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Jorge Vilaça | Braga| 19 Jan 2023
Sem papas na língua
Jorge Vilaça, padre (CMAB)
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  © DACS | Braga

1. Dom Eurico Dias Nogueira, antigo Arcebispo de Braga, celebraria em março do corrente ano ocentésimo aniversário do seu nascimento. Por coincidência deparei-me há dias com uma longa entrevista que ele concedeu, em junho de 1997, à revista “Notícias Magazine” (08.06.1997, pp. 26-32). “Arcebispo de Braga, sem papas na língua” foi o título chamado a primeira página pelas entrevistadoras, Isabel Stilwel e Cláudia Moura. Nela abordou, sem evasivas, temas da vida pessoal e pastoral, desde o percurso de discernimento vocacional até à atividade no Centro Académico de Democracia Cristã em Coimbra, à sua missão enquanto Bispo de Vila Cabral (hoje Lichinga-Moçambique), como Bispo de Sá da Bandeira (hoje Lubango, Angola) e como Arcebispo de Braga. Pelo meio, explicou porque foi “advogado do diabo” [promotor da justiça e o defensor da fé] no processo de Fátima e comentou algumas das suas polémicas políticas e religiosas. Transcrevo algumas das suas afirmações nessa entrevista: “vim para Braga com fama de contestatário. Mas, depois, a comunicação social decidiu que eu era um conservador com base em duas ou três declarações minhas”; “se fosse condenado [um padre que estava a ser injustamente chamado a julgamento] procuraria entregar imediatamente a Diocese a um coadjutor e oferecer-me para capelão da cadeia até se fazer justiça”; “se não escrevo mal de todo, a falar é uma desgraça”; “a ideia de possuir e montar um bom cavalo agradava-me”; “houve uma rapariga a quem fiz versos”; “com esta cara e este feitio, também ninguém quererá casar comigo”; “o celibato do clero não é algo de essencial; do ponto de vista teológico é um problema inexistente.”. Sublinho ainda a sua declaração acerca da reação dos muçulmanos à sua saída como Bispo de Lichinga: “se você se vai é como se o petromássio [petromax] se apagasse”.

2. Recordo somente a fase final do seu ministério enquanto Arcebispo de Braga: as suas infindáveis homilias com referências a África, alguns dos conflitos públicos na comunicação social e o seu trato elegante que naquela altura, ainda muito jovem, confundia com distância. Lembro ainda, já tendo ele resignado e sendo Arcebispo Emérito, de um
longo encontro pessoal, por ele pedido, que aconteceu no eremitério a que se confinou voluntariamente, aquando da minha chegada de Moçambique. Pediu-me que lhe falasse de África, da “sua África”: 28 anos depois de lá ter saído, em nada tinha sido beliscada a sua paixão e vocação missionária em terras africanas. Sensibilizou-me o seu apagamento natural e a sua bonomia espontânea para escutar um noviço sacerdotal. Aquele homem alto e forte, com um passado colossal às suas costas, que privou com as mais altas individualidades nacionais e internacionais, políticas e religiosas, que se sentou nas bancadas efervescentes do Concílio Vaticano II, ali sentado a escutar um “neto” de forma entusiasmada, como escutam os avós. Que categoria!

3. João Baptista respondeu a quem embrionava uma intriga com Jesus: “Pois esta é a minha alegria! E tornou-se completa! Ele é que deve crescer, e eu diminuir”(Jo 3, 30).

Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 19 de janeiro de 2023.

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