Arquidiocese de Braga -

31 outubro 2023

"A Igreja está atenta ao grito dos países em guerra" diz presidente dos Focolares

Fotografia Ricardo Perna

Parceria Consistório e Sínodo / Ecclesia - Octávio Carmo

Margaret Karram participou na XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos

\n

A responsável mundial do Movimento dos Focolares, Margaret Karram, afirmou que os participantes no Sínodo dos Bispos tinham na agenda o “grito dos países em guerra” e disse que o conflito entre Israel e a Palestina “não vai resolver nada”.

“Esta guerra não vai resolver nada. Mas todos nós devemos trabalhar pela paz e a Igreja pode ajudar-nos”, disse Margaret à Agência ECCLESIA.

A responsável mundial do Movimento dos Focolares, de origem palestina e nascida na cidade israelita de Haifa, que participou na XVI Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos durante o mês de outubro, disse que viveu “de forma muito forte” o momento de oração pela paz na Terra Santa, que decorreu no dia 27 por iniciativa do Papa Francisco, afirmando que ficou “verdadeiramente consternada” com o deflagrar do conflito.

“Escrevi imediatamente ao Papa, disse-lhe que oferecia isto, toda esta dor, pelo Sínodo e perguntei-lhe também se podíamos fazer alguma coisa. E foi bom, porque o Papa aderiu imediatamente ao dia de oração que também foi convocado pelo Patriarca de Jerusalém para rezar pela Terra Santa, no dia 27 de outubro. Houve uma oração no Vaticano, com adoração, à qual o mundo inteiro aderiu”, sublinhou.

Para Margaret Karram, a participação na oração pela paz no contexto do Sínodo dos Bispos foi um sinal de que a Igreja está atenta aos países que estão a sofrer e às “pessoas que são vítimas de injustiças”.

“Tínhamos tanto na agenda, mas a Igreja também faz parte do mundo e está atenta ao grito e, especialmente hoje, ao grito dos países em guerra, dos países que estão a sofrer, das pessoas que são vítimas de injustiça”.

A responsável mundial dos Focolares sublinhou que, no seguimento das palavras do Papa, é necessário “continuar a acreditar, a dar esperança e não desistir”, certos de que “há muitas pessoas que vivem para a paz e avançam com coragem”.

A respeito da Assembleia Geral do Sínodo, Margaret Karram disse que “foi uma experiência muito, muito profunda”, uma “experiência espiritual”. 

“Fui chamada como convidada especial, no entanto, quanto mais os dias passavam, mais eu sentia que foi um chamamento de Deus, para estar aqui ao serviço da Igreja. E se me permitem as palavras que me vêm tão espontaneamente, digo que as palavras que ficam comigo, e eu escuto, são: silêncio, conversão, caminho”, afirmou.

Para a responsável mundial do Movimento dos Focolares, as três semanas da Assembleia Geral do Sínodo são uma experiência de Igreja “histórica”.

“Estar aqui com todo o povo de Deus, isto é, com o Papa, com os cardeais, com os bispos, leigos, as mulheres, fez-me experimentar a beleza da Igreja e como a Igreja pode ser bela se vivermos neste estilo de sinodalidade” sustentou.

Margaret Karram referiu-se à experiência de escuta suscitada pelo Sínodo sobre a sinodalidade como inspiradora para o mundo que cria conflitos pelo facto de “não ouvir o outro, de não dar espaço às ideias, mesmo que nem sempre sejam convergentes, mas também diferentes, para culturas diferentes”. 

“Na minha opinião, se conseguimos ter um diálogo melhor, conseguimos encontrar soluções; por vezes, não conseguimos encontrar soluções, porque cada um fica com as suas ideias e afirma as suas ideias com veemência. Mas tenho a certeza de de que esta comunhão, esta escuta, faz-nos encontrar soluções impensáveis”, indicou a responsável Mundial do Movimento dos Focolares.