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18 Abr 2020
Sábado da Oitava da Páscoa
Homilia no Paço Arquiepiscopal
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Estamos a chegar ao fim deste dia de Páscoa estendido por uma semana. Sabemos que ela não é simplesmente um dia de festa entre tantos outros. É, de verdade, a “festa das festas”, a “solenidade das solenidades”. Sto. Atanásio chamava-lhe “o grande Domingo”. Ao olharmos para o modo como os apóstolos e as mulheres que acompanharam Cristo a viveram, é muito espontâneo aceitar que não se trata de algo fechado em si, a contemplar somente na interioridade. A Páscoa é movimento, dinamismo. Parecia que os primeiros discípulos estiveram mergulhados na contemplação intimista do que tinha acontecido, sobretudo daquilo que consideravam uma derrota e uma tremenda ilusão pessoal, provocada pela morte daquele a quem tinham entregue a vida. A tristeza tinha tomado conta de todos. Mas, em simultâneo, muitos deles iam do sepulcro para casa, saíam de Jerusalém talvez rumo ao desconhecido. E assim foram compreendendo que a morte era o início de uma vida nova que deveria acontecer. O sepulcro vazio de Cristo foi-se enchendo da responsabilidade de partir para anunciar a alegre notícia de Deus que quer continuar com a sua tenda montada na história da sua Humanidade.

O Evangelho de hoje acolhe a ordem de Cristo: “Ide por todo o mundo e proclamai o Evangelho a toda a criatura”. Jesus, durante os quarenta dias do tempo pascal, foi aparecendo e conversando, ultrapassando as dúvidas e preparando os corações para que, com o Espírito Santo, partissem pelo mundo a anunciar uma Boa Nova. Nos últimos tempos temos procurado transmitir a todos os cristãos esta ordem de Cristo. Verificamos que a Igreja se torna mais dinâmica e interventiva. Não são os outros que devem construir a história. Sabemos que nos últimos dois mil anos os cristãos não temeram aceitar os desafios da Evangelização. Percorreram os caminhos de sempre e descobriram estradas novas para fazer com que o Evangelho fosse fermento de uma sociedade melhor. Procuram fazê-lo de muitos modos para incarnar, inculturar a Palavra evangélica nos contextos culturais mais diversificados. Não foi fácil. O que é certo é que foi surgindo uma cultura com a marca cristã. Hoje toca-nos a tarefa de fecundar esta nova cultura que, até há pouco, parecia ter contornos mais ou menos definidos, mas que agora nos vai reservar muitas incógnitas. Parece que uma cultura desmoronou ou que vai desmoronar e ainda não sabemos onde nos iremos situar.

Uma coisa parece certa e o cristianismo parte em vantagem. Sempre falamos da igualdade das pessoas e da solidariedade perante o dever de reconhecer o destino universal dos bens. Sempre se falou da solidariedade. Esta hoje vai ter novos desenvolvimentos. Continuamos com um mundo muito desigual, permitindo que a maioria dos bens esteja nas mãos de uma minoria. Sabemos que a fome ainda está no nosso quotidiano, por muito que nos custe e, sem pessimismo, talvez seja para agravar a situação. Há muita gente a passar dificuldades económicas, que já vivem preocupada com o dia a dia por causa da falta de trabalho. O futuro parece ser negro para muitas pessoas. Não precisamos de doutrinas novas. É necessário que mostremos a novidade da doutrina social, que bem ensinada e vivida, terá a capacidade de alterar o ritmo da sociedade. Evidentemente que não podemos pregar para a fora. Teremos de mostrar que é verdade aquilo que ensinamos.

S. Pedro, na primeira leitura, diz-nos que não podemos calar o que vimos e ouvimos. Esta é a nossa missão. Fazer com que a Igreja seja uma proclamação coral, que muitas vezes se deverá revestir da forma de denúncia, de tudo o que é injusto. O Papa Francisco dizia, há dias, que “no silêncio das nossas cidades ressoará o Evangelho da Páscoa”. S. Pedro tinha sido proibido terminantemente de falar e de ensinar em nome de Cristo. Não temeu. Sabia que a verdade era para ser proclamada e arriscou tudo.

Antes de terminarmos esta semana pascal, permiti que vos diga que Cristo quer contar com cada um para esta missão de ir e proclamar no meio da sociedade. Em primeiro lugar, teremos de reaprender o alfabeto da compaixão. Sofrer com os outros para agir permanentemente em solidariedade dentro da Igreja, que não está a falar desta temática só agora. A sua história nunca andou por outros lados. Hoje teremos todos de nos sacrificarmos para podermos partilhar e lutar para que todos e cada um trabalhem com consciência no lugar onde se encontram. Com muito ou com pouco, só com as migalhas de cada um conseguiremos encontrar pão para todos. Ninguém pode ficar de fora.

 

† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz

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