Arquidiocese de Braga -

10 julho 2023

D. Américo Aguiar diz que nomeação cardinalícia é "homenagem" a Portugal e seus jovens

Fotografia Ricardo Perna / JMJ Lisboa 2023

Ecclesia

Bispo auxiliar de Lisboa vai ser o quarto cardeal português criado no atual pontificado

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D. Américo Aguiar, bispo auxiliar de Lisboa, disse ontem, dia 9, que o anúncio da sua criação cardinalícia, pelo Papa, é uma “homenagem” a Portugal e aos jovens que preparam a próxima Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

“Apanhou-me totalmente surpreendido, mas estou convencido que o Papa teve no seu coração foram estes jovens, esta preparação da Jornada Mundial da Juventude que é indispensável, com eles”, referiu aos jornalistas, enquanto acompanhava, em Setúbal, os trabalhos de preparação dos kits de peregrino para a JMJ Lisboa 2023.

Foi neste local que o futuro cardeal recebeu a notícia com “surpresa”, num “misto de alegria e de aflição”.

“O meu telemóvel estava particularmente nervoso”, gracejou, ao precisar como teve conhecimento do anúncio do Papa, feito após a recitação dominical do ângelus, desde a janela do apartamento pontifício.

O presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 disse ainda estar a “recuperar” desta notícia inesperada, que não foi “pré-comunicada a ninguém”.

“O Papa quis, desde modo, homenagear os jovens, valorizá-los e fazer o que nos diz para fazer: dar aos jovens a possibilidade de serem protagonistas da história, da sua vida”, apontou.

É uma homenagem a Portugal, uma homenagem aos portugueses, uma homenagem à juventude portuguesa: é isto que eu sinto, verdadeiramente”.

O consistório para a criação de 21 cardeais, entre eles 18 eleitores, está marcado para 30 de setembro, no Vaticano, em vésperas do início da primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos (04 a 29 de outubro de 2023).

Aos 49 anos de idade, D. Américo Aguiar será o segundo membro mais jovem do Colégio Cardinalício e o quarto cardeal português criado no atual pontificado, considerando esse facto como “uma responsabilidade acrescida”.

“Os caminhos de Deus são insondáveis”, acrescentou.

Questionado sobre a proximidade criada com Francisco, nos sucessivos encontros pessoais para a preparação da JMJ, no Vaticano, o futuro cardeal afirmou que foi sempre “aconselhar-se”.

“Não sei qual foi a leitura que o Santo Padre teve. Acolho com muita surpresa, e quero que acreditem, porque não estava previsto, absolutamente, as conversas eram de outros contextos e outros cenários. Esta é uma decisão à Papa Francisco”, sustentou.

O Colégio Cardinalício tinha, até agora, 222 membros (121 eleitores, 101 com mais de 80 anos), incluindo cinco portugueses: D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, D. António Marto, bispo emérito de Leiria-Fátima, D. José Tolentino Mendonça, arquivista e bibliotecário da Santa Sé, todos criados pelo Papa Francisco e eleitores num eventual conclave; D. Manuel Monteiro de Castro, penitenciário-mor emérito; e D. José Saraiva Martins, prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, ambos com mais de 80 anos.

Natural da Diocese do Porto, D. Américo Aguiar nasceu a 12 de dezembro de 1973 e foi ordenado sacerdote em 2001; desde 2016, é presidente das empresas do Grupo Renascença Multimédia, tendo sido nomeado bispo auxiliar de Lisboa pelo Papa Francisco, a 1 de março de 2019.

O atual presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023 foi ordenado bispo no Porto a 31 de março de 2019, numa cerimónia que decorreu na Igreja da Trindade, sob a presidência do cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente.

D. Américo Aguiar tem como lema episcopal as últimas palavras de Jesus na cruz, ‘In manus tuas’ (Nas tuas mãos), em homenagem a D. António Francisco, que o adotou também.

Portugal teve até hoje 46 cardeais, a começar por Mestre Gil (também aparece com o nome de Egídio), criado pelo Papa Urbano IV (1195- 1264).

O responsável gracejou com o facto de ser conhecido como “cardeal” desde os tempos do seminário, numa brincadeira que evocava a figura de D. Américo Ferreira dos Santos Silva, bispo do Porto e criado cardeal pelo Papa Leão XIII, no Consistório de 12 de maio de 1879.

“Ninguém sonha ser cardeal, só se não tiver juízo”, indicou aos jornalistas, precisando que o vermelho cardinalício “é do martírio, do sangue, do testemunho do Cristo vivo”.

O responsável agradeceu as “centenas” de mensagens que recebeu, esperando que esta circunstância permita que “ainda mais jovens se sintam convidados para a Jornada”.

Qualquer cardeal é, acima de tudo, um conselheiro específico que pode ser consultado em determinados assuntos quando o Papa o desejar, pessoal ou colegialmente.