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Paulo Gabriel Souto | Renata Rodrigues (Igreja Viva) | Braga| 5 Jan 2023
Esperança por um tempo de Paz
Sorrisos, cordialidade e fé numa realidade muito dura e precária. Este foi o ambiente de acolhimento que o Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, experimentou durante a Visita Pastoral que fez à Diocese de Pemba, na província de Cabo Delgado, em Moçambique.
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  © CMAB | Pemba, Moçambique

A visita aconteceu entre os dias 11 e 22 de dezembro de 2022, em articulação com o atual bispo de Pemba, D. António Juli asse, os missionários e o presbitério local. Atualmente quatro seminaristas de Moçambique estão no Seminário Arquidiocesano de Braga.

A coordenação do Projeto de Cooperação Missionária entre as Dioceses de Braga e Pemba está está a cargo do Centro Missionário Arquidiocesano Braga (CMAB).

[Igreja Viva] Pode contar-nos como foi a receção??

[D. José Cordeiro] Esta experiência foi uma bênção. Uma graça na missão e nesta cooperação da Diocese de Pemba com a Arquidiocese de Braga, que desde 2014 se vai solidificando com tantas partilhas humanas, pastorais, espirituais e económicas e do desenvolvimento integral. Porque a missão, do modo especial, ali, naquele contexto, Cabo Delgado, exige este esforço. É ir ao encontro das realidades e das problemáticas, da promoção da mulher, da educação integral, da higiene, da saúde, de tantos caminhos a percorrer numa igreja ministerial ali já presente.
A convite de D. António Juliasse, bispo de Pemba, o acolhimento foi extraordinário e as várias experiências vividas nestes dias de Advento fazem-nos também esperar um mundo novo ali e esperar sobretudo um tempo de paz.

[Igreja Viva] Qual foi a primeira impressão da missão?

[D. José Cordeiro] Impressionou-me muito, por exemplo, na visita a um dos campos de refugiados, em que as pessoas pediam-nos para interceder junto das organizações humanitárias e ali presentes, junto às autoridades civis, em alimentação, em sabão, em sementes e outras necessidades. Mas uma senhora levantou-se e pediu-me que rezasse pela paz. Dizia que não queria fazer nenhum outro pedido, a não ser que rezasse pela paz, para a paz do coração de cada pessoa, para que tenham capacidade de perdoar uns aos outros, naquele sistema que ali se vive, de terrorismo, de instabilidade.
Precisamos que ao mesmo tempo que aqueles que têm a responsabilidade no governo, encontrem os caminhos para a paz e a reconciliação em ordem a um desenvolvimento integral daquelas pessoas que estão desejosas de viver a vida com serenidade, com alegria e que possam sonhar um novo mundo, também de esperança e de inteira relação cultural/ geracional, num ambiente de maior serenidade.

[Igreja Viva] É uma realidade muito distante da nossa...

[D. José Cordeiro] É uma realidade bem diferente e já com a diversidade dos ministérios, na unidade da missão. É este o desafio também para nós, aqui e agora. A paróquia, que nos está confiada, de Santa Cecília de Ocua, tem 98 comunidades e é articulada em 17 zonas pastorais. Estão já bem implementados os vários ministérios zonais e paroquiais, nos vários serviços da liturgia, da caridade, da evangelização e a equipa missionária que neste momento é constituída por dois padres, o Padre Manuel Faria, aqui da nossa Arquidiocese e o Frei António, um capuchinho de Moçambique e com mais duas leigas, a Fátima e a Joana.

[Igreja Viva] Como é o trabalho?

[D. José Cordeiro] Elas coordenam um pouco a vida da comunidade mais alargada da paróquia propriamente dita. Mas, em termos celebrativos, algumas comunidades têm uma, duas, três vezes ao ano, consoante as possibilidades. Mas não deixam de se encontrar para escutar a palavra, para rezar, para encontrarem juntos a melhor forma de poderem viver a fé e também de partilharem os bens e ao mesmo tempo desenvolverem as terras, a sustentabilidade das suas famílias, com um equilíbrio maior, com uma nova forma de se organizarem e com a harmonia possível naquele contexto em que se vive em Cabo Delgado.
Mas é uma enorme missão e é um grande dom reconhecido pela Diocese de Pemba e que nós gostaríamos muito de consolidar em vários projetos que agora também juntos sonhamos. Desde a presença de dois jovens aqui na Jornada Mundial da Juventude, a vinda de algumas religiosas e de alguns leigos. Como já estão aqui quatro seminaristas, o intercâmbio entre os padres e uma maior articulação naquilo que que nos é possível entre a Arquidiocese de Braga e a Diocese de Pemba.

[Igreja Viva] Nas fotos vemos uma grande alegria nas pessoas ao recebê-lo e pelo o apoio da Igreja.

[D. José Cordeiro] Impressiona muito a alegria das crianças e, de um modo geral, de todas as pessoas, ao mesmo tempo que vivem esta inquietação da situação de instabilidade em Cabo Delgado. E algumas pessoas tentam, neste tempo de tréguas em que eu vivi lá, e espero que possa continuar, encontrar maior motivação humana e espiritual para a esperança, para as suas famílias, para o trabalho, para o cultivo das terras, para a educação dos seus filhos, para procurarem outros caminhos de vida.
Porque é uma realidade contraditória, porque se toca o extremo da pobreza com a riqueza da natureza e os dons que a própria natureza oferece, com a informação que já passa pela mão de todas as pessoas, pelo uso do telemóvel, da internet, mesmo sem energia, sem electricidade (a energia vem através dos painéis solares e de outras formas criativas).

[Igreja Viva] O que é importante neste sentido?

[D. José Cordeiro] Que eles sintam pertença. Está, e pouco a pouco, cada vez mais ultrapassado o sentido de paternalismo ali na missão. Mas sendo eles conscientes de que são pedras vivas na construção do edifício espiritual que é a comunidade cristã. A par disto é também o desafio do diálogo inter-religioso, porque a maioria das pessoas que vive naquela região são muçulmanos, mas há um são convívio nas comunidades onde nós estamos. 
É uma boa presença a nossa ação junto deles, porque no que se refere à parte social e ajuda humanitária, ajudamos a todos. Não se faz distinção de ninguém, de qualquer religião ou de qualquer pertença de que grupo seja, porque estamos ao serviço de todos e, do modo especial, daqueles que mais precisam. O trabalho em articulação com as autoridades locais e com outros organismos de saúde e de educação tem feito com que muitas crianças, mas sobretudo adolescentes e jovens, possam ir para outros lugares, outras cidades e vilas, estudar e encontrar outras possibilidades de dar sentido pleno à sua vida.

[Igreja Viva] Há alguma pessoa ou facto que destacaria?

[D. José Cordeiro] São muitos os momentos. Já destaquei aquela senhora num campo de refugiados. O pedido insistente de oração pela paz quando ela passa por outras necessidades materiais. Mas sobretudo, é esse sorriso das crianças e também o acolhimento dos mais velhos da comunidade, como fizeram alguns nas suas próprias casas, e nas várias celebrações que tivemos, apesar do muito preenchido programa pastoral para aqueles dias. Depois também o contacto e a relação com outros missionários e missionárias de outras paróquias e até de outras dioceses. Tivemos essa graça, apesar do tempo muito limitado, foi possível esse diálogo e esse encontro. É de experimentar in loco os desafios e as possibilidades e também as limitações da missão bem concreta.

Trechos das cartas enviadas pela comunidade a D. José Cordeiro

“Juntos desta, queremos dar o nosso agradecimento às equipas missionárias de Ocua e Chiúre, que de forma directa tem dado o seu contributo no apoio moral e material às famílias deste centro.
Queremos ainda exprimir a nossa dor neste vale de lágrimas, ao vivermos longe das nossas propriedades e pior ainda, ao relento e com grandes necessidades tais como: lonas e utensílios domésticos favoráveis. O centro tem um único furo de água para abastecer um número maior deste precioso líquido”
Centro de reassentamento do bairro 25 de Nacivare

“Estamos muito ansiosos por recebermos uma visita muito brilhante e cheia do Espírito Santo. Embora com altas deficiências que estamos a enfrentar nesta Paróquia, em particular na zona de Ocua Posto. Nós gostamos muito do contrato que fez o Bispo D. Lisboa com a diocese de Braga acerca do assunto dos padres, que a paróquia de Ocua assim como suas zonas vinham sofrendo na falta de padres. Por isso queremos que seja assim para sempre, por dizer, que este amor ou esta amizade em Deus não pode acabar.”
Paróquia Santa Cecília Zona de Ocua Posto (Quemela, Posto e Napuco)

“É com grande alegria que nos dirigimos a vós Sua Reverendíssima e Excelentíssimo Senhor Arcebispo, que vos encontreis de visita nesta imensa comunidade paroquial, que constitui momento de comunhão, reflexão numa circunstância tão especial e significativa como esta e que o Senhor Arcebispo presta e continua a prestar o vosso generoso serviço evangelizador, uma sincera e profunda palavra de gratidão por todo o bem que realiza em prol do desenvolvimento da Missão de Cristo...
Agradecemos de um modo geral à Arquidiocese de Braga pelo trabalho e empenho, no envio de Missionários a esta Paróquia, fruto que leva o aprofundamento e maturidade da fé no anúncio do Evangelho... Visite-nos até mais vezes.”
Centro de Mahipa

Entrevista publicada no Suplemento Igreja Viva de 05 de janeiro de 2023.

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