Arquidiocese de Braga -

8 julho 2022

Senhora da Misericórdia, Rainha da Paz, dai-nos a Paz!

Fotografia

José António Ribeiro de Lima Carneiro

Mensagem do Arcipreste de Fafe nas festas de Nossa Senhora de Antime 2022

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Em hora de aflição, de fome ou peste,
Ou talvez de invasão do inimigo:
Senhora do Socorro: nesta hora
Da maior aflição que nos consome,
Olha em roda de ti, e vê, Senhora:
E seja feita a graça do teu Nome…


Esta prece é parte de um poema dedicado a Nossa Senhora do Socorro, que se venera em Albergaria-a-Velha, escrito pelo poeta Correia de Oliveira, no longínquo ano de 1902. Mas podia muito bem ser de 2022. E também pode muito bem ser a prece que erguemos como um povo devoto de Nossa Senhora, que invocamos nestas nossas terras, há vários séculos, como Senhora da Misericórdia.

Felizmente, podemos este ano voltar a celebrar, em toda a grandeza e esplendor, a festa de Nossa Senhora de Antime. O impedimento da pandemia nos últimos dois anos, causando uma exceção histórica às nossas festas, não nos toldou o discernimento e só desafiou a criatividade para permitir a devoção de todos com os cuidados necessários a todos.

Já sem os maiores condicionalismos da pandeia, é com a habitual fé e devoção que o Povo de Fafe se confia a Nossa Senhora de Antime, com o coração filial e sempre sedento de sentir a ternura e a doçura Daquela que Jesus, na Cruz, nos deu por Mãe.
Infelizmente, os tempos que vivemos continuam a ser de grande aflição, ainda pela pandemia que continua a grassar as nossas vidas e agora, mais recentemente, também pela guerra que desgraça e arrasa tantas vidas e que é o ponto mais baixo da humanidade.
Quando pensávamos que acordava a bonança que sobrevém a cada tempestade, eis que a loucura e a malvadez interromperam a paz e a segurança das nossas vidas. A maldade humana aliada à avidez do poder, de costas voltadas para Deus, semeia destruição, fome, morte indiscriminadamente.
A guerra da Rússia à Ucrânia não é só um problema deles, não pode cair no esquecimento nem numa normalidade passiva com o passar dos dias de conflito. Porque, como diz o Papa Francisco, a guerra é a falência da humanidade. E nós não podemos pactuar com essa falência coletiva. Não nos faltarão as forças para rezar e trabalhar pela paz.

Ao longo destes dias sentindo de forma especial e mais intensa a presença, a solicitude maternal é hora de nos voltarmos para a Mãe. Nossa Senhora da Misericórdia de Antime que tantas graças e proteção tem permitido acontecer, por graça divina, a tantos de nós, acolha a nossa oração unânime e confiada: Rainha da Paz, dai-nos a Paz.

Também confiamos com grande fervor o ministério episcopal de D. José Cordeiro entre nós. Neste domingo receberá na Sé Catedral o pálio que foi benzido e entregue pelo Papa Francisco. Segundo sua vontade já expressa, impedido de estar entre nós neste domingo de festa, sentirá no próximo ano in loco a devoção de um Povo que se confia a Maria e por ela se encaminha para Jesus.

 

Pe. José António Carneiro