Arquidiocese de Braga -

20 janeiro 2023

Jornada de Formação para o Clero debate o tema da maturidade e juventude na vivência da fé

Fotografia Paulo Gabriel Souto

DACS

Armando Matteo, Secretário da Secção Doutrinal da Congregação, foi o conferencista da Jornada de Formação para o Clero, com o tema “Pastoral 4.0: Pensar o futuro da Igreja ou construir a Igreja do Futuro?”.

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A obsessão pela juventude e a negação em assumir maturidade plena para a sociedade foi um dos pontos principais da conferência dada pelo teólogo Armando Matteo, Secretário da Secção Doutrinal da Congregação para a Doutrina da Fé, na manhã de hoje, dia 20 de janeiro, no Espaço Vita, em Braga.

Matteo foi o conferencista da Jornada de Formação para o Clero, com o tema “Pastoral 4.0: Pensar o futuro da Igreja ou construir a Igreja do Futuro?”. O teólogo é autor de livros como ‘Pastoral 4.0’, que deu nome ao encontro, ‘Qual o teu Caminho?’ ‘Converter Peter Pan’ e ‘A Igreja do futuro’.

“Estamos aqui para juntos sonharmos a Igreja que Deus quer que sejamos no futuro e já no agora”, disse D. José Cordeiro, Arcebispo de Braga, ao abrir o encontro. Ele também agradeceu a partilha que seria feita, com o propósito que “nos ajude a também responder a essa pergunta: que é que isto tem a ver com o Evangelho? Quais os caminhos e horizontes que devemos continuar a percorrer para continuar a sonhar, mas a sonhar com os pés assentes na terra.” 

A mediação das palestras no período da manhã foi feita pelo Secretário-geral da Coordenação Pastoral, Padre Sérgio Torres.

Padre Armando Matteo falou primeiro sobre o “O tempo das igrejas vazias…" e em seguida sobre o tema “Porque devemos converter Peter Pan?”. O sacerdote enfatizou como a vivência da fé nas famílias foi esvaziada, na era onde o "eu" importa mais que tudo e em que a recusa à maturidade leva ao distanciamento dos valores e da evangelização.

À tarde houve espaço para um colóquio e debate. Matteo, à noite, dá uma palestra direcionada aos jovens, em preparação para JMJ, que tem como tema “Como está o teu processo de canonização?”.

Em entrevista ao Departamento de Comunicação, sobre a dualidade entre trazer a juventude para a Igreja e o restante da sociedade que não quer abrir mão de um lugar que não é seu na busca pela “eterna juventude”, o sacerdote destacou que não há muito espaço reservado para jovens e que nem sempre estes têm as oportunidades que deveriam ter. 

“Os nossos jovens não podem ser jovens quando são jovens, porque têm a tarefa de herdar o mundo, de transformá-lo, de torná-lo mais humano, de torná-lo mais adequado à vida humana no planeta. Mas o que acontece neste tempo? O que acontece é que os adultos não são adultos, querem ‘brincar’ aos jovens. Isso ocorre justamente porque estamos na época de ‘Peter Pan’. Os adultos apaixonaram-se tanto por essa terra, por esse mundo que não querem mais deixar espaço para quem vem depois”, explicou.

Como caminhos a serem seguidos, ele destaca que é preciso lembrar a beleza de ser adulto, ou seja, lembrar aos adultos que a vida tem sentido mesmo que você a viva como adulto e que  não é preciso ser jovem para ser verdadeiramente feliz. 

“Pode-se viver como adulto, sobretudo redescobrindo que para nós, seres humanos, a felicidade não é só receber, mas sobretudo dar… Esse é o segredo para viver bem o tempo adulto e a juventude. O enigma da vida, pode ser resolvido respondendo não à pergunta ‘quem sou eu’, mas respondendo a outra pergunta: porque sou eu que sou chamado a fazer feliz e a quem devo trazer felicidade? Este é o segredo da vida”.