Arquidiocese de Braga -
11 março 2007
A alegria de ser família
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Fotografia
D. Jorge Ortiga
(Nos 75 anos da Obra de Santa Zita. Eucaristia na Sé Catedral, às 15h30)
\nA celebração das Bodas de Diamante da Obra de Santa Zita conduz-nos, necessariamente, ao essencial do carisma do seu fundador: “Salvando a Família é todo o mundo que é salvo”. O facto da Arquidiocese continuar a apostar no serviço que deve prestar à família, facilita a nossa reflexão como acção de graças pela presença deste carisma entre nós e como interpelação e proposta a aceitar ou confirmar novos desafios.
Sabemo-nos mergulhados num fenómeno de pluralidade de formas de vida familiar. Este confronto, ideológico e concreto, impele-nos não a relativizar ou aceitar esta realidade como inevitável. Conduz-nos a acolher uma renovada identidade da família. A dúvida sobre o seu valor nunca poderá invadir-nos mas o conhecer deste fenómeno obriga-nos a considerar e reconhecer que a família tem o seu enraizamento na natureza concreta do homem e da mulher. Na verdade, a família como realidade estável e fundada na aliança fiel deve constituir o fundamento duma sociedade verdadeiramente humana. Mais ainda, a qualidade do contexto social depende da saúde das famílias. O seu dinamismo interno deve acompanhar a evolução histórica mas a sua identidade essencial não pode desmoronar-se.
Quando alguns falam de crise da família não podem colocar em questão o instituto familiar. Trata-se dum confronto com realidades novas que reforçam ou devem reforçar os laços familiares em novos contornos e referências. Perante as contínuas transformações da sociedade, ela mantém a sua plena identidade. Daí que seja imperiosa dar, na pastoral da Igreja, uma centralidade à família através duma valorização maior, capaz de fazer com que a experiência cristã, alicerçada na opção pessoal e individual, parta da família e conduza à revitalização da mesma. Nunca poderemos prescindir desta responsabilidade sabendo que a sua estrutura essencial não nos dispensa dum dinamismo permanente de quem não repousa, dum modo estático, numa pastoral rotineira. Teremos de regressar à família e fazer com que ela gere uma Igreja e uma sociedade nova.
A família não é um lugar ou um espaço. Ela está aí mas está para além dessas condições. Só a capacidade dum relacionamento afectivo e efectivo tornará a família naquilo que ela é.
A Igreja sempre prestou atenção à realidade familiar. Nos últimos tempos talvez tenhamos ficado por uma exaltação teórica sem um acompanhamento adequado. Existem movimentos e estruturas. Só que, estou convencido disso, são ocasionais para alguns momentos ou para pequenos grupos. Importa que a atenção à família seja permanente e para todos.
O carisma da Obra de Santa Zita, protagonizado pelo Instituto Secular das Cooperadoras da Família, pode ser ajuda preciosa pelo seu contributo específico e pelo anúncio a semear no seio das comunidades. A Boa Nova da Família deve ser anunciada e teremos de nos preparar, talvez formar, para ser família naquele projecto que a Sabedoria da Igreja delineou e que continua a ser a alternativa que alguns poderão não querer aceitar mas que o futuro comprovará a sua vitalidade.
A presença da Obra de Santa Zita na cidade de Braga é conhecida e reconhecida por quem por lá passou e por quem vive minimamente atento aos dinamismos da vida social. Os seus benefícios espelham-se em muitas famílias de Braga ou do Norte.
Sabemos que o trabalho realizado com as empregadas domésticas está ultrapassado ou prestes a ser. Há, porém, uma novidade a acolher: preparar para viver em família, com responsabilidade, é apostolado e missão a redescobrir. Sei que, por parte das Cooperadoras da Família, existe uma total disponibilidade para organizar e acompanhar esta preparação. Assim as pessoas o queiram. São variadíssimas as dimensões a ter em consideração: economia doméstica, culinária, decoração, momentos de convívios, … tudo coisas que parecem pequenas mas que constituem a causa da alegria em viver em casa com prazer e bem-estar. Parece que a sociedade moderna está condenada a experimentar os momentos de festa e de prazer fora de casa. A intimidade dum lar, com um mínimo de criatividade e iniciativa, é a força retemperadora para encarar os conflitos laborais, as inseguranças sociais, os contratempos emergentes dum trabalho repartido, etc…
Os problemas que afectam a realidade familiar também são muito complexos. Iremos procurar dar-lhes respostas. Dentro de dias e a partir da Casa de Santa Zita, iremos iniciar quanto anunciei no dia da Imaculada Conceição: um Centro de Acompanhamento à Vida e à Família. Rezemos, desde já, pelos resultados.
A primeira leitura apresenta a responsabilidade de Moisés em dar de beber a um povo sequioso. A Samaritana tem a possibilidade duma água sempre igual; Cristo dá-lhe uma água diferente que é o dom que Deus tem para lhe oferecer. Estou a intuir a “sede” que as nossas famílias vivem de algo diferente. Não faltam ajudas para uma vida familiar feliz. Só que, em muitos casos pode faltar o essencial dum relacionamento alegre através dum convívio sereno que se deve aprender. Educar para viver em família com todas as implicações é uma tarefa prioritária.
Será utopia da minha parte este convite a regressar a casa? A Segunda Leitura diz que a “esperança não engana”. Acredito que a esperança dum mundo diferente está na alegria de ser família através dum esforço contínuo e permanente, interpretado por cada um, dando beleza a pequenos pormenores.
Agradeçamos, em eucaristia, as maravilhas realizadas pelas Cooperadoras das Famílias e sintamos que, com Maria, teremos de tornar a nossa família mais família através das coisas materiais e dum intensificar de momentos que nos marcam para sempre.
+ Jorge Ferreira da Costa Ortiga,
Arcebispo Primaz
Sabemo-nos mergulhados num fenómeno de pluralidade de formas de vida familiar. Este confronto, ideológico e concreto, impele-nos não a relativizar ou aceitar esta realidade como inevitável. Conduz-nos a acolher uma renovada identidade da família. A dúvida sobre o seu valor nunca poderá invadir-nos mas o conhecer deste fenómeno obriga-nos a considerar e reconhecer que a família tem o seu enraizamento na natureza concreta do homem e da mulher. Na verdade, a família como realidade estável e fundada na aliança fiel deve constituir o fundamento duma sociedade verdadeiramente humana. Mais ainda, a qualidade do contexto social depende da saúde das famílias. O seu dinamismo interno deve acompanhar a evolução histórica mas a sua identidade essencial não pode desmoronar-se.
Quando alguns falam de crise da família não podem colocar em questão o instituto familiar. Trata-se dum confronto com realidades novas que reforçam ou devem reforçar os laços familiares em novos contornos e referências. Perante as contínuas transformações da sociedade, ela mantém a sua plena identidade. Daí que seja imperiosa dar, na pastoral da Igreja, uma centralidade à família através duma valorização maior, capaz de fazer com que a experiência cristã, alicerçada na opção pessoal e individual, parta da família e conduza à revitalização da mesma. Nunca poderemos prescindir desta responsabilidade sabendo que a sua estrutura essencial não nos dispensa dum dinamismo permanente de quem não repousa, dum modo estático, numa pastoral rotineira. Teremos de regressar à família e fazer com que ela gere uma Igreja e uma sociedade nova.
A família não é um lugar ou um espaço. Ela está aí mas está para além dessas condições. Só a capacidade dum relacionamento afectivo e efectivo tornará a família naquilo que ela é.
A Igreja sempre prestou atenção à realidade familiar. Nos últimos tempos talvez tenhamos ficado por uma exaltação teórica sem um acompanhamento adequado. Existem movimentos e estruturas. Só que, estou convencido disso, são ocasionais para alguns momentos ou para pequenos grupos. Importa que a atenção à família seja permanente e para todos.
O carisma da Obra de Santa Zita, protagonizado pelo Instituto Secular das Cooperadoras da Família, pode ser ajuda preciosa pelo seu contributo específico e pelo anúncio a semear no seio das comunidades. A Boa Nova da Família deve ser anunciada e teremos de nos preparar, talvez formar, para ser família naquele projecto que a Sabedoria da Igreja delineou e que continua a ser a alternativa que alguns poderão não querer aceitar mas que o futuro comprovará a sua vitalidade.
A presença da Obra de Santa Zita na cidade de Braga é conhecida e reconhecida por quem por lá passou e por quem vive minimamente atento aos dinamismos da vida social. Os seus benefícios espelham-se em muitas famílias de Braga ou do Norte.
Sabemos que o trabalho realizado com as empregadas domésticas está ultrapassado ou prestes a ser. Há, porém, uma novidade a acolher: preparar para viver em família, com responsabilidade, é apostolado e missão a redescobrir. Sei que, por parte das Cooperadoras da Família, existe uma total disponibilidade para organizar e acompanhar esta preparação. Assim as pessoas o queiram. São variadíssimas as dimensões a ter em consideração: economia doméstica, culinária, decoração, momentos de convívios, … tudo coisas que parecem pequenas mas que constituem a causa da alegria em viver em casa com prazer e bem-estar. Parece que a sociedade moderna está condenada a experimentar os momentos de festa e de prazer fora de casa. A intimidade dum lar, com um mínimo de criatividade e iniciativa, é a força retemperadora para encarar os conflitos laborais, as inseguranças sociais, os contratempos emergentes dum trabalho repartido, etc…
Os problemas que afectam a realidade familiar também são muito complexos. Iremos procurar dar-lhes respostas. Dentro de dias e a partir da Casa de Santa Zita, iremos iniciar quanto anunciei no dia da Imaculada Conceição: um Centro de Acompanhamento à Vida e à Família. Rezemos, desde já, pelos resultados.
A primeira leitura apresenta a responsabilidade de Moisés em dar de beber a um povo sequioso. A Samaritana tem a possibilidade duma água sempre igual; Cristo dá-lhe uma água diferente que é o dom que Deus tem para lhe oferecer. Estou a intuir a “sede” que as nossas famílias vivem de algo diferente. Não faltam ajudas para uma vida familiar feliz. Só que, em muitos casos pode faltar o essencial dum relacionamento alegre através dum convívio sereno que se deve aprender. Educar para viver em família com todas as implicações é uma tarefa prioritária.
Será utopia da minha parte este convite a regressar a casa? A Segunda Leitura diz que a “esperança não engana”. Acredito que a esperança dum mundo diferente está na alegria de ser família através dum esforço contínuo e permanente, interpretado por cada um, dando beleza a pequenos pormenores.
Agradeçamos, em eucaristia, as maravilhas realizadas pelas Cooperadoras das Famílias e sintamos que, com Maria, teremos de tornar a nossa família mais família através das coisas materiais e dum intensificar de momentos que nos marcam para sempre.
+ Jorge Ferreira da Costa Ortiga,
Arcebispo Primaz
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