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CMAB | Braga| 8 Out 2020
O amor… pendurado num velho portão!
Fátima Castro, Equipa Missionária Salama! 2020
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  © DACS

Dezasseis. É o número de vezes que Sua Santidade, o Papa Francisco, escreve a palavra “amor” na Mensagem para o Dia Mundial das Missões. Dá a mão ao “amor” a palavra “missão”, e juntas seguem caminho, animadas pela assertividade da resposta do profeta Isaías: «Eis-me aqui, envia-me» (Is 6, 8). Quando a missão nasce do amor, e o amor é a nossa missão, não temos outro caminho senão aquele que nos coloca ao serviço.

Na mesma missiva, o Papa Francisco adverte-nos que “a vida humana nasce do amor de Deus, cresce no amor e tende para o amor” na medida em que a missão é um convite “a sair de si mesmo por amor de Deus e do próximo” e uma "oportunidade de partilha, serviço, intercessão”. 

Felizes daqueles que tiram o olhar do asfalto e, não só se reconhecem irmãos do próximo, como fazem dele a sua missão. Sem a espera dos aplausos terrenos, mas acredito que merecedoras de olhares ternos divinos, há pessoas que se tornam protagonistas de atitudes verdadeiramente altruístas de dois dos valores de que mais carece a nossa sociedade: empatia e bondade. Como aquele jovem que encontrei nas primeiras horas do dia, por um mero (e feliz) acaso, enquanto caminhava. Abrandei os passos quando o vi pendurar um saco, do lado de dentro de um velho portão, numa pequena casa gasta pelo tempo. Pouco depois cruzamo-nos e, após as formalidades dos cumprimentos “distantes” e de alguma conversa de circunstância, confidenciou-me que ali morava um casal com mais de oito décadas de história. Tinham três filhos… mas estavam longe! No decorrer da conversa contou-me que, sempre que por lá passava e os encontrava, perguntava-lhes se precisavam de algo uma vez que, devido à pandemia, não podiam (nem deviam) sair de casa. A velha senhora, com a voz trémula e arrastada, respondia-lhe sempre com um sorriso agradecido acompanhado da frase: "obrigada menino, mas cá nos vamos arranjando como podemos". Mas este “menino” sabia que não era verdade porque não os via nos lugares do costume e raramente os voltou a encontrar no pequeno mercado da terra. Este velho casal não lhe era indiferente e, por isso, semanalmente e sempre às primeiras horas do dia para que eles não o vissem, lá lhes deixava um pequeno saco com mercearia pendurado naquele velho portão. Para além dos bens que ele considerava essenciais, colocava ainda um saquinho com rebuçados. “Para que a vida deles seja um pouquinho mais doce” – disse-me, sorrindo. Na vida, o que “tende para o amor”, são as atitudes em que mesmo sem podermos apertar a mão do outro… a apertamos com mais força que nunca!

Talvez aqueles dois anciãos nunca venham a saber quem é o seu Cireneu! Mas isso, para aquele jovem, não é importante. Ele sabe que o bem não faz barulho. E naquele dia, nem ele soube o bem que me fez em perceber que há gente assim. Gente simples. Feitas do bem. Feitas de caridade. Feitas daquele amor que nos induz na certeza de que Deus jamais se cansará de “procurar pessoas para enviar ao mundo”, como diz Francisco, para serem o Seu rosto e as Suas testemunhas.

Neste tempo peculiar, enquanto o mundo nos pede paciência e nos ensina a esperar por melhores dias, vai crescendo o amor na humanidade. Fica-nos a certeza de que, como diz na mensagem, “Deus é sempre o primeiro a amar-nos e, com este amor, vem ao nosso encontro e chama-nos.” E quando Ele nos chama, a nossa resposta pode sempre ir personificada num simples saquinho de rebuçados, dentro de um saco de mercearia, pendurado num velho portão!

Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 08 de outubro de 2020.

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