Arquidiocese de Braga -
11 outubro 2019
Alegria + Serviço + Acolhimento = MISSÃO
CMAB
Pe. Tiago Barbosa, CSSp
Num destes dias, mais concretamente num dos passados Domingos, fui celebrar a uma das nossas paróquias, que se situa a poucos quilómetros da casa dos meus pais. Cheguei, cumprimentei as pessoas e celebrei como é da norma. Até aqui, nada de especial.
Ao sair da sacristia para regressar à casa dos meus pais, despedi-me das pessoas. Umas das senhoras, vencendo uma “certa timidez”, natural a quem se relaciona por primeira vez, lá me foi dizendo: “nota-se que é missionário! Sente-se essa energia, essa alegria que lhe sai...ainda bem que cá veio, pois faz-nos muito bem começar assim a manhã! Olhe, deixe que lhe diga, nós é que precisamos de sacerdotes missionários!!!”
Partilho esta pequena história para me focar no que estamos a viver ao longo deste mês: a Missão! Mais do que fazer bonitos textos ou lindas celebrações, onde se canta a missão, importará mais, talvez, saber que a missão é o modelo de ser discípulo de Cristo Jesus que morreu e ressuscitou.
O Papa Francisco, na sua encíclica programática “Alegria do Evangelho”, propôs três dinâmicas missionárias que vão nesta linha do discipulado: alegria, serviço e acolhimento. Nesta linha, ser missionário é viver consciente que somos sempre seguidores de Jesus. Se a minha vida não espelha Quem sigo e como O sigo, então de duas uma: ou O sigo e sente-se o Seu olor, ou se não O sigo e, por isso, não há cheiro nem olor a “publicitar” sem palavras.
Voltemos, contudo, às três palavras.
A Missão é Alegria.
Esta é fruto da Alegria Pascal. Cristo ressuscitou. Está vivo! Se isto não mexe connosco, nem se palpa no dia a dia, desculpem que o diga: ‘a casa anda muito mal-arrumada!’ Celebrar a Páscoa é celebrar a alegria de saber que Aquele que deu a Sua vida por nós, por todos e cada um de nós, está vivo. Ele está presente e acompanha-nos. Ele dá-nos o Seu espírito.
A alegria missionária leva-nos a olhar para a juventude. É impressionante e muito vitalizador para quem parte e vive em terras ditas de missão ver uma Igreja jovem e cheia de jovens. Acho que todos nos recordamos das imagens que, recentemente, vimos aquando da visita papal a Moçambique, Madagáscar e ilhas Maurícias. Todas tinham um denominador comum: os jovens! Cheios de entusiasmo e alegria, contagiam, entusiasmam e dão-nos um olhar cheio de esperança, de vigor e de gratuidade.
A Missão é Serviço.
Todas as páginas do Evangelho falam-nos, insistentemente, desta atitude. E, tristemente, quão longe andam os nossos pés deste caminho... Há um mês atrás, numa das nossas muitas paróquias, os animadores do grupo coral resolveram abandonar esta sua comunidade por outra e justificaram-se dizendo que iam por um desafio mais acutilante e para uma paróquia com mais pessoas...
Não partilho isto para puxar as orelhas a estes cantores! No entanto, esta história revela tudo o que é contrário à tónica do serviço evangélico. Ser discípulo missionário é estar sempre de avental posto e tomar a iniciativa de pegar na toalha para lavar os pés... Não há missão sem serviço e, também, não há serviço sem missão.
Missão é Acolhimento.
Vivemos tempo de exclusão, de muito individualismo e muita luta pelos direitos individuais. Ainda que, felizmente, haja iniciativas que provam o contrário, hoje os valores aclamados e fazedores de opinião social expressam que eu sou a medida de tudo... Olhemos para os migrantes, para os diferentes refugiados, para os deslocados. Olhemos para a nossa sociedade onde o silêncio da solidão e da indiferença vai consumindo e devorando vorazmente. Olhemos para os muros e barreiras que se levantam.
Ser missão é construir pontes de diálogo. É estar perto dos que estão longe sem nunca deixar de estar longe dos que estão perto. É acolher o outro na sua originalidade e genuinidade. É, sobretudo, dizer isto: olho para ti e vejo em ti “imagem e semelhança” de Deus!
Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 10 de outubro de 2019.
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