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Maria José Costeira | Guiné-Bissau| 6 Mai 2021
Reflexões sobre uma estadia em África
Maria José Costeira, médica pediatra em missão na Guiné-Bissau
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  © Maria José Costeira | Guiné-Bissau

Desafiaram-me a partilhar a minha experiência duma missão em África (Guiné-Bissau). De momento, sou a Coordenadora Clínica do PIMI (Programa para a Redução da Mortalidade Materna e Infantil), sendo um programa financiado pela EU e implementado por três parceiros: UNICEF, EMI e Instituto Marquês Valle Flor.

Quando digo que estou ausente numa missão numa ONG na Guiné, sinto-me a ser olhada como se fora um “bicho raro” ou estranho... alguém que “tem tudo” (família, casa, trabalho...), larga tudo e vai por aí fora... quase parece leviandade ou egoísmo...

Na minha perspetiva, estar numa missão (em qualquer parte do Mundo) é uma simples parábola da nossa vida: ambas têm um princípio e fim determinados e certos, um objetivo específico, sabendo que no fim teremos de prestar contas... com a diferença que, numa missão, por habitualmente ser mais curta, mais facilmente conseguimos cumprir os requisitos!

Para mim, a hipótese de poder integrar uma missão é um privilégio! A oportunidade de fazer algo que gosto, de diferente e que é considerado útil, de sentir que estou a contribuir para algo de positivo! (Embora tenhamos oportunidade para isso em todos os momentos da nossa vida, não precisando de ir para África...). Por outro lado, sinto como tivesse uma ocasião para re-saborear as minhas relações: foi um prazer descobrir o quanto gosto de conversar (tagarelar?) com as minhas filhas, o quanto aprecio (mais) o meu marido por aceitar a minha ausência... Inclusivamente é uma oportunidade para aprofundar a relação comigo mesma: estar mais sensível às minhas fragilidades e à minha humanidade... Também a relação com os outros se burila: porque o ambiente é mais “agressivo”, as pessoas ficam mais frágeis e há que ser mais atento e mais próximo do próximo...

A minha própria relação com Deus também melhorou! Parece que, em África, Deus está mais perto de nós... provavelmente nós é que estaremos mais perto de Deus, dado que pelo menor número de distrações, sinto que estou mais atenta à presença de Deus na minha vida! Participar numa Eucaristia é um momento de alegria que enche o coração! Entre o ritmo, a espontaneidade e simplicidade, sai-se com um sorriso na cara, no coração e na alma!

E bem que é “útil” esse sentimento de proximidade com Deus: porque a realidade é dura (entrecortada com momentos de verdadeira beleza e de constatação de maravilhas), a vida humana parece ter menos valor, ser mulher (ou criança) é uma desgraça e, entre a fragilidade alheia e a nossa própria fragilidade, o grande desafio é continuar a ter Esperança e Fé!

Apesar de tudo o que possa ter transmitido de menos positivo nestas linhas, para mim estar aqui é claramente um privilégio! São as cores, os cheiros (alguns menos agradáveis!), a alegria, a solidariedade, a diferente dimensão do tempo, a espontaneidade das pessoas, a leveza e a liberdade...

No meio disto tudo, em África ou na Conchichina, independentemente da função que esteja a executar, lembro-me muitas vezes da passagem do filme “O resgate do soldado Ryan”: “Faz valer a pena!” (“James, earn this!”)

Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 06 de maio de 2021.

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