Arquidiocese de Braga -
1 maio 2025
Mensagem do MMTC por ocasião do Dia Internacional do Trabalho

MOVIMENTO MUNDIAL DE TRABALHADORES CRISTÃOS - MMTC
1 de maio de 2025
Desde 1890, o 1º de maio é reconhecido como um dia de protesto e de reivindicação dos direitos dos trabalhadores. É também um dia para celebrar as conquistas e os ganhos da classe trabalhadora. Nesta ocasião, o Movimento Mundial dos Trabalhadores Cristãos (MMTC) convida os seus membros a juntarem-se a outros trabalhadores de todo o mundo, a fim de “chamar sempre a atenção para a dignidade e os direitos de quem trabalha, denunciar as situações de desrespeito dessa dignidade e desses direitos e ajudar a orientar as mudanças necessárias para assegurar um verdadeiro progresso do ser humano e da sociedade”. (João Paulo II, Laborem Exercens). Em 2025, este apelo é lançado através desta mensagem do MTKR-Movimento de Trabalhadores Cristãos de Ilha da Reunião.
A dignidade de “comer o fruto do nosso trabalho”.
Numa altura em que o nosso mundo enfrenta grandes convulsões geopolíticas, os poucos beneficiários do sistema capitalista farão tudo o que estiver ao seu alcance para proteger os seus interesses. A vida e a dignidade dos trabalhadores estão ameaçadas, pois são considerados meras ferramentas que podem ser descartadas em troca de dinheiro.
Na Reunião, após a crise da Covid-19, o governo aumentou significativamente o número de contratos subsidiados (empregos parcialmente financiados pelo Estado). Ao mesmo tempo, foi promovido o desenvolvimento de microempresas. Como resultado, em 2022, a taxa de desemprego (tal como definida pela OIT) na Reunião, atingiu um nível historicamente baixo de 18,1%, em comparação com 7,3% na França continental. Contudo, apesar destas melhorias, a taxa de desemprego continua a ser alarmantemente elevada, especialmente entre os jovens dos 15 aos 24 anos, onde atinge uns preocupantes 41,9% (fonte: insee.fr). Com a atual conjuntura económica e as orientações políticas, é provável que o número de desempregados volte a aumentar, uma vez que os salários são a variável de ajustamento preferida para equilibrar as contas públicas.
A concentração da riqueza mundial nas mãos de 1% da população gera desigualdades que afetam gravemente os mais desfavorecidos. De acordo com especialistas, esta violência económica não é fortuita, é a dura realidade da nossa sociedade atual. Na Ilha da Reunião, um grupo internacional, presente em vários sectores de atividade, detém 37% da quota de mercado, o que representa 45% das despesas atuais dos consumidores (fonte: Observatoire des Prix, Margins et Revenues de l'Ile de la Réunion). Perante esta situação, como é que se pode esperar uma diminuição real da inflação? Basta ver, por exemplo, o aumento do preço da água engarrafada quando um ciclone atingiu a ilha em março deste ano.
Além disso, existem desigualdades salariais entre homens e mulheres, bem como salários inferiores à média nacional para níveis de educação equivalentes. Compreendemos os jovens da Ilha da Reunião que, após os seus estudos, optam por sair do país e não querem voltar para trabalhar na sua ilha natal.
A importância da Manifestação
Então, porquê manifestar-se no dia 1 de maio, perguntam alguns, os mais desfavorecidos sentem que continuarão sempre na pobreza, as suas esperanças num futuro melhor desapareceram. De que serve sair à rua se não somos ouvidos? Vale mesmo a pena? Sim! Como cidadãos ativos, devemos estar presentes nas ruas, manifestar o nosso desacordo com um sistema económico que desumaniza os trabalhadores. Devemos mostrar a nossa solidariedade para com aqueles cujo fim do mês é cada vez mais difícil.
A Inteligência Artificial e a Dignidade do Trabalho
A inteligência artificial, apresentada como uma grande evolução tecnológica, está ao serviço de uma economia global que está a transformar as nossas vidas a uma velocidade vertiginosa. Devemos desenvolver as nossas capacidades humanas para as colocar ao serviço da dignidade dos trabalhadores. Como cristãos, como batizados, devemos apoiar a defesa dos últimos, dos que sofrem injustiças, desigualdades e discriminações. Devemos defender o direito à dignidade e ao trabalho digno para todos, com amor e solidariedade... um verdadeiro projeto de vida.
Reflexão final
O dia 1 de maio é também a festa de São José, o trabalhador, operário e artesão, símbolo de dignidade, segundo o Papa. Rezemos-lhe para que cada trabalhador possa encontrar ou redescobrir “o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão que é fruto do seu trabalho.... E que encontremos caminhos que nos comprometam a dizer: não há jovem, não há pessoa, não há família sem trabalho”, como afirmou o Papa Francisco.
Esta mensagem é um apelo à ação e à reflexão. Neste Dia do Trabalhador, unamo-nos na solidariedade e no compromisso de lutar por um futuro em que a dignidade do trabalho seja uma realidade para todos. Que este dia nos inspire a seguir em frente, a não desistir perante a adversidade e a trabalhar em conjunto por um mundo mais justo e equitativo.
Mensagem escrita pelo Movimento dos Trabalhadores Cristãos da Ilha da Reunião (MTKR)
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