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Sé Catedral - Braga| 25 Dez 2022
Escutar o Verbo-carne
Homilia na Solenidade do Natal
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  © Angie Menes / Cathopic

1. O Verbo fez-se carne e habitou entre nós

Na Bíblia, o termo “carne” indica a humanidade na sua fragilidade e miséria, sobretudo a sua decadência mortal. De facto, assim glorificamos na Oração Eucarística IV: «Pai santo, de tal modo amastes o mundo, que, chegada a plenitude dos tempos, nos enviastes, como Salvador, o vosso Filho unigénito: feito homem pelo poder do Espírito Santo e nascido da Virgem Maria, viveu a nossa condição humana, em tudo igual a nós, exceto no pecado; anunciou a salvação aos pobres, a libertação aos oprimidos, a alegria aos que sofrem».

Tertuliano, ao contemplar o mistério do Natal, cunhou uma expressão que ainda hoje soa como desafiante caminho: «caro salutis cardo» - a carne é o eixo da salvação. De facto, o Pai quer salvar a humanidade através da carne do Filho, o fundamento da Páscoa da nossa salvação. O Senhor fazendo-se homem quis amar-nos com um coração de carne! A Eucaristia é, já, semeada em Belém, casa do pão.

A proclamação, que atravessa os séculos, chega aos nossos dias porque: «“a Palavra do Senhor permanece eternamente. E esta é a palavra do Evangelho que vos foi anunciada” (1 Pd 1, 25; cf. Is 40, 8). Com esta citação da Primeira Carta de São Pedro, que retoma as palavras do profeta Isaías, vemo-nos colocados diante do mistério de Deus que Se comunica a Si mesmo por meio do dom da sua Palavra. Esta Palavra, que permanece eternamente, entrou no tempo. Deus pronunciou a sua Palavra eterna de modo humano; o seu Verbo “fez-Se carne” (Jo 1, 14). Esta é a boa nova» (Verbum Domini 1). 

O anúncio da Palavra cria a comunhão e gera a alegria da fé.

 

2. Hoje, uma grande luz desceu sobre a terra

No dia de Natal ouvimos, solenemente, anunciar: «Hoje nasceu o nosso salvador, Jesus Cristo, Senhor; Hoje sobre nós resplandece uma luz: nasceu o Senhor; Hoje, uma grande luz desceu sobre a terra». Cristo utilizou o mesmo termo “hoje” quando exortava a aprofundar todas as Escrituras a partir do seu acontecimento pessoal, proclamando a sua missão na sinagoga de Nazaré (cf. Lc 4,21). 

Aquela família pobre de Nazaré, vai a Belém e num presépio, a jovem Maria dá à luz a própria Luz da Luz.

O mistério do Natal é muito maior que as luzes e as luzinhas da árvore de Natal ou do presépio...

3. Deus fala por Seu Filho

O Natal passamo-lo com as pessoas mais queridas, a nossa família, os nossos amigos. Para alguns de nós, a mesa tem já muitas cadeiras “vazias”, ou melhor cadeiras com os ausentes (pais e pessoas mais próximas).

Deus visita-nos e fala-nos de muitos modos.

Ontem tive a graça de estar com as pessoas sem abrigo da nossa cidade, em colaboração com a Cruz Vermelha Portuguesa.

Rezamos a Deus Amor por todos os doentes, os reclusos, os refugiados, os que passam frio, fome ou qualquer tipo de violência.

Diante do presépio podemos dizer que a fé nasce do amor, isto é, da capacidade de uma escuta nova. Maria e José fizeram a experiência do que João escreveu na sua primeira carta: «O que existia desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplámos e as nossas mãos tocaram relativamente ao Verbo da Vida, de facto, a Vida manifestou-se; nós vimo-la, dela damos testemunho e anunciamos-vos a Vida eterna que estava junto do Pai e que se manifestou a nós - o que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós estejais em comunhão connosco. E nós estamos em comunhão com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo» (1Jo 1, 1-3). 

O mistério do Natal é um mistério de pobreza, de simplicidade e de alegria, tudo o que é pobre, simples e humilde e por isso não é difícil de compreender para quem tem os olhos e os ouvidos da fé. A simplicidade da fé ilumina toda a vida e faz-nos aceitar com docilidade as grandes coisas de Deus. Experimentamos como a alegria perfeita é possível também neste mundo, apesar dos sofrimentos e das dores de cada dia.

O Senhor fazendo-se homem, quis amar-nos com um coração de carne!

Que o Natal se torne Evangelho para nós.

 

 † José Cordeiro, Arcebispo Primaz

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