Arquidiocese de Braga -

25 setembro 2015

Papa Francisco apela à compaixão pelos refugiados e condena pena de morte

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dacs

O chefe da Igreja Católica discursou perante as duas Câmaras do Congresso norte-americano.

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Papa Francisco fez hoje história ao ser o primeiro pontífice a discursar no Congresso norte-americano. Ao longo de 50 minutos apelou ao fim da pena de morte e do tráfico de armas, não deixando de parte a questão dos migrantes e das alterações climáticas.

Na sua intervenção, o Santo Padre abordou dois dos temas que entram em colisão com o defendido pelo partido Republicano, presença dominante no congresso: os migrantes e as alterações climáticas. Referindo-se aos Estados Unidos e à crise dos refugiados, lembrou que ele próprio, assim como muitos no Congresso, é filho de imigrantes. Manifestou a sua preocupação com a “crise dos refugiados”, pedindo “compaixão”.

“O nosso mundo está a enfrentar uma crise de refugiados de tais proporções que não se via desde os tempos da II Guerra Mundial. Esta realidade coloca-nos diante de grandes desafios e decisões difíceis”, destacou o Papa Francisco. O chefe da Igreja Católica realçou a necessidade de acolher imigrantes que vêm “à procura de melhores oportunidades” e alertou, ainda: "Não devemos recear pelos números, mas antes vê-los como pessoas, vendo as suas caras e ouvindo as suas histórias, tentando responder o melhor possível à sua situação. Respondendo de forma sempre humana, justa e fraterna."

 O Santo Padre manifestou, também, apoio aos bispos americanos que renovaram o pedido de abolição da pena de morte, reforçando que “cada vida é sagrada”. No seu apelo ao fim da pena capital – tema que divide a opinião dos norte-americanos - acrescentou: “Encorajo também todos aqueles que estão convencidos de que uma punição justa e necessária nunca deve excluir a dimensão da esperança e o objetivo da reabilitação”.

Relembrando os conflitos armados no mundo, questionou o porquê de se venderam armas letais “àqueles que têm em mente infligir sofrimentos indescritíveis a indivíduos e sociedade”. A resposta, disse, está no dinheiro “impregnado de sangue, e muitas vezes sangue inocente”. Procurou, assim, sensibilizar todos para a resolução do problema, por forma a deter o comércio de armas.

Bergoglio lamentou, também, o facto de muitos dos conflitos serem cometidos “até mesmo em nome de Deus e da religião”. “Sabemos que nenhuma religião está imune a formas de engano individual ou de extremismo ideológico. Isto significa que devemos prestar especial atenção a qualquer forma de fundamentalismo, tanto religioso como de qualquer outro género”, concluiu.

O Sumo Pontífice chegou na terça-feira a Washington, após passar por Cuba, numa visita que ainda o vai levar a Nova Iorque e Filadélfia.