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“Pedimos às autoridades que implementem políticas de imigração completas e justas, que garantam os direitos humanos destas pessoas em trânsito, ao mesmo tempo em que instamos a sociedade peruana a deixar de lado qualquer atitude de rejeição, xenofobia ou discriminação”, lê-se no Apelo da Conferência Episcopal antes do Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados.
O dia, celebrado pela primeira vez em 1914, acontece todos os anos no último Domingo de Setembro para expressar apoio às pessoas que são forçadas a fugir das suas casas e para encorajar os católicos em todo o mundo a lembrarem e rezarem pelos deslocados por conflitos e perseguições.
A humanidade deve construir o seu futuro com a ajuda de pessoas que deixaram as suas casas em busca de uma vida melhor, disse o Papa Francisco na sua mensagem “Construir o futuro com migrantes e refugiados”, por ocasião do 108º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, este ano celebrado a 25 de Detembro.
Os bispos católicos peruanos observaram como a pandemia de COVID-19 aumentou as diferenças sociais e económicas no Peru, sendo que os “migrantes, refugiados e requerentes de asilo viram a sua qualidade de vida comprometida, como o acesso a direitos à saúde, alimentação, trabalho, entre outros”.
Os bispos peruanos disseram que “a construção do Reino de Deus requer a presença e a participação de todos os seus filhos e filhas” e exortaram os cidadãos “a saberem reconhecer a contribuição que os migrantes e refugiados trazem às sociedades”.
O apelo dos bispos católicos peruanos também ocorre em virtude da crise política de 10 de Agosto para o presidente Pedro Castillo e o Congresso.
A crise gira em torno da aprovação da “Lei de Migração 1350”, que amplia os critérios de deportação, permitindo a expulsão de migrantes não documentados e migrantes que não tenham o regime completo de vacinação da COVID-19.
A maioria dos migrantes afectados por esta nova lei são venezuelanos, que são mais de 1,32 milhões e representam a maior parcela de migrantes não documentados no Peru, que abriga a segunda maior população mundial de refugiados e migrantes venezuelanos depois da Colômbia, segundo a o Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas (ACNUR).
Embora o número de migrantes da Venezuela seja superior a um milhão, a Comissão Especial do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Peru informa que houve apenas 531.000 pedidos de reconhecimento do estatuto de refugiado que lhes foram apresentados.
O ACNUR também informa que, embora o governo peruano tenha trabalhado periodicamente para regularizar a população venezuelana com livre mobilidade, acesso a cuidados de saúde de emergência, emprego e educação independentemente da documentação, muitos na realidade enfrentam discriminação entre os cidadãos e a retórica anti-Venezuelana dos políticos durante as eleições.
Em 2020, o Ministro do Interior chegou ao ponto de pedir uma nova força policial apenas para combater os crimes cometidos por migrantes.
De acordo com o último relatório semestral do ACNUR Peru (Janeiro a Junho de 2022), 14 projectos de lei relacionados com a mobilidade humana foram apresentados no Congresso peruano. Destes, seis visam alterar a Lei de Migração em questões como as obrigações dos estrangeiros no Peru e o direito de acesso à habitação.
Se aprovados, pelo menos 400.000 venezuelanos estariam em risco, afirma o relatório.
Outros cinco projectos de lei buscam estabelecer diversas restrições, como expulsões imediatas e restrições ao trabalho.
No entanto, existem três projectos de lei que beneficiariam os refugiados e migrantes no Peru, pois tratam do acesso à justiça e da protecção de mulheres e meninas sobreviventes de violência sexual e de género.
Os bispos católicos no seu apelo também pediram aos cidadãos que se lembrem dos migrantes peruanos que vivem no estrangeiro.
“Como bispos do Peru, unimo-nos em oração aos mais de 3 milhões de compatriotas que residem no estrangeiro e aos milhares de deslocados internos, encorajando-os a continuar, preservando e fortalecendo a sua fé, integrando, respeitando e enriquecendo as comunidades que os acolhem generosamente”, afirmaram.
Cerca de 90% dos venezuelanos no Peru dedicam-se a actividades económicas informais para se sustentarem.
Os bispos acrescentaram que se solidarizam categoricamente com todos os migrantes de várias nacionalidades presentes no Peru, particularmente os migrantes e refugiados venezuelanos.
De acordo com a edição de Setembro do Boletim Pastoral da Mobilidade Humana da Conferência Episcopal, o êxodo venezuelano representa a maior crise migratória da história recente do continente, com 6 milhões de cidadãos forçados a deixar o seu país para procurar melhores condições de vida nos países vizinhos.
O agravamento da crise económica e política venezuelana só aumentou o fluxo de migrantes. Quase seis milhões de pessoas fugiram da Venezuela desde 2015, o equivalente a 20% da população do país, segundo um relatório da ONU.
Artigo do La Croix International, publicado a 23 de Setembro de 2022.
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