V DOMINGO DA QUARESMA, ANO A

Aquele que se apresentou à samaritana como oferente de água viva, que junto do cego declarou ser a luz do mundo, manifesta-se hoje como a ressurreição e a vida. Jesus Cristo remove a pedra dos nossos túmulos e chama-nos à vida eterna.

AMOR GRATUITO

A morte de Lázaro tem a aparên­cia de um facto irreparável: está sepultado, morto há quatro dias. Parece que não há nada a fazer! A partir deste facto, supostamente irreparável, aprendemos a decifrar a identidade de Jesus: primeiro, a sua humanidade, na dor pela perda de um amigo; depois, emerge a identidade divina, confirmada, entre outras, pela oração: «Pai, dou-te graças, porque me ouviste. Eu sabia que sempre me ouves, mas disse­-o por causa da multidão que me rodeia, para que acreditem que Tu me enviaste». O que diz e faz é para reforçar a nossa fé, para propor­cionar a abertura do nosso ser à abundância do amor e da vida.

O poder maior do que a morte resu­me-se na palavra amor.

Acreditar em Jesus Cristo não signi­fica receber uma vitalidade qual­quer, mas participar da vida eterna, pelo Espírito Santo que habita em nós. Tamanho dom não nos pode deixar indiferentes. Abrem-se em nós possibilidades sem precedentes. E tudo a partir da força do amor pleno e eterno de Deus.

Cada encontro que nos é dado viver é sempre uma nova oportunida­de para fazer o bem, em especial quando estamos diante dos mais descartados da sociedade. É preciso remover as pedras e abrir os túmu­los da marginalização e da indi­ferença. Este é um primeiro passo para a prática da esmola: remover de dentro de nós a desconfiança e a indiferença que conduz à morte, a fim de que a vida floresça em nós e a partir de nós chegue a todos, sem discriminações.

Esta semana, vamos treinar o amor que vence a morte, o amor gratui­to que nos abre à maneira de ser e de agir de Deus, que sempre nos dá o melhor de si mesmo. Onde há amor, aí habita Deus! Colocar Deus no centro da nossa vida consiste em assumir o esforço concreto do amor gratuito. A esmola significa a atenção ao outro, a disponibilidade para suprir as suas necessidades. Sem esperar qualquer recompensa. A verdadeira esmola nem sequer espera um “obrigado”.