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Carlos Nuno Salgado Vaz | 29 Mai 2016
A alegria do amor – 6
O amor tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta
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  © Robert Kneschke

Tudo desculpa

Analisando cada uma destas quatro qualidades do amor de caridade, diz o Papa Francisco quanto ao «tudo desculpa» que é diferente de «não ter em conta o mal». É sobretudo o não dizer mal do outro. «Os esposos que se amam e se pertencem falam bem um do outro, procuram mostrar mais o lado bom do cônjuge do que as suas fraquezas e erros». E isto brota de uma atitude interior, pois se lembra que os defeitos que vê no outro são apenas uma parte «não são a totalidade do ser do outro: um facto desagradável no relacionamento não é a totalidade desse relacionamento.

Assim, é possível aceitar, com simplicidade, que todos somos uma complexa combinação de luzes e sombras. O outro não é apenas aquilo que me incomoda; é muito mais do que isso...ama-me como é e como pode, com os seus limites, mas o facto de o seu amor ser imperfeito não significa que seja falso ou que não seja real. É real, mas limitado e terreno.... O amor convive com a imperfeição, desculpa-a e sabe guardar silêncio perante os limites do ser amado» (número 113).

Tudo crê

O amor que «tudo crê» é «o amor que confia, deixa em liberdade, renuncia a controlar tudo, a possuir, a dominar». É por isso que «uma família onde reina a confiança sólida, carinhosa e em que, suceda o que suceder, sempre se volta a confiar, permite o florescimento da verdadeira identidade dos seus membros, fazendo com que se rejeite espontaneamente o engano, a falsidade e a mentira» (115).

Tudo espera

O «tudo espera» quer dizer que não desespera do futuro e que sabe que o outro pode mudar. Por isso «espera que seja possível um amadurecimento, um inesperado surto de beleza, que as potencialidades mais recônditas do seu ser venham a germinar... Não significa que tudo vai mudar; implica aceitar que nem tudo aconteça como se deseja, mas talvez Deus escreva direito por linhas tortas e saiba tirar algum bem dos males que não se conseguem vencer nesta terra».

É a esperança no sentido pleno, a que «inclui a certeza de uma vida para além da morte. Aquela pessoa, com todas as suas fraquezas, é chamada à plenitude do Céu: lá, completamente transformada pela ressurreição de Cristo, cessarão de existir as suas fraquezas, trevas e patologias; lá, o verdadeiro ser daquela pessoa resplandecerá com toda a sua potência de bem e de beleza» (116 e 117)

Tudo suporta

Por fim, temos o «tudo suporta» que significa realmente que suporta, mas com espírito positivo, todas as contrariedades.

«É manter-se firme no meio de um ambiente hostil. Não consiste apenas em tolerar algumas coisas molestas, mas é algo de mais amplo: uma resistência dinâmica e constante, capaz de superar qualquer desafio. É amor que, apesar de tudo, não desiste, mesmo que o contexto convide a outra coisa. Manifesta uma dose de heroísmo tenaz, de força contra qualquer corrente negativa, uma opção pelo bem que ninguém pode derrubar».

Cita depois as famosas palavras de Luther King quando reafirmava a opção pelo amor fraterno, mesmo no meio das piores perseguições e humilhações. Quando vemos no outro a «imagem de Deus», não podemos deixar de o amar, mesmo quando nos ofende.

E mostrar-se-á um amor ainda maior quando, podendo derrotar o inimigo, decide não o fazer. Porque Luther King sabe bem que «ódio por ódio» só intensifica a existência do ódio e do mal no universo».

A pessoa que tem o bom senso de não responder ao mal e ao ódio com a mesma moeda, essa é que é a pessoa forte, aquela «que pode quebrar a cadeia do ódio, a cadeia do mal (…) alguém deve ter bastante fé e moralidade para a quebrar e injetar dentro da própria estrutura do universo o elemento forte e poderoso do amor» (119, citando o famoso discurso de Luther King de 17 de novembro de 1957).

Na vida de família é preciso cultivar esta força do amor de que tão belamente falou Luther King. «O amor não se deixa dominar pelo ressentimento, o desprezo das pessoas, o desejo de se lamentar ou vingar de alguma coisa. O ideal cristão, nomeadamente na família, é amor que apesar de tudo não desiste». Por isso o Papa afirma que fica maravilhado com o exemplo e atitude daquelas pessoas que, para se protegerem da violência física, tiveram que se separar do seu cônjuge, mas que, todavia, «pela caridade conjugal que sabe ultrapassar os sentimentos, foram capazes de procurar o seu bem, mesmo através de terceiros, em momentos de doença, tribulação e dificuldades. Isto também é amor que, apesar de tudo, não desiste» (119).

Nestes 4 «tudo» está a melhor medicina para uma vida familiar saudável, harmoniosa e feliz.

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Palavras-Chave:
Amoris laetitia  •  Amor  •  Luther King
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