva. Foi por isso que iniciámos a formação missionária do CMAB.

Desde o princípio que nos aconselharam a encarar a formação como um caminho que nos ajudasse a perceber se era esta a vontade de Deus para nós. Ainda que tivéssemos essa consciência, na prática, planeámos tudo como se a decisão já estivesse tomada. E, na verdade, é o que acontece sempre que nos preparamos para qualquer coisa, não é? Começamos um curso a achar que vai ser a nossa profissão. Começamos um namoro a achar que vai ser com aquela pessoa que vamos casar. Ainda que, em teoria, saibamos que pode não ser aquele o caminho, temos uma expectativa que nos encanta e nos motiva. Talvez por causa desse encantamento demorámos um bocado a colocar a hipótese de não irmos em missão.

Apesar deste carisma missionário nos ter motivado a começar a formação, desde o princípio que sentíamos que havia alguma coisa que não encaixava com o que tínhamos pensado inicialmente. Víamos que era um bom projeto de voluntariado, mas não nos identificávamos com a sua abordagem. Inicialmente, não dávamos muita importância a esta “pedra no sapato”, mas, com o passar do tempo, vimos que a pedra já começava a dificultar a nossa caminhada. Era preciso parar e perceber porque é que estávamos a fazer a formação, indo além do encanto inicial.

Não há ventos favoráveis para um barco sem rumo, por isso recordámos a finalidade deste percurso: partir para uma missão que servisse de preparação para a missão maior - o casamento. Era preciso identificar as condições necessárias que nos permitissem garantir que íamos viver a missão secundária em função da principal e não o contrário. Como nos adverte Santo Inácio, há uma diferença entre bem, aparência de bem e o bem maior. Se o Projeto Salama começasse a pesar tanto na nossa balança ao ponto de prejudicar a missão principal, correríamos o risco de, ainda que bem-intencionados, estarmos a dar a Deus menos do que poderíamos ou deveríamos.

Nesta fase do nosso processo foi muito importante um método inspirado nos escritos deste santo: a conversação espiritual. Rezámos sobre o assunto em separado, partilhámos o que foi revelado a cada um em oração e depois voltámos a rezar a partir dos frutos da conversa. No final, acabámos por perceber que as condições que tínhamos definido como necessárias não estavam garantidas: não só a nossa expressão evangelizadora era diferente da do projeto, como verificámos que as implicações práticas da ida para Moçambique nos levavam a abdicar de pressupostos que, para nós, tinham que estar garantidos.

Quando chegou a altura de dar o nosso “não” e nos foi dito que não poderíamos ir em missão naquele ano, vimos um sinal de confirmação do nosso discernimento. Apesar de não ter terminado da forma esperada, este caminho não acabou em tristeza. Mais do que a nossa expectativa queríamos fazer a vontade de Deus e ao levarmos este “não” à oração, pudemos encará-lo como aquilo que Ele queria para nós.

Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 08 de setembro de 2022.

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