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4 Mai 2022
Cruz florida
Homilia na Festa das Cruzes, em Barcelos.
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  © Francisco de Assis/DM

1. Amor de Deus pela Humanidade

«Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele».

O texto do Evangelho pertence ao longo diálogo noturno de Jesus com Nicodemos. O Filho do Homem exaltado sobre a cruz é a fonte da salvação para o género humano. Tal como a serpente guiava o povo no deserto, assim a cruz guia o caminho de salvação na Igreja. A cruz é, ao mesmo tempo, humilhação e exaltação.

Toda a nossa glória está na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo. N’Ele está a nossa salvação, vida e ressurreição. Por Ele fomos salvos e livres. Só à luz do amor podemos entender a morte e a glorificação de Jesus Cristo.

O Nazareno é o Crucificado e o Ressuscitado. Aqui está identidade de Jesus, o Cristo. A morte na cruz faz repensar a vida. A vida faz repensar o nascimento. A redação dos evangelhos obedeceu a esta tríplice sequência. Pascal sublinha isto ao afirmar «o que nos faz acreditar é a cruz. Mas aquilo em realmente acreditamos é a vitória da cruz».  

A cruz florida da Páscoa!

2. Árvore da cruz

O piedoso desejo de conhecer e venerar a cruz em que morreu Jesus está na origem do culto litúrgico à santa cruz. Até 1960 esta festa existia sob o título de «invenção da santa cruz» que se celebrava a 3 de maio e que comemorava a descoberta da cruz de Jesus Cristo por santa Helena, a mãe do imperador Constantino. 

Escolheu-se esta data 3 de maio, porque nesse dia no ano 628 foi recuperada a cruz, que havia sido capturada por um rei persa em 614. Hoje a Liturgia da Igreja celebra esta festa a 14 de setembro sob o título de «exaltação da santa cruz», porque se comemora o aniversário da dedicação das basílicas constantinianas do gólgota e do santo sepulcro em Jerusalém. O culto da relíquia da santa cruz começou em Jerusalém e rapidamente se espalhou por todo o mundo católico.

Sim, a fé da Igreja confirma que: «não há árvore como a cruz» (Simone Weil).

Aqui, em Barcelos, celebra-se hoje com a marca pascal das flores e até com tapetes tanta arte e beleza e ainda com as conhecidas “batalhas das flores”. O compasso da visita pascal poderá ser uma forma abreviada da expressão latina: Crux cum passo Domino. Na verdade, o compasso é a Cruz com a imagem do crucificado ressuscitado que é o sinal da redenção e da glória. A cruz florida é o compasso, isto é, a forma solene da bênção das casas e das famílias.

Como Romano Guardini, queremos também exortar: «Quando fizeres o sinal da cruz, fá-lo bem feito. Não seja um gesto acanhado e feito à pressa, cujo significado ninguém sabe interpretar. Mas uma cruz verdadeira, lenta e ampla, da testa ao peito, dum ombro ao outro. Sentes como ela te envolve todo? Recolhe-te bem. Concentra neste sinal todos os teus pensamentos e todos os teus afetos, à medida que o vais traçando da testa ao peito e dum ombro ao outro. Senti-lo-ás então a penetrar-te todo, corpo e alma. A apoderar-se de ti, a consagra-te, a santificar-te. Porquê? É o sinal da totalidade, o sinal da Redenção. Nosso Senhor remiu todos os homens na cruz. Pela cruz santifica o homem todo até à última fibra do seu ser».

3. A festa das cruzes

Ao celebrarmos hoje com tanta solenidade a festa das cruzes floridas na cidade e arciprestado de Barcelos, somos chamados a uma confissão de fé no amor de Deus por nós. 

A piedade popular em distintos contextos oferece aos mais jovens e aos mais velhos um acesso privilegiado à fé, estando vinculada à cultura e às tradições locais. Nesta manifestação pública da fé valorizamos a linguagem do corpo e dos afetos, a participação, a comunhão e a missão do Evangelho.

Hoje ousamos dizer: «adoramos, Senhor a vossa Cruz, louvamos e bendizemos a vossa ressurreição gloriosa: pela Cruz veio a alegria ao mundo inteiro». De facto, «Ele, ao morrer, matou em Si a morte; nós somos livres da morte pela sua morte» (St. Agostinho). 

Ao contemplar a Cruz, contemplamos todos os crucificados: na doença, na tristeza, na solidão, no isolamento, no esquecimento, na guerra, na fome, na violência e na falta de sentido para a vida.

Jesus toma sobre Si mesmo o mal e o pecado do mundo, transformando-os na Sua misericórdia da cruz florida da Páscoa.

Gostaríamos de cruzar o nosso olhar com o olhar do coração da Senhora das Dores, a Pietà junto do Senhor Bom Jesus da Cruz e dizer-lhe com o coração ao alto: 

 

«Virgem Santíssima, na vida gloriosa em que viveis,
não esqueçais as tristezas terrenas.
Lançai um olhar de bondade sobre aqueles que sofrem,
que lutam contra as dificuldades
e que não cessam de experimentar as amarguras desta vida.
Tende compaixão daqueles que, amando-se, vivem separados.
Tende clemência do isolamento do nosso coração.
Tende caridade da fraqueza da nossa fé.
Tende bondade dos que são objetivo da nossa ternura.
Tende caridade dos que choram, dos que imploram, dos que sofrem.
Dai a todos a esperança e a paz» (Abbé Pierre Pereyve).

 

 † José Cordeiro, Arcebispo Primaz

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