Arquidiocese de Braga -

A igreja paroquial de Duas Igrejas foi pequena para acolher a numerosa assembleia de fiéis que se reuniu, ontem, para celebrar a memória do jovem beato Carlo Acutis e também do falecido Papa Francisco.

“Duas grandes figuras da esperança que devem inspirar-nos a todos”, disse o Arcebispo Metropolita de Braga, na Eucaristia solene a que presidiu nesta paróquia do arciprestado de Vila Verde, lembrando que ambos visitaram o nosso país, estiveram em Fátima, “o coração espiritual de Portugal”.

Inicialmente, esta Missa era para celebrar a oficialização da canonização do jovem beato italiano, marcada para este domingo, mas o ritual foi suspenso devido ao falecimento do Papa Francisco, no dia 21 de abril.

D. José Cordeiro, que esteve no funeral do pontífice, no sábado, destacou a admiração e carinho que os milhares de jovens presentes na Praça de São Pedro, para o Jubileu a eles dedicado, manifestaram no último adeus a Francisco.

“E não estavam todos no funeral, porque cerca de 80 mil invadiram a cidade de Assis para ir ao túmulo de Carlo Acutis”, disse.

A celebração de ontem em Duas Igrejas iniciou-se com a bênção, por D. José José Cordeiro, do novo altar dedicado a Carlo Acutis, o qual contém uma relíquia de primeiro grau do beato.

Destaque para a presença de inúmeras crianças, adolescentes e jovens, pertencentes à Catequese, Agrupamento de Escuteiros e outros movimentos da paróquia. Marcou também presença na celebração a presidente da Câmara de Vila Verde, Júlia Fernandes, entre outros autarcas e dirigentes convidados.

Esta paróquia de Vila Verde foi a primeira a promover o culto a Carlo Acutis, colocando em exposição desde 2022 uma relíquia do jovem à veneração pública. Neste II Domingo da Páscoa e Domingo da Misericórdia, o Arcebispo Metropolita de Braga incentivou os cristãos, especialmente os mais jovens, a viverem uma fé autêntica e criativa, inspirada na vida do beato Carlos Acutis.

“Que cada um de nós seja original, não fotocópia de ninguém, e não tenha medo de ser feliz, não tenha medo de ser cristão como foi Carlo Acutis”, exortou D. José Cordeiro. 

O prelado referiu-se ao jovem beato italiano, nascido em Inglaterra, como um “adolescente extraordinário” que durante a sua curta, mas preenchida vida, procurou sempre ser original, ao ponto de usar a Internet para evangelizar.

Meses antes de falecer, com leucemia, Acutis documentou milagres eucarísticos e aparições marianas aprovados em todo o mundo e catalogo-os num site que ele criou. Além do domínio da informática, Carlo Acutis ficou conhecido pela alegria que irradiava e pela devoção à Eucaristia.

“Hoje muitas pessoas encontram-se com Jesus através do seu testemunho, da sua alegria, da sua originalidade. Cada um de nós tem que ser original, não tem que ter medo, nem de ir atrás do ídolos, nem das pessoas que admira nas redes sociais ou noutro meios digitais, mas tem que ser igual a si mesmo, fiel à sua consciência, aos valores que recebeu”, disse D. José Cordeiro.

Na homilia, o Arcebispo fez uma reflexão centrada no desafio da santidade pessoal e da autenticidade cristã, inspirando-se tanto em palavras do Papa Francisco, que lhe dirigiu numa carta, em 2021, enquanto presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade, como na célebre máxima de Carlo Acutis: “Todos nascem como originais, mas muitos morrem como fotocópias”.

Nessa carta, a propósito da 25.º Peregrinação dos Acólitos em Fátima, Francisco afirma que a vida de um cristãos deve um “estímulo profético que sirva de inspiração para os outros, que deixe uma marca neste mundo”.

Neste oitavo dia da Páscoa, D. José centrou ainda a sua reflexão na Páscoa de Jesus Cristo, recordando que O ressuscitado continua a manifestar-se e o encontro com Ele “transfigura o coração e a razão e lança-nos o enorme desafio da missão”.