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DACS com Vida Nueva Digital | 22 Jul 2022
María Lía Zervino: “Não somos as salvadoras da Igreja”
A argentina confessa ao "Vida Nueva" que foi um choque ser nomeada membro do Dicastério para os Bispos.
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  © DR

“Um choque”. Foi assim que ficou María Lía Zervino, presidente da União Mundial das Organizações de Mulheres Católicas (UMOFC), com a notícia que também abalou toda a Igreja Católica a 13 de Julho: o Papa Francisco nomeou, pela primeira vez, três mulheres como membros do Dicastério para os Bispos, o “ministério” vaticano que, com base nas informações compiladas pelas nunciaturas apostólicas, se encarrega de preparar os relatórios obrigatórios para que o Pontífice nomeie os bispos das dioceses.

Juntamente com a argentina Zervino, membro da Associação das Virgens Consagradas Servidoras, as outros escolhidos foram a freira franciscana italiana Raffaella Petrini, secretária-geral do Estado da Cidade do Vaticano, e a freira francesa Yvonne Reungoat, ex-superiora geral das Filhas de Maria Auxiliadora (Salesiana).

“Foi um choque. Nunca pensei que algo semelhante pudesse acontecer comigo. Sinto uma enorme gratidão para com Deus e para com o Santo Padre. Estou aberta à providência para ver o que é que agora temos pela frente. Gostaria apenas de ser um instrumento nas mãos de Jesus”, afirma Zervino em entrevista ao Vida Nueva na sede da WUCWO em Roma, a única reconhecida pela Santa Sé como associação pública internacional de fiéis e da qual fazem parte uma centena de organizações em todos os continentes que reúnem entre oito e dez milhões de mulheres.

“Procuramos sinergias e unimos as diversidades respeitando as peculiaridades de cada uma. A WUCWO funciona como uma pirâmide invertida, onde as organizações que a integram estão no topo. Aqui em Roma não nos dedicamos a coordená-las ou a dar directrizes para que executem, mas recolhemos as suas necessidades de formação e tentamos respondê-las e representá-las em instituições internacionais”.

 

Com “total liberdade”

Para o novo membro do Dicastério dos Bispos, a sua nomeação, assim como a de Petrini e Reungoat, significa continuar o que já acontece no primeiro nível de consulta ao escolher os bispos, quando “homens e mulheres dão a sua opinião ao núncio e participam no processo”. Nesses casos, se uma mulher afirma “de maneira bem fundamentada que um candidato é melhor não ser nomeado bispo, não acho que o processo vá adiante”, diz.

Embora a novidade não seja total nesse sentido, considera “histórico” que três mulheres estejam presentes na “última instância” antes de o prefeito do Dicastério, o cardeal canadiano Marc Ouellet, apresente o relatório final dos bispos ao Papa. “No fim, quem decide e os nomeia é o Santo Padre”, sublinha Zervino, que escreveu uma carta a Francisco agradecendo-lhe por lhe ter confiado essa responsabilidade.

Também falou com o cardeal Ouellet, a quem perguntou se havia alguma indicação particular que os três novos membros do Dicastério deveriam seguir e ele respondeu que elas tinham “plena liberdade”. Também lhe disse que tanto ele quanto o Papa estavam “muito felizes” com estas nomeações.

 

Outro olhar

Ao explicar o impacto que terá a decisão de pela primeira vez haver três mulheres que podem opinar na última fase da eleição dos bispos, a consagrada argentina faz uso de uma anedota do passado.

“Quando o Código de Direito Canónico teve que ser reformado para o adaptar ao Concílio Vaticano II, foi criada uma comissão que trabalhou durante anos sem chegar a um resultado concreto, porque não conseguia resolver os diferentes problemas que enfrentavam. No fim, num gesto desesperado, duas mulheres foram admitidas na comissão e em poucos anos conseguiu-se a actualização do Código de Direito Canónico”.

Essa mudança não se deu pelo facto de as especialistas escolhidas serem “geniais”, mas porque puderam contribuir com um “ponto de vista diferente, uma forma diferente de olhar a realidade, de enfrentar problemas e procurar soluções”.

Essa experiência leva a presidente da WUCWO a considerar que teria sido muito mais apropriado incluir mulheres na comissão desde que esta começou o seu trabalho. “O mesmo deve acontecer em todas as estruturas eclesiais”, conclui.

 

Sem gestos cosméticos

Directa e sem evitar perguntas, esta mulher de Buenos Aires não tem problemas em deixar uma resposta sincera para quem considera a Igreja Católica uma instituição machista ou clericalista: “Vocês têm razão, mas estamos a mudar”. Essa transformação que, na sua opinião, está a ser vivida mesmo ao mais alto nível, leva-a a afirmar que a sua nomeação, a de Petrini e Reungoat não é uma decisão cosmética.

“No pontificado de Francisco não há gestos cosméticos. São gestos que expressam uma profundidade enorme, que devemos saber interpretar e, com as devidas distâncias, também tentar imitar. Se a partir de agora as mulheres podem colaborar na última instância do processo para que o Papa decida sobre a nomeação de bispos, que é uma etapa fundamental no governo da Igreja, como dizer não à presença de mulheres em tantas outras instâncias da Igreja? É claro que devemos e podemos estar lá. Agora cabe aos bispos seguir este exemplo”.

Jorge Mario Bergoglio, que foi o seu arcebispo em Buenos Aires e que conhece desde o momento em que os dois se conheceram na Conferência Episcopal Argentina, onde esta consagrada presidiu à comissão nacional de Justiça e Paz, foi “excelente” no trato com as mulheres.

 

Prudentes e com coragem

“Tanto agora como Papa, como quando era cardeal, sempre mostrou que o que diz, faz. Como Bispo de Roma, deixou claro desde o início que as mulheres não devem ser apenas catequistas, colaborar na Cáritas ou serem excelentes mães de família, mas também estar nos espaços de decisão. E ele está a cumprir”, diz a Bergoglio agradecida, explicando que “se confundiria” quem acreditasse que ela é “amiga” do Papa.

Essa “impressão” com que Francisco está a levar leva adiante o navio da Igreja é a que, segundo Zervino, deve ser levado em conta na escolha dos futuros bispos.

“Devemos começar por procurar a santidade, não só para os pastores, mas para todos nós: religiosos, leigos, sacerdotes… Devemos procurar pastores que respondam ao que o mundo de hoje exige: que sejam humildes, criativos, compreensivos, ouçam e tenham misericórdia. Esses são os traços que devem ser destacados num bispo, que deve ser prudente e mostrar muita coragem”.

Artigo de Darío Menor, publicado em Vida Nueva Digital a 22 de Julho de 2022.

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