Arquidiocese de Braga -

25 janeiro 2024

“Ao jornalismo cabe sobretudo oferecer a comunicação de coração”

Fotografia DACS

DM - José Carlos Ferreira

Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais da CEP promoveu encontro para a apresentação da mensagem do Papa

\n

O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) defendeu ontem que “ao jornalismo cabe, sobretudo, oferecer a comunicação de coração”.

D. Nuno Brás manifestou esta sua convicção no encontro com jornalistas em Viana do Castelo para apresentar a Mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, e que tem por título “Inteligência Artificial e a Sabedoria do Coração.

Segundo o Bispo do Funchal, hoje não basta a informação. “O Papa chama a atenção, e tem-no feito várias vezes, para o facto de necessitarmos da comunicação de coração”. O prelado realça que ela distingue-nos como seres humanos do resto da realidade que nos circunda, “da realidade natural e daquela realidade que a inteligência humana criou e a que chamamos artificial”. “Necessitamos de uma informação exata e, sobretudo, verdadeira, que permita tomar decisões acertadas. Mas, necessitamos também de uma comunicação de coração, quer dizer, de uma comunicação que nos permita viver, de facto, como irmãos, e não como simples vizinhos ou condóminos deste mundo que é o nosso”, acrescentou.

Para D. Nuno, a comunicação de coração distingue o ser humano da inteligência artificial, na medida em que não dispensa a ética, nem a procura da verdade, bem como a capacidade de a afirmar e de a defender. “A comunicação de coração, como a defende do Papa Francisco na mensagem para a próxima jornada mundial da comunicação social, a ser celebrada no próximo dia 12 de maio, distingue-nos em particular da inteligência artificial”, disse. Ainda segundo o prelado, a inteligência artificial produz “admiravelmente novo conhecimento, mas é incapaz de uma comunicação de coração, é incapaz de decisão ética, a inteligência artificial não é um ‘eu’, é um conjunto artificial de produção de conhecimento”.

O Bispo de Funchal considerou que, graças à inteligência artificial “estamos a assistir a uma verdadeira revolução que irá transformar o modo que conhecemos, que irá ampliar o nosso conceito de realidade, que irá transformar o conceito de razão com que hoje trabalhamos, que irá mesmo revolucionar a noção de sentimento com que vivemos no quotidiano e o modo como nos relacionamos com o outro”. “Mas, a inteligência artificial não possui consciência, não tem motivação ética, limita-se a aplicar o método, não tem intuições, sobretudo não tem senso comum, não é capaz de dizer e de construir o ‘nós’, como não é capaz de dizer um ‘eu’.  A inteligência artificial tornará o mundo mais globalizado, tornará a vida mais veloz, abrirá dentro dos seres humanos um horizonte de conhecimentos e de possibilidades inesperadas e surpreendentes”, no entanto, “não será nunca o mistério pessoal que cada ser humano constitui, nem ser capaz de ser o ‘outro’” o “o próximo por quem eu possa morrer” realçou.

Ordem dos jornalistas

Neste encontro com os jornalistas em Viana do Castelo, e já no período de questões, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais defendeu a criação da Ordem dos Jornalistas. Segundo D. Nuno Brás, “esta era a altura dos jornalistas, definitivamente, dizerem que há regras e que estas regras somos nós que reconhecemos e somos nós que as defendemos”. “Acho que valia a pena retomar o caminho de uma Ordem dos Jornalistas”, sustentou.

Problema da desumanidade

Este encontro com jornalistas abriu com a intervenção do Bispo de Viana do Castelo.

D. João Lavrador realçou, a propósito da mensagem, do Papa que a preocupação de Francisco, preocupação que também é da Igreja, é crescer em humanidade, uma vez que um dos problemas dos nossos dias é a desumanidade.