Arquidiocese de Braga -

6 dezembro 2022

Bispo Titular de Dume e Auxiliar de Braga é apresentado à arquidiocese no dia de São Geraldo

Fotografia Avelino Lima

DACS com Francisco de Assis e Carla Esteves

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A Eucaristia solene em honra a São Geraldo, padroeiro de Braga, presidida pelo Arcebispo Primaz, D. José Cordeiro, ontem , dia 5 de dezembro, na Sé, tornou-se ainda mais especial com a apresentação do novo Bispo Auxiliar, D. Delfim Gomes, à comunidade arquidiocesana.

Estavam presentes também D. Nuno Almeida, Bispo Auxiliar,  D. Jorge Ortiga, Arcebispo Emérito de Braga e D. António Montes Moreira, Bispo Emérito da diocese de Bragança-Miranda, de onde veio D. Delfim. A celebração contou com autoridades civis e religiosas, entre sacerdotes, irmandades e confrarias.

D. José Cordeiro, que celebrou São Geraldo pela primeira vez, invocou a memória, mas sobretudo a ação missionária e evangelizadora do antigo Arcebispo de Braga, já que à época, a arquidiocese estendendia-se pelos territórios de Viana do Castelo, Vila Real e Bragança-Miranda.

“Reconhece-se a S. Geraldo o cuidado com o presbitério, a reforma dos costumes, a proximidade com o povo santo de Deus, pela visita pastoral e a fidelidade na administração dos mistérios de Cristo e da Igreja. O ministério episcopal de S. Geraldo foi marcado pela passagem da Liturgia moçarábica para a Liturgia Romana, promovendo a renovação litúrgica», enumerou D. José. S. Geraldo faleceu enquanto fazia visitas pastorais na zona de Vila Pouca de Aguiar.

O amor é político

Na sua homilia, o arcebispo citou o Papa Francisco que, na encíclica Fratelli Tutti, aborda como deve ser a política. “A política é a forma mais alta, maior, da caridade. O amor é político, isto é, social, para todos”.

E deixou perguntas “dolorosas” que os políticos poderiam fazer. Por exemplo, “quanto amor coloquei no meu trabalho? Em que fiz progredir o povo? Que marcas deixei na vida da sociedade? Que laços reais construí? Que forças positivas desencadeei? Quanta paz social semeei? Que produzi no lugar que me foi confiado?”.

A propósito do milagre da fruta, D. José disse: «A fruta multicolor e perfumada no altar de São Geraldo, evocando o milagre no declinar da sua peregrinação terrena, representa a possibilidade do impossível. Que seja o símbolo da abundância de dons de concórdia e de paz e como o nosso Santo Arcebispo sejamos artesão de justiça e de paz na nossa bela cidade, para que seja mais humana e mais fraterna com todos e cada um, especialmente com os que mais precisam nas problemáticas atuais de habitação, trabalho e desigualdades sociais», desejou, repetindo o apelo na capela de S. Gerado por todos os intervenientes.

 

Saudação de D. Delfim

Antes da bênção final, D. Delfim dirigiu-se à assembleia e prometeu dar-se e servir a Arquidiocese e a comunidade e pediu ajuda a Deus e a todos, para que não desvie do rumo.

D. Delfim Gomes lembrou o Advento como tempo de esperança e disse: “junto-me a D. José Cordeiro, ao D. Nuno Almeida e a todo o presbitério da Arquidiocese, com as irmandades e confrarias, a todos os setores da pastoral, da caridade ao profético e ao litúrgico, para que a transparência de Deus se faça notar pelo que somos e testemunhamos”.

Depois, citou o que o Papa Francisco escreveu sobre os bispos. “Os santos bispos – e há tantos na história da Igreja – mostram-nos que este ministério não se procura, não se pede, não se compra, mas acolhe-se em obediência, não para se elevar, mas para abaixar-se, como Jesus”.

“Venho para servir e me dar a esta arquidiocese. Servir e não ser servido. E se por descuido me desviar deste rumo, façam o favor de me corrigir. Dei-me e quero continuar a dar-me, aqui e agora nesta diocese. Porque é dando que se recebe”, disse, citando o seu próprio lema que tem como base a oração de S. Francisco de Assis.

D. Delfim Gomes agradeceu ainda “o acolhimento fraterno manifestado desde o dia 7 de outubro”, que o fez sentir-se em casa desde a primeira hora.

 “Alegre na missão, sou a partir de hoje um de vós e para todos de coração aberto”, prometeu. Já na homilia, o Arcebispo de Braga tinha dado as boas-vindas, desejando-lhe um “profícuo” trabalho na Arquidiocese.

 

“S. Geraldo e o Milagre da Fruta” 

As celebrações de São Geraldo já haviam começado pela manhã. As vozes das crianças do terceiro ano da EB1 da Sé fizeram-se ouvir na Sé de Braga, protagonizando a célebre representação de “S. Geraldo e o Milagre da Fruta”, a lenda que presta homenagem ao padroeiro da cidade de Braga, venerado pelas suas qualidades humanas e intelectuais.

Perante uma assistência composta por centenas de crianças da Sé e de várias outras escolas da cidade, além de professores, pais e familiares, a tradição voltou a cumprir-se em perfeito respeito pela lógica da história, numa representação onde não faltaram a música e os típicos figurinos coloridos.

Este ano, e pela primeira vez, a encenação contou com a presença do Arcebispo de Braga, D. José  Cordeiro. “O ‘Milagre da Fruta’ é aquele milagre da possibilidade do impossível. Em pleno inverno, numa aldeia do concelho de Vila Pouca de Aguiar, onde estava S. Geraldo e teve esse desejo das frutas antes de morrer, e aconteceu por milagre”, afirmou, salientando que “o milagre existe sempre com o contributo de todos”.

“Ver assim tantas crianças dá-nos uma esperança renovada. As crianças são o melhor do mundo. São o agora e o futuro», afirmou, acrescentando que “os mais novos com os mais velhos somos os grandes artesão da paz”.

Em palco estiveram três turmas do terceiro ano, tendo a professora Susana Pereira, do 3.º G. “Para eles é muito bom,  para que conheçam as tradições e as lendas da sua localidade e o nosso único desejo é sempre que corra tudo bem em palco e que os pais gostem”, afirmou.