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ANO PASTORAL
"Juntos no caminho de Páscoa"

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15 Mar 2020
III Domingo da Quaresma: Celebrar e Rezar em Tempo de Epidemia
Subsídio preparado pelo Secretariado Nacional de Liturgia de Itália.
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A inédita impossibilidade de celebrar em assembleia a Eucaristia – fonte e cume da vida cristã (cf. SC 10) –, não coincide contudo com a impossibilidade de entrar em comunhão com o Senhor e o seu mistério de salvação. Efetivamente, Ele prepara para o seu povo a mesa do Pão da Vida mas também a da Palavra, porque Cristo «está presente na sua palavra, sendo Ele que fala quando na Igreja se lê a sagrada Escritura» (SC 7). Além disso, Ele, assumindo a natureza humana, uniu a si toda a humanidade e a associou a si ao elevar ao Pai aquele hino de louvor perene cantado nas moradas celestiais. A oração, em particular a da Liturgia das Horas, é efetivamente autêntico exercício do sacerdócio de Cristo, no louvor e na intercessão pelo mundo inteiro (cf. SC 83).

Para favorecer a escuta orante da Palavra de Deus, conduzidos pela mão da liturgia da Igreja e pelo caminho do Ano litúrgico, é oferecido este subsídio, que de semana em semana será enriquecido com textos e reflexões.

Para cada domingo propor-se-á uma ficha para a oração e a reflexão pessoal ou familiar em sintonia com a liturgia do dia. Serão também oferecidos outros textos para a oração. Sugere-se, desde já, a utilização da Liturgia das Horas, usufruindo – se se considerar oportuno – da App iBreviary que é possível descarregar gratuitamente na versão portuguesa e que disponibiliza todos os textos oficiais para tal necessários e outros ainda como as leituras da Missa de cada dia e orações variadas.

Terceiro Domingo da Quaresma

Oração em Família 

A situação que estamos a viver não nos permite participar na Celebração eucarística do terceiro domingo da Quaresma. Sugere-se, por isso, um esquema para uma experiência de oração a viver em família, em comunhão com toda a Igreja.

Cada família poderá adaptar o esquema às suas necessidades.

A oração pode ser guiada pelo pai ou pela mãe (G).

 

G.Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

T.Amen.

 

G.Deus Pai, que é bendito eternamente,
nos conceda estar em comunhão uns com os outros,
com a força do Espírito,
em Cristo Jesus, nosso irmão.

T.Bendito seja Deus para sempre.

 

G.Jesus não tem pressa: para junto ao poço de Jacob, a uma hora improvável, depois de um percurso improvável. Ali nos espera, depois de se ter cansado para vir à nossa procura. Trata-se do poço de Jacob, que sempre deu água para a vida de toda a povoação de Sicar. No diálogo com uma mulher de vida tumultuosa revela-se como fonte de água viva, capaz de extinguir toda a sede e desejo do coração. E de dar vida, sempre!

A Samaritana descobre que diante de Jesus se pode estar de coração aberto, porque nele não há preconceitos, mas apenas a sede de que todos tenham sede da verdade. E pode deixar o balde para comunicar aos seus conterrâneos a alegria que nasce daquele encontro.

Neste tempo de provação, também nós dirigimos ao Pai a nossa prece humilde e confiante, para que nos faça reconhecer e saborear a presença de Jesus no meio de nós.

 

Rezemos juntos o Salmo 41 (42)

 

L12 Como suspira o veado pelas correntes das águas, *
assim minha alma suspira por Vós, Senhor.

L23 Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: *
Quando irei contemplar a face de Deus?

L14 Dia e noite as lágrimas são o meu pão, *
enquanto me repetem todo o dia:

«Onde está o teu Deus?».

L25 A minha alma estremece ao recordar, *
quando passava em cortejo para o templo do Senhor,
entre as vozes de louvor e de alegria *
da multidão em festa.

L16 Porque estás triste, minha alma, e desfaleces? *
Espera em Deus: ainda O hei-de louvar,

meu Salvador e meu Deus.

 

G.Senhor, nosso Deus, fonte da vida,
Vós ofereceis à humanidade sedenta
a água viva da graça que jorra do rochedo que é Cristo salvador:

concedei-nos o dom do Espírito
para que tenhamos a força de professar a nossa fé em Vós
e de anunciar com alegria as maravilhas do vosso amor.

T.Amen.

 

A vossa Palavra, luz do meu caminho

Do Evangelho segundo São João (Jo 4, 5-15.19b-26.39a.40-42)

Naquele tempo, chegou Jesus a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, junto da propriedade que Jacob tinha dado a seu filho José, onde estava o poço de Jacob. Jesus, cansado da caminhada, sentou-Se à beira do poço. Era por volta do meio-dia. Veio uma mulher da Samaria para tirar água. Disse-lhe Jesus: «Dá-Me de beber». Os discípulos tinham ido à cidade comprar alimentos. Respondeu-Lhe a samaritana: «Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber, sendo eu samaritana?». 

De facto, os judeus não se dão com os samaritanos. Disse-lhe Jesus: «Se conhecesses o dom de Deus e quem é Aquele que te diz: ‘Dá-Me de beber’, tu é que Lhe pedirias e Ele te daria água viva». Respondeu-Lhe a mulher: «Senhor, Tu nem sequer tens um balde e o poço é fundo: donde Te vem a água viva? Serás Tu maior do que o nosso pai Jacob, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu, com os seus filhos e os seus rebanhos?». 

Disse-lhe Jesus: «Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede. Mas aquele que beber da água que Eu lhe der nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der tornar-se-á nele uma nascente que jorra para a vida eterna». «Senhor, – suplicou a mulher – dá-me dessa água, para que eu não sinta mais sede e não tenha de vir aqui buscá-la. Vejo que és profeta. Os nossos pais adoraram neste monte e vós dizeis que é em Jerusalém que se deve adorar». 

Disse-lhe Jesus: «Mulher, acredita em Mim: Vai chegar a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos Judeus. Mas vai chegar a hora – e já chegou – em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são esses os adoradores que o Pai deseja. Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-l’O em espírito e verdade». Disse-Lhe a mulher: «Eu sei que há-de vir o Messias, isto é, Aquele que chamam Cristo. Quando vier há-de anunciar-nos todas as coisas». 

Respondeu-lhe Jesus: «Sou Eu, que estou a falar contigo». Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram em Jesus, por causa da palavra da mulher. Quando os samaritanos vieram ao encontro de Jesus, pediram-Lhe que ficasse com eles. E ficou lá dois dias. Ao ouvi-l’O, muitos acreditaram e diziam à mulher: «Já não é por causa das tuas palavras que acreditamos. Nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é realmente o Salvador do mundo».

Palavra da salvação.

T.Glória a vós, Senhor.

 

Para meditar na passagem evangélica, pode utilizar-se a ficha colocada em apêndice.

 

A Vós se eleva a nossa prece

G.Para continuar o nosso caminho para a Páscoa, sem perder a confiança,
invoquemos o Senhor, fonte de água viva.

L.Nos momentos de fraqueza, cansaço e sofrimento:

T.Dai-nos, Senhor, água viva!

L.Quando nos sentamos cansados no poço da nossa sede:

T.Dai-nos, Senhor, água viva!

L.Quando nos nossos extravios nos esperais com ternura:

T.Dai-nos, Senhor, água viva!

L.Quando nos falais com sinais que conquistam o coração:

T.Dai-nos, Senhor, água viva!

L.Quando adoramos o Pai em espírito e verdade:

T.Dai-nos, Senhor, água viva!

L.Vós sois a fonte viva que jorra para a vida eterna:

T.Dai-nos, Senhor, água viva!

L.Vós inundais a Igreja com a água que regenera a vida:

T.Dai-nos, Senhor, água viva!

L.Rezemos também pelas dificuldades do tempo presente:

T.Senhor Jesus Cristo, médico da nossa vida,
Vós encontrastes nos vossos caminhos
homens e mulheres doentes no corpo e no espírito.

Vós os curastes e consolastes, muitas vezes os curastes,
e sempre os livrastes do medo, da angústia e da falta de esperança.

Pedistes aos vossos discípulos que curassem os enfermos
consolassem os que sofrem, levassem esperança onde há desânimo.

Nós vos pedimos, Senhor:

abençoai, ajudai e inspirai-nos a todos
e, principalmente, àqueles que acompanham quem está doente.

Dai-nos força, revigorai a nossa fé,
reavivai a nossa esperança, aumentai a nossa caridade.

E, assim, estaremos em comunhão profunda com quem sofre
e em comunhão de amor convosco, ó Senhor,
médico da nossa vida.

Amen.

 

G.A palavra de Jesus à samaritana consola-nos e educa-nos. A nossa casa, como em qualquer lado, é o lugar onde Deus nos alcança e nos dá a graça de nos tornarmos homens e mulheres que o procuram em espírito e verdade. Deus fala-nos como a amigos e dá-nos o Espírito pelo qual dizemos:

T.Pai nosso…

G.Rios de água viva jorrarão do coração do vosso Filho, Jesus.

Atendei benignamente o grito deste povo:
não julgueis as nossas lentidões e cansaços,
mas olhai para a sede do nosso coração
e abri-nos o tesouro da vossa graça
que santifica o coração dos crentes.

T.Amen.

 

Invoquemos a Bênção do Pai

G.Concedei, ó Pai, a vossa bênção à nossa família,
e dai-nos a alegria na esperança, a fortaleza na tribulação,
a perseverança na oração, a solicitude atenta às necessidades dos irmãos
e a diligência no caminho de conversão
que estamos a percorrer nesta Quaresma.

 

Fazem todos o sinal da cruz sobre si, enquanto o pai ou a mãe continua:

G. Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

T.Amen.

 

Pode concluir-se com a antífona mariana “À vossa proteção”

 

T.À vossa proteção nos acolhemos,
Santa Mãe de Deus.
Não desprezeis as nossas súplicas
em nossas necessidades;
mas livrai-nos de todos os perigos,
ó Virgem gloriosa e bendita.

 

Para a Meditação

Neste terceiro Domingo da Quaresma, somos convidados a beber na única verdadeira fonte da vida, o Deus de Jesus Cristo. Na primeira leitura, tirada do livro do Êxodo, o povo protesta contra Moisés pondo o Senhor à prova. Israel já passou através do mar Vermelho, já viu as águas amargas ficarem doces, já experimentou a providência comendo o maná e as codornizes… Agora não tem água e vê a morte à sua frente. Nessa situação nasce um tipo de desespero em que o protesto contra Moisés é apenas o descarregar da fúria do povo contra o próprio Deus: Ele continua a ser um desconhecido, uma incógnita em cada nova experiência de vida. Eis a razão pela qual esse lugar foi chamado Massa (prova) e Meriba (disputa). Esses nomes inspiram-se no que Moisés diz em Ex 17, 2: «Porque protestais contra mim? Porque pondes à prova o Senhor?». Curiosamente, em hebraico há duas palavras que, embora tenham raízes diferentes, se escrevem e pronunciam exatamente do mesmo modo: “massa”. Uma significa “prova/tentativa” e outra “desespero”. Na nossa vida, acontece muitas vezes que a falta de fé em Deus gere desespero, em nós e em quem nos rodeia. Essa incapacidade de esperar manifesta-se, por vezes, numa espécie de impaciência para com aqueles que nos guiam. Daqui nasce o desejo irresistível de murmurar contra a autoridade, quer quando esta é fiel a Deus e, mais ainda, no caso de o não ser. Mas o ponto central do qual depende a nossa história é onde procurar e encontrar vida.

Jesus no Evangelho ultrapassa qualquer confim de preconceito e apresenta-se à Samaritana para lhe pedir de beber. Parece que Ele próprio precisa de receber vida, como quando na cruz dirá “Tenho sede” (Jo 19, 28). Na realidade, Jesus, caminho, verdade e vida, deseja extingui a nossa sede de Deus e de vida fazendo-se encontrar. Segundo a sua palavra também nós, na medida em que nos dessedentamos junto d’Ele, tornamo-nos nascentes para todos quantos procuram o verdadeiro caminho que conduz à salvação. Neste singular caminho de Quaresma, marcado pela dura prova da difusão ameaçadora da epidemia, deixemos que o deserto nos faça experimentar aquela sede mais profunda que apenas o encontro com Deus pode extinguir para que, como lemos na segunda leitura, não fiquem desiludidas todas as nossas esperanças, mas, pelo contrário, se derrame no nosso coração o amor de Deus por meio do Espírito e também nós nos tornemos fonte de água que jorra para a vida eterna.

 

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