Arquidiocese de Braga -
2 dezembro 2015
Carta aos amigos

CMAB
Pe. José Arieira, missionário comboniano na República Democrática do Congo
Paz e bem em Cristo Jesus Missionário do Pai!
No dia em que celebro o 41.º aniversário da minha ordenação sacerdotal, a partir de Kisangani quero enviar-vos um a abraço e agradecer a amizade e colaboração que encontrei junto de vós.
Depois de vários dias de viajem, cheguei finalmente à minha destinação: Postulantado “Maison Comboni”, Kisangani. Durante este tempo, tive a oportunidade de participar na ordenação sacerdotal de um missionário comboniano em Kinshasa e no funeral de outro missionário comboniano em Kisangani. Foram momentos muito intensos, sobretudo os 4 dias que precederam o funeral do Pe. Sérgio, missionário comboniano italiano, que trabalhou durante 40 na República Democrática do Congo.
Durante estes 9 anos que estive ausente de Kisangani, lugar onde trabalhei na formação dos postulantes combonianos e que agora volto de novo, muitas coisas mudaram. Kisangani é uma cidade em grande expansão, já não há a guerra, já não se houve tiros de canhão, as bicicletas táxis (toleka) deixaram quase de existir, para dar lugar às motos-táxi. As ruas principais são inundadas por pessoas, sobretudo jovens e crianças.
A nível de Igreja constata-se que há vida e juventude. As pessoas não estão a olhar para o relógio para ver quando a missa termina. As celebrações dominicais podem ir de 2 a 3 horas. Quando há celebrações especiais como as das ordenações, podem ir até 5 horas, como foi aquela que pude participar da minha chegada a Kinshasa.
Contudo as pessoas debatem-se com muitas dificuldades, como os 33 jovens que se encontram no Postulantado Comboniano “Maison Comboni” ou na paróquia que temos sob a nossa responsabilidade. Eles vêm de várias partes do Congo, de famílias cristãs, normalmente com muitas dificuldades, procurando cada dia fazer o milagre da multiplicação dos pães. O Seminário onde se encontram os postulantes (seminaristas) combonianos tem capacidade para acolher 20 seminaristas e atualmente encontram-se 33. Para isso foi necessário adaptar uma sala em minúsculos quartos para poder acolhê-los a todos. Enquanto em Portugal os seminários encontram-se vazios, aqui luta-se para que haja um espaço com mínimo de condições para acolhê-los.
O mesmo se pode dizer em relação à paróquia, Nossa Senhora Rainha dos Mártires (Malkia wa Mashaidi), que nos recorda os mártires da rebelião de 1964, que cresceu enormemente e que atualmente está com dificuldades para encontrar espaços para acolher o grande número de cristãos.
Neste meio onde fervilha a vida, a Igreja enfrenta o problema da formação dos agentes pastorais, das seitas religiosas, e que para isso nem sempre encontra os meios indispensáveis para tal formação.
Apesar de todas estas dificuldades, a vitalidade da Igreja está presente.
Desejo para todos vós um bom início de Advento e que possamos viver na alegre esperança da vinda do Salvador.
Um abraço amigo
P. Zé Arieira
Kisangani, 1 de dezembro 2015
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