Arquidiocese de Braga -

27 janeiro 2025

Vida de S. Frutuoso retratada em mostra permanente em Real

Fotografia DM

 DM - Jorge Oliveira

Uma exposição permanente sobre a vida de S. Frutuoso acaba de ser instalada na igreja paroquial de Real, próxima da capela de S. Frutuoso, que integram o roteiro dos “4 Arcebispos Santos de Braga”.

Patente numa ala de acesso à sacristia, a mostra é composta por 25 quadros da autoria da artista Ana Maria Martinez, que retratam fases marcantes da vida de S. Frutuoso, e cerca de 20 quadros de cenas religiosas, oferecidos à paróquia por artistas locais.

A exposição contará ainda com um quadro maior alusivo à morte de S. Frutuoso.

O cónego Hermenegildo Faria, pároco de Real, partilhou a novidade durante uma ação de formação sobre os 4 Arcebispos Santos de Braga, organizada ontem pela Pastoral do Turismo da Arquidiocese de Braga, em parceria com o Sindicato Nacional de Atividade Turística, Tradutores e Intérpretes (SNATTI), no dia 24 de janeiro. A formação, que inclui uma visita aos locais assinalados no roteiro - Dume, Real, Sé e igreja de S. Paulo, contou com a participação de cerca de 50 guias intérpretes e tradutores de várias regiões do país.

O sacerdote destacou a importância da exposição para ajudar os visitantes a compreenderem melhor a história de São Frutuoso, um dos grandes santos da tradição bracarense.

“Temos aqui uma exposição permanente que ilustra a vida de São Frutuoso, com quadros de uma artista a residir em Real, e também quadros de pintores locais que foram deixados à paróquia. É uma forma de preservar a memória deste santo e de partilhar com todos aqueles que visitam a nossa comunidade o seu legado espiritual”, afirmou.

O sacerdote sublinhou que Braga oferece uma vasta gama de sítios de interesse histórico, cultural e espiritual, como o Sameiro, o Bom Jesus e a Sé, e o roteiro dos quatro Arcebispos permite uma imersão profunda numa parte da história de Braga, do século VI até o século XVI.

São Frutuoso, que foi Bispo Metropolita de Braga entre 656 e 665, tem uma forte ligação a Real, onde, segundo os relatos, mandou construir uma capela para a sua sepultura, com um mosteiro dedicado a São Salvador. 

Rui Ferreira lembrou que a capela foi «bastante mutilada» no século XVIII e restaurada entre 1931 e 1938, mas o restauro está inacabado devido «às muitas polémicas entre a linha visigotista e a linha moçarabista».

Apesar das controvérsias sobre as influências arquitetónicas do tempo, hoje é amplamente aceite que a capela é de origem visigótica.

“E a tese do armamento, de que esta zona ficou desabitada e foi destruída no período muçulmano, também hoje cai por terra perante os dados da arqueologia. Portanto, esta será a capela primitiva do sepultamento de São Frutuoso”, acrescentou o historiador.

Rui Ferreira, especialista na história da cidade de Braga, lembrou ainda o episódio caricato segundo o qual as relíquias de S. Frutuoso foram levadas para Santiago de Compostela pelo “ardiloso arcebispo Diego Gelmires”, em 1102, que «pretendia, de alguma forma, menorizar a influência de Braga, que estava a ver os seus poderes restituídos naquele período».

Mais de oito século depois de terem sido “roubadas”, as relíquias foram parcialmente devolvidas a Braga, em 1966. Uma parte encontra-se em Compostela e outra parte permanece guardada em Real.

A exposição sobre São Frutuoso na igreja de Real vem enriquecer a aposta crescente de valorização do turismo religioso em Braga.

Segundo o cónego Hermenegildo Faria, o roteiro dos “4 Arcebispos Santos de Braga” oferece uma oportunidade única de conhecer não só a história, mas também o legado espiritual de grandes figuras da Igreja, que desempenharam papéis reconhecidos ao longo dos séculos.

O grupo de guias e tradutores teve a oportunidade de visitar, além da Capela de São Frutuoso, o núcleo museológico de S. Martinho de Dume, a Capela de São Geraldo, na Sé de Braga, e a igreja de S. Paulo, contando com as explicações e contextualização históricas de Rui Ferreira.



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