«Onde estás? [...] Que fizeste?». A palavra bíblica confronta-nos com a desobediência de Adão e Eva, relato poético que anuncia as nossas infidelidades. E também exorta a não desanimar, pois recorda a existência de uma «graça mais abundante». Em Deus «está o perdão [...]. No Senhor está a misericórdia». Há, contudo, um alerta precioso a «quem blasfemar contra o Espírito». Apesar da fragilidade, o cristão esforça-se por não ficar preso às «coisas visíveis». Deixate envolver pela ação do Espírito Santo, que renova o ‘interior’ e te faz participante da morte e ressurreição de Jesus Cristo. Unidos, no acreditar e na prática do dia a dia, tornamo-nos familiares: «Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe».

A «graça mais abundante» é talvez o perdão de Deus. Não há amor sem perdão! Estão acoplados um ao outro. A grande prova temo-la de Deus, sempre transbordante de misericórdia. Este ‘episódio’ ensina-nos que a renovação começa pelo ‘interior’, pela docilidade que permite ao Espírito Santo transformar a nossa e a vida da comunidade. Ao mesmo tempo que acolhemos a ‘graça’, reconhecemos também as nossas fragilidades e a importância de nos abrirmos ao perdão, deixar-se abraçar pela misericórdia divina. «O perdão não é fruto dos nossos esforços, mas uma dádiva, um dom do Espírito Santo, que nos enche do lavacro de misericórdia e de graça que brota incessantemente do Coração aberto de Cristo Crucificado e Ressuscitado» (Papa Francisco).