Arquidiocese de Braga -

1 março 2024

Festival Internacional de Órgão abre repertório ao Cante Alentejano

Fotografia

DM - Jorge Oliveira

Serão 12 concertos dedicados à música coral, mobilizando mais de 500 músicos

\n

O Festival Internacional de Órgão de Braga regressa de 12 a 28  de abril, com 12 concertos dedicados à música coral, mais um que na edição do ano anterior, mobilizando mais de 500 músicos, entre coralistas, organistas e orquestras.

Depois de o ano passado o evento ter juntado a dança ao órgão, a edição deste ano apresenta, entre outras novidades, dois concertos onde se vai ouvir o Cante Alentejano. Será logo no concerto inaugural, a 12 de abril, na Sé de Braga, em que modas religiosas alentejanas vão ser cantadas (a partir das 21h30) por um grupo de cantadores de Serpa ao som de dois órgãos (com mais de 3 mil tubos) tocados pelo organista titular da igreja de Saint-Sulpice, em Paris, Daniel Roth, um dos renomados organistas a nível mundial.

No dia seguinte, este mesmo grupo (Cantadores da Aldeia Nova de S. Bento) dá um concerto no exterior do santuário de Bom Jesus do Monte, a partir das 10h30, onde vai interpretar modas populares tradicionais do Baixo Alentejo.

Apresentada dia 28 de fevereiro, na igreja paroquial de Adaúfe, com a presença do Arcebispo de Braga, do presidente da Câmara de Braga, do provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga e pelo juiz da Irmandade de Santa Cruz, esta décima edição vai passar ainda pela capela Imaculada (dia 13), igreja de S. Lázaro (13), igreja de S. Marcos (14), igreja de Santa Cruz (19), igreja dos Terceiros (20), igreja Nova de Prado (20), Basílica dos Congregados (21), igreja do Pópulo (26), igreja de Adaúfe (27) e igreja de Santo Adrião (28).

O diretor do festival, José Rodrigues, destacou como momento alto o concerto na igreja do Pópulo, intitulado “Te Deum”, com música da corte de Luís XIV, pelo organista Frédéric Descamps e com direção musical de Diogo Costa e participação do Coro e Orquestra do Distrito de Braga.  

De França vem o Choeur d’Enfants de Versailles (40 crianças), para o concerto coral na capela Imaculada com música de compositores franceses. 

O festival tem reservado também um concerto só com músicas de compositores bracarenses que frequentaram os Seminários de Braga, na igreja de S. Marcos. Para o encerramento, a organização propõe a 9ª Sinfonia de Beethoven, num concerto na igreja de Santo Adrião, que pretende ser um "hino aos valores universais". 

Dar futuro a este património

Na sessão, o Arcebispo de Braga destacou a importância de levar a cultura a todos os lugares numa Arquidiocese que sente o peso da história e onde o órgão – "expressão máxima da música para a liturgia e não só" – tem uma longa tradição.

"Basta lembrar que temos a Catedral mais antiga de Portugal e mais antiga que Portugal. Este ano celebramos 935 anos da dedicação da igreja Catedral e esta interligação do órgão com o grupo coral dá-lhe a humanidade que vai para lá da música, da cultura, da arte", disse D. José Cordeiro.

Lembrando este legado cultural e espiritual deixado pelos antepassados, o prelado referiu que toca a quem hoje tem responsabilidades nesta área, numa articulação entre município, Arciprestado e Arquidiocese, "preservar e divulgar este património e dar-lhe futuro, não esquecendo as raízes".

Para o presidente da Câmara de Braga, este projeto, com dez anos, além da sua "dimensão histórica e identitária", "tem feito a diferença" no que se refere à valorização da cidade de Braga, "contribuído para a salvaguarda e valorização deste património".

"Independentemente do período do festival e das atuações previstas em cada um deles, associado ao festival está também uma reabilitação de muitos órgãos e a colocação destes mesmos órgãos ao serviço das comunidades", acrescentou Ricardo Rio.

O edil sublinhou ainda a capacidade deste projeto cultural atrair inúmeros visitantes a Braga, resultando numa "enorme mais valia económica para a cidade".

O diretor do festival acredita que a edição deste ano vai receber mais de 6 mil espectadores, o número registado o ano passado. 

O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Braga, Bernardo Reis, além de enaltecer a capacidade de atração de visitantes e a mais valia económica do festival, notou que o evento tem contribuído para restaurar muitos órgãos em Braga.

Quando o festival foi lançado, em 2004, havia 11 em funcionamento no concelho, hoje há 21, mas "ainda falta dar voz a cerca de 30", disse o diretor do festival.

A este propósito, José Rodrigues defendeu a necessidade de em Braga se delinear uma estratégia para a recuperação de órgãos e formação de novos organistas.

Sonho de um museu

Em jeito de desafio, partilhou o “sonho” de ver Braga dotada de um «grande auditório público» com um "grande órgão de tubos" e de um museu do órgão e da música, sugerindo o coro alto da igreja do Pópulo como o espaço apropriado para guardar o espólio existente e ponto de partida para criar um circuito de visitação e interpretação.   

O juiz da Irmandade de Santa Cruz deixou o desejo de que este festival, organizado em conjunto pela Arquidiocese, Município, Santa Casa da Misericórdia e Irmandade de Santa Cruz, e que tem o Alto Patrocínio do Presidente da República, "ajude a elevar o espírito" bem como "a criar uma cidade harmoniosa, provando que a música é uma linguagem universal que pode ajudar a uma harmonia entre todos".

A entrada nos concertos é livre e gratuita.