Arquidiocese de Braga -
16 julho 2020
Férias e Missão e Desconfinamento
Gabriela Poças
Gabriela Poças, leiga voluntária missionária
Na maioria das famílias vive-se já o tempo de férias, as férias escolares.
Como poderemos nós viver melhor as nossas férias?
Somos nós que decidimos o que fazer, ou deixamos correr este tempo precioso ao sabor do vento ou das sugestões das agências (ou bloggers) de viagens.
“Um tempo de qualidade espiritual e humana é tão ou mais importante que o tempo para dormir ou não fazer nada”, escreve Pe. António Valério sj, jesuíta e diretor da Rede Mundial de Oração do Papa em Portugal, no artigo “Viver bem as férias” de 2018, que aconselho a ler (ou reler).
Uma sugestão para aumentar este tempo útil de férias seria fazermos umas férias dos dispositivos móveis. Será que conseguimos ter férias das redes sociais, dos e-mails, das mensagens instantâneas? Quanto tempo gastamos, durante o ano, e quanto dele podíamos aproveitar nas férias só para estarmos connosco e com os outros, em família?
Fui convidada para escrever este artigo sobre as férias. Quem me convidou sabe que as férias são tão importantes para mim como o meu trabalho. Viver bem as férias ajuda-me a viver melhor o dia-a-dia e o trabalho. Por isso gosto de as planear com objetivos e modalidades diferentes: férias de aventura, férias culturais e interculturais, férias sustentáveis, férias missionárias, férias para visitar amigos.
As minhas férias de 2018 tiveram um pouco dos últimos: fui visitar o meu amigo Pe. Paulino Carvalho e a sua família (a equipa missionária), à paróquia de Santa Cecília de Ocua, na Diocese de Pemba, em Moçambique. Fui como amiga, como missionária, e aberta a conhecer novas culturas e novas formas de estar e de ser Igreja.
Nestas e noutras férias, o que eu acho importante, mais do que o que podemos levar para estas pessoas que visitamos, é tentar descobrir o que precisam realmente e tentar tornar a nossa visita sustentável: em vez de levarmos na mala esferográficas e cadernos para oferecer, e que as pessoas podem não precisar, podemos comprar produtos locais necessários ou comprar recordações de produtores e artesãos locais. Desta forma, são umas férias mais sustentáveis e solidárias.
Mas não é necessário ir até Moçambique para fazermos umas férias missionárias: há projetos e organizações no nosso país com quem podemos colaborar pontualmente ou de uma forma mais regular. O tempo de férias pode ser um tempo de missão esporádica ou de aperfeiçoamento da missão de todos os dias, da nossa missão na sociedade ou comunidade em que nos integramos.
Uma outra sugestão são as férias em natureza, em segurança, tão importante neste tempo de desconfinamento: o Gerês, uma peregrinação até ao São Bento da Porta Aberta ou até Balasar, ou, para os mais bem preparados fisicamente, fazer um dos caminhos de Santiago. Esta pode ser uma oportunidade de nos encontrarmos com Deus, com os outros (num contexto mais contínuo e em fragilidade), e também connosco (com as nossas forças e fraquezas, com as superações e desânimos).
Com todos estes sonhos, aspirações e sugestões, desejo a todos(as) umas ótimas férias!
Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 16 de julho de 2020.
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IV_2020_07_16_net.pdf
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