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O Papa Francisco responde a cem questões de pobres de todo o mundo num novo livro-entrevista, publicado esta sexta-feira em italiano.
As cem perguntas, segundo a Vatican News, “resumem mil”, enviadas por pobres de todo o mundo, como “crianças das favelas brasileiras e mulheres das planícies indianas, crianças do deserto iraniano e americanos sem-abrigo, prostitutas asiáticas e famílias malgaxes”.
De acordo com a notícia, o livro ‘Em diálogo com o mundo’ (título da edição italiana, editada pela Corbaccio) resulta de “quatro longos encontros” de Francisco com pequenos grupos de sem-abrigo e trabalhadores precários da Associação Lazare, na Casa de Santa Marta – onde o Papa reside.
Christian, Ricardo, Philippe, Manoli, Diana, Jesús, Charlotte, Orelio, Alain atuaram como porta-vozes dos pobres de 80 países, que dirigiram suas perguntas ao Papa por meio de Lazare e cerca de vinte associações e ONG dos cinco continentes, como Fidesco ou Enfants du Mékong, informa o Vaticano, acrescentando que os direitos de autor revertem em favor destas instituições.
O Santo Padre apresenta-se como “um homem comum”, brinca com o seu mau acordar – descreve-se como um “zombie” na primeira meia-hora do seu dia – e recorda episódios da sua juventude em Buenos Aires, onde chegou a namorar antes de seguir a vocação religiosa como jesuíta.
Além das questões pessoais, as perguntas abordam a relação entre pobreza e sociedade de consumo, a riqueza do Vaticano ou o papel da Igreja Católica no combate às injustiças.
Em resposta à pergunta “quanto ganha o Papa?” – colocada por Chandni, da Índia –, o Santo Padre disse que não ganha “nada” e esclareceu que é “sustentado”. “se precisar de alguma coisa, peço. Dizem-me sempre que sim, na verdade”, acrescentou.
Francisco afirmou que é “bonito” poder andar de “bolsos vazios” mas sublinhou, no entanto, que esta é “uma pobreza fictícia”, porque não lhe falta nada.
O Papa criticou ainda os membros do clero que têm “carros de luxo” e que assim, “longe de dar o exemplo da pobreza, deem os testemunhos mais negativos”.
O líder da Igreja Católica explicou também que alguns dos seus críticos o chamam “comunista”, mas assume que a solução para as desigualdades “só pode vir dos movimentos populares”.
P. Paulo Alexandre Terroso Silva
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