Arquidiocese de Braga -

5 novembro 2020

Em comunhão com os que já partiram...

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Pe. Nuno Rogues

Pe. Nuno Miguel Rogues, missionário espiritano

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A Igreja ensinou-nos que o mês de Novembro, é o tradicional mês das almas. O mês em que devemos ter uma atenção e comunhão especial com os nossos entes queridos que nos deixaram e já partiram para a eternidade. Sim. Eternidade, pois nós não vivemos só para este mundo. Viemos para o Eterno que nos leva a tomar consciência de que, para além da nossa horizontalidade de humanos vivemos também a nossa verticalidade, entre o homem e Deus; entre a terra e o Céu; entre o aqui e agora e o além. Está claro, para quem tem fé na Ressurreição dos mortos e na vida eterna.

Para muitos, infelizmente, a morte física é o fim de tudo. Fecha-se um ciclo que apenas rodou à volta do ser humano. Mas para quem acredita e vive animado pela fé, percebe perfeitamente que esse ciclo só se fecha na presença do Eterno, de Deus. Como diz São Paulo: “de Deus vimos e para Deus voltamos”. Ou de outra forma, “quer vivamos quer morramos pertencemos ao Senhor”. O Senhor da Vida humana e o Senhor da Vida Eterna. O Senhor, dono de toda a nossa existência visível e invisível.

Nós somos do Céu. Vivemos animados, não pelas coisas passageiras desta existência, mas acima de tudo pelas coisas eternas. “Aspirai às coisas do Alto e não às da terra”. As coisas da terra são passageiras enquanto as do Alto, são eternas onde não há ferrugem e qualquer tipo de corrupção. Esta deve ser a lógica do cristão.

É por isso que nós rezamos pelos mortos. Por aqueles que estão a caminho do Eterno. É importante mantermos esta comunhão de vivos com aqueles que já fazem parte da plenitude de Deus ou que ainda estão fazendo a sua caminhada de purificação. Faz todo o sentido rezarmos pelas almas dos nossos entes queridos. E claro está, a melhor e mais perfeita sintonia orante é na comunhão eucarística, onde lembramos os nomes de todos aqueles que, em vida, viveram na presença de Deus e se alimentaram da comunhão eucarística.  

Assim, conseguimos perceber a importância de estarmos em comunhão de vivos com os nossos falecidos. E por outro lado, recordar os nossos entes queridos é o mesmo que manifestarmos a nossa eterna gratidão por tudo o que foram e fizeram por nós. Até depois da morte devemos ser gratos e reconhecidos. Já, muitas vezes, basta a ingratidão entre os seres humanos no nosso convívio para depois, ainda, sermos ingratos com quem já morreu e tanto fez por nós!

Infelizmente muitas famílias esquecem os seus entes queridos. Celebra-se a missa do funeral, celebra-se a missa do 7º dia e 30º mês, e talvez a missa de ano, para depois quase nunca serem lembrados. É obrigação dum cristão manter esta comunhão de vivos com todos aqueles que estão a caminho da Santidade.

Para isso temos o mês de Novembro, mês das almas, a fim de nos lembrar desta importante comunhão entre vivos e falecidos.

Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 05 de novembro de 2020.


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Igreja Viva 5 de Novembro de 2020.pdf