Arquidiocese de Braga -

8 julho 2025

Bom Jesus afirma-se como voz da ecologia integral

Fotografia Avelino Lima

DM - Luísa Teresa Ribeiro

DM - Joaquim Martins Fernandes

O Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, celebrou, ontem, no Bom Jesus, a Missa pelo Cuidado da Criação, afirmando o espaço como voz da ecologia integral.

A eucaristia assinalou o 10.º aniversário da elevação do Bom Jesus a Basílica Menor e seis anos da inscrição na lista do Património Mundial da UNESCO.

A celebração seguiu o formulário e as leituras da Missa pelo Cuidado da Criação, que o Dicastério para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos anunciou na passada quinta-feira. 

Esta nova intenção para a celebração eucarística surge na sequência da Encíclica “Laudato si”, do Papa Francisco, que Leão XIV vai celebrar amanhã pela primeira vez.

Depois de uma conferência sobre a água como dom e responsabilidade, o prelado classificou o Bom Jesus como um «lugar magnífico», que se afirma como «voz e lugar profético da ecologia integral».  

D. José exortou a que, em vez de se destruir a beleza da natureza, da casa comum, da criação, cada um faça da sua vida um lugar de ecologia inteira. «O decreto deste formulário de leituras bíblicas para a Missa pelo Cuidado da Criação aponta para este espírito mais alargado no horizonte de esperança, onde o sopro vital do próprio Espírito faz com que nos tornemos dóceis a este mesmo sopro de vitalidade, para que cuidemos com amor da obra das mãos de Deus», disse.

O Arcebispo Metropolita incentivou a que haja cidadãos e cristãos ecológicos. «A ecologia integral contempla o ambiente, a economia, o que é social, cultural e a vida de cada um de nós no dia a dia, na busca do bem comum, da justiça intergeracional, da educação na espiritualidade ecológica, para que possamos ter outro estilo de vida. É isso com que também sonhamos e que gostaríamos que acontecesse, ainda mais e melhor, neste Santuário do Bom Jesus do Monte», declarou.

Acrescentou que «os santuários não são apenas monumentos, por mais belos que sejam, mas são lugares de encontro, até de transformação de vida». Por isso, foi pedido ao reitor do santuário que esteja a tempo inteiro, para que o templo seja cada vez mais um lugar «de hospitalidade integral».

A celebração foi marcada pela entronização de D. José Cordeiro como irmão honorário da Confaria do Bom Jesus do Monte e de mais quatro novos membros.

UNESCO destaca cuidado do Bom Jesus para manter esta “herança para as gerações futuras”

A secretária executiva da Comissão Nacional da UNESCO, Rita Brasil, afirmou ontem que o Bom Jesus de Braga «está a fazer um bom caminho», desde que foi elevado a Património Mundial da UNESCO. Falando à margem das comemorações dos seis anos da inscrição na Lista do Património Mundial da UNESCO e dos 10 anos de elevação a Basílica, que se realizaram ontem, Rita Brasil notou que manter os critérios para se continuar com o título de Património Mundial é uma tarefa difícil, mas que está a ser bem realizada no santuário bracarense. 

A responsável da UNESCO acrescentou que «tem havido aqui um esforço de acompanhamento das questões que têm de ser tidas em conta». A representante da Comissão Nacional da UNESCO considerou «uma boa ideia» o ter-se criado «um órgão que acompanha» a concretização do programa definido aquando da elevação a Património Mundial. «É uma boa prática que envolve não só a Confraria, mas também a Câmara Municipal de Braga, organizações, e a própria Comissão Nacional do UNESCO também está tem assento [no Conselho Geral] e, portanto, vejo que há aqui um cuidado de manter esta herança para as gerações futuras, como é sua responsabilidade». 

Rita Brasil destacou também os investimentos que foram propostos pela UNESCO estão a cumprir a calendarização. «Eu não queria entrar nesse detalhe neste momento, até porque recentemente há uma decisão que está a ser estudada pelo Comité de Património Mundial, que está a reunir desde o dia 6 de julho, mas está a ser respeitada a canalização. Os relatórios que têm sido solicitados, têm sido apresentados e continuamos a acompanhar essas recomendações. Isto é um trabalho muito vasto, são questões que não dependem só de uma entidade, mas que envolvem também os cidadãos, porque o Património Mundial é de todos», resumiu.

Confraria do Bom Jesus liga o turismo religioso ao encontro de culturas 

O presidente da Confraria do Bom Jesus do Monte, cónego Mário Martins, ligou ontem o turismo religioso que se vive no santuário ao «crescimento pessoal» e ao «encontro entre culturas». E deixou claro que a instituição a que preside não ignora a responsabilidade de garantir que o espaço sagrado continue a ser de «autêntica espiritualidade» e de «reflexão sobre as questões humanas fundamentais».     

«O turismo, como o que acontece aqui nesta estância, é visto como uma oportunidade para o crescimento pessoal e para o encontro entre culturas, além de ser um instrumento para a construção de pontes e a promoção da paz e da espiritualidade», disse Mário Martins, que falava na sessão de abertura das comemorações dos seis anos da inscrição do Bom Jesus do Monte na Lista do Património Mundial da UNESCO e dos 10 anos de elevação a Basílica.  

Lembrando a mensagem da Santa Sé para o Dia Mundial do Turismo 2025, Mário Martins sublinhou que para que o santuário seja orientado para «o aprofundamento das questões vitais dos homens e mulheres do nosso tempo», a Confraria do Bom Jesus assume o «dever» de «estar atenta» e garantir que o santuário cristológico continue a ser um espaço sagrado «de autêntica espiritualidade, onde o coração encontra consolo e se favorece a reflexão sobre questões humanas fundamentais, através do silêncio, da oração e do diálogo com todos».

Sobre as duas distinções que ontem foram oficialmente abertas – Património Mundial e elevação a Basílica, o presidente da Confraria do Bom Jesus afirmou «são, antes de mais, o reconhecimento da singularidade espiritual, patrimonial e cultural» do santuário. E vincou que «são também um apelo à continuidade, à ação e ao cuidado permanentes com este Santuário, que é, há séculos, lugar de sinodalidade, de encontro e reencontro para todos os que o visitam, assim como lugar de convergência entre a fé, a arte e a natureza, que aqui se entrelaçam num encanto perfeito e único, capaz de nos deliciar e arrebatar todos os sentidos».

As comemorações ontem inauguradas prosseguem até ao dia 12 de julho. O programa reserva para amanhã, dia 9, uma visita guiada ao santuário, pelas 18h, e um espetáculo  às 21h45, que é grátis.