Arquidiocese de Braga -
15 setembro 2016
Salama Braga!

CMAB
Davide Duarte, Margarida Carvalho e Jorge Vilaça | Comunidade Salama! Cooperação Missionária Braga-Pemba
Salama!*
Somos a Margarida, o Davide e o Jorge e fomos enviados, em julho passado, como equipa missionária da Arquidiocese de Braga para a Diocese de Pemba, Moçambique. Chegamos a Pemba no dia 01 de agosto e cá permaneceremos por 1 ano na missão de S. Cecília de Ocua.
Ao longo destas primeiras semanas de partilha de experiências imediatamente nos chama à atenção a fé das comunidades que temos encontrado.
A jovem Diocese de Pemba, com apenas 60 anos de existência, tem um território equivalente a Portugal continental; é 29 vezes maior que a Arquidiocese de Braga, tendo o dobro dos habitantes. Por outro lado, quanto à fé, a maioria é muçulmana, sendo o número de católicos 3 vezes inferior ao de Braga.
Perante este contraste, a assistência pastoral da Diocese de Pemba torna-se difícil de gerir (sobretudo pelas distâncias geográficas), sendo esta carência minimizada pela presença de missionários, consagrados e leigos. De facto, Pemba tem somente 26 padres (diocesanos e missionários), em comparação com os cerca de 400 existentes em Braga. É por isso uma igreja essencialmente confiada aos leigos.
Entre estes leigos está o Sr. Gabriel e sua esposa D. Delfina, atualmente coordenadores da Missão de Ocua que abrange 91 comunidades (paróquias), numa distância de 100km. Estes, em coordenação com os animadores das comunidades e catequistas, são responsáveis por manter acesa a chama da fé. O Sr. Gabriel e a D. Delfina têm ainda de percorrer, com frequência, dezenas quilómetros de caminhos para formações e reuniões diocesanas. O que move o este casal nesta sua entrega? De que é alimentada a fé destes cristãos? A sua fé justifica esta entrega e dedicação, assim como também a destes cristãos que tudo teriam para que esta se apagasse. Cada domingo, em todas as 91 comunidades de Ocua, na ausência de padre, reúnem-se os cristãos para celebrar a Palavra e comungar a Eucaristia.
É também da mesma fé que se alimentam os cristãos da comunidade de Minhouene, paróquia de Meza, com a qual celebramos nestes dias os 70 anos de fundação. Situada a 160km da capital, percorrendo 20km em terra batida, com condições de acesso extremamente difíceis, durante muitos anos sofreram as consequências, primeiro, da guerra e da perseguição e, depois, da falta de possibilidade de assistência de consagrados. Jesus Cristo ali permaneceu na comunidade cristã. Às vezes, imaginando a realidade de Braga nos perguntamos: uma comunidade cristã resistiria à ausência de sacerdote?
Devido ao extenso território da Diocese de Pemba e à carência de sacerdotes, as visitas pastorais às aldeias são feitas muito esporadicamente, tendo os cristãos por vezes de esperar durante alguns anos para receber sacramentos, como o Batismo. Recentemente, um sacerdote desta Diocese, por motivos de saúde, necessitou de adiar na mesma semana a visita pastoral numa das suas aldeias mais remotas na qual incluía a realização de 17 casamentos e 60 batismos. E se fosse nas nossas paróquias? Esperaríamos pacientemente?
Como estes exemplos, muitos outros semelhantes poderíamos contar. Estes são testemunhos de fé em Jesus Cristo e como Este toca o coração deste povo. No contexto de um país em vias de desenvolvimento acreditamos que é esta fé incondicional que lhes mantém a esperança de dias melhores.
Assim nos despedimos, por agora. E, como desde sempre se disse em Moçambique, “estamos juntos”!
*Salama! é a saudação habitual entre os povos do norte de Moçambique. É também o nome atribuído ao projeto de cooperação missionária entre a Arquidiocese de Braga e a Diocese de Pemba.
Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 15 de setembro de 2016.
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Igreja Viva 15 setembro 2016
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