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Braga, Sameiro| 8 Dez 2022
Toda Bela, Senhora da Conceição do Sameiro
Homilia na Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria
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  © Santuário do Sameiro

1. O assombro da evangelização

Anunciação tem o mesmo sentido de evangelização. O mensageiro celeste intervém três vezes com três palavras decisivas: a alegria, o não medo e o Espírito Santo.

A narrativa do mistério da Anunciação é, sem dúvida alguma, o texto mais lido na Liturgia e o mais representado pela arte iconográfica a Oriente e a Ocidente na catolicidade da Igreja.

O Anjo fica encantado com aquela jovem de Nazaré e diz-lhe: «alegra-te ó cheia de Graça» (Lc 1, 28). Estas palavras de bênção acenam e preparam para uma grande comunicação, que se tornou realidade em Maria. Ela é definida pela sua essência de criatura harmoniosa e bela.

A fé é dar atenção a quem nos chama pelo nome e espera uma resposta. O nome da jovem é cheia de graça. O Anjo não lhe chama Maria. A Tradição viva contemplou nestas palavras a verdade da Imaculada Conceição.

Cheia de graça é Maria, repleta do amor divino desde o primeiro momento da sua existência, providencialmente predestinada para ser a Mãe do Redentor, e intimamente associada a Ele no mistério da salvação. E, este apelativo vem, logo a seguir, interpretado pelo Anjo «não tenhas medo Maria, pois encontraste graça junto de Deus» (Lc 1, 30), para indicar a dignidade messiânica da Mãe do Rei que ocupará «o trono de David» (Lc 1, 32).

 

2. O início do mistério

Maria é uma pessoa a quem lhe foi entregue um grande segredo que mudou a sua vida. É um segredo de alegria, mas também de dor. Como explicar a José que é virgem e está grávida? Como dizer o mistério de Deus que se manifestou nela?

Diante de tão admirável mistério: «o Anjo assegura que a proximidade de Deus traz estes três sinais: multiplica-se a alegria, dissolve-se o medo e floresce a vida» (E. Ronchi).

É muito interpelante que a primeira palavra de Maria não seja um sim, mas uma pergunta: «como será isto?» (Lc 1, 34). Com efeito, a Palavra de Deus suscita perguntas. Nos evangelhos conhecemos mais de duzentas perguntas feitas por Jesus. Viver com perguntas é próprio do caminho da fé.

A Anunciação a Maria é o mistério que inaugura a «plenitude dos tempos» (Gál 4,4), cumprindo-se plenamente todas as promessas. No centro de tudo está o Filho, mas a mãe é central, ou seja, Maria obedecesse e ultima em Jesus Cristo. Na Anunciação ela torna-se verdadeiramente templo de Deus, habitação de Deus. Por isso, são muito sugestivas as palavras de Santo Ambrósio, Bispo de Milão: «Maria é o templo de Deus, não o Deus do templo».

A jovem de Nazaré, aparece como a amada e serva do Senhor, Virgem e Mãe. Figura singular, Maria reassume o antigo e antecipa o novo. A sua identidade está ligada à sua feminilidade e à sua maternidade. Tudo acontece na esfera do Espírito Santo, que é a fecundidade de Deus, a potência geradora do Pai. Maria foi a primeira a beneficiar dos frutos da obra da Redenção, tornando-se a imagem e o modelo, segundo o qual Deus quer refazer o rosto da humanidade. E é tanto o silêncio de Maria confiado à Luz.

 

3. “Eis-me aqui”

Maria diz-se a serva do Senhor e abre todo o seu coração ao Deus amor. A verdade da oração é alcançada quando ressoa a oração “Senhor, eis-me aqui. Podeis enviar-me”. Eis-me aqui é a atitude fundamental da pessoa diante do mistério.

De facto, «Maria guardava estas coisas no seu coração e incansavelmente as recordava. E no coração as guardava, não as confiando a ninguém, nem talvez ao próprio Filho… (…) A família em silêncio contemplava o mistério. A meditação dos mistérios começou ali, naquela solidão de Nazaré, onde a Trindade respirava» (F. Mauriac).

Quando o texto bíblico narra: «E o Anjo retirou-se de junto dela» (Lc 1,38), começa o enorme desafio da fé na peregrinação da vida de Maria. A fidelidade marca toda a existência de Maria até ao fim do fim. Com efeito, «nós não somos chamados a ter êxitos, mas sim a ser fiéis» (Santa Teresa de Calcutá).

E adianta a narrativa evangélica que Maria «levantou-se e partiu apressadamente» (Lc 1,39), sendo uma viagem, a primeira obra evangelizadora de Maria.

A Senhora da Conceição do Sameiro nos ajude na viagem da nossa vida e ilumine o nosso peregrinar no advento do reino dos céus e na comemoração anual do Natal, para que o nosso coração seja anfitrião da visita sempre surpreendente de Deus.

Deus visita-te! Como a Virgem Santa Maria, sê anfitrião!

† José Cordeiro, Arcebispo Primaz

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