Arquidiocese de Braga -
14 outubro 2025
D. José diz que novo santuário de Balasar é «lugar de esperança para o futuro»

DM - Jorge Oliveira
A Arquidiocese de Braga celebrou, ontem, a festa litúrgica da Beata Alexandrina Maria da Costa no novo santuário em Balasar, que, apesar de ainda estar em obras, abriu-se para acolher largas centenas de peregrinos provenientes de vários pontos do país e do estrangeiro.
A celebração eucarística, que assinalou o 70.º aniversário do falecimento da Beata, foi presidida pelo Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, e concelebrada pelo Arcebispo Emérito, D. Jorge Ortiga, pelo pároco de Balasar, padre Manuel Casado Neiva, e por diversos sacerdotes do arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim.
Na homilia, D. José Cordeiro referiu-se ao novo santuário eucarístico de Balasar, dedicado a Alexandrina, como um «lugar de esperança para o futuro» e apelou a que na comunidade todos possam viver para a Eucaristia e pela Eucaristia como Alexandrina.
«Balasar tem uma grande responsabilidade na Arquidiocese de Braga, na Igreja que peregrina em Portugal, na Igreja que está presente no mundo, a Igreja católica, porque aqui se encontra uma mensagem muito forte, e quem aqui vem se deixa tocar e salvar pelo mistério que iluminou a vida desta mulher eucarística», afirmou o prelado.
Na sua reflexão, intitulada “70 anos da Páscoa eterna de Alexandrina Maria”, o Arcebispo destacou a importância da centralidade da Eucaristia na vida dos cristãos, referindo que só é possível ter uma vida em plenitude vivendo alimentado pela Eucaristia.
Apontou os exemplos da Beata Alexandrina e de São Carlo Acutis, cuja festa litúrgica foi celebrada no passado domingo, dois jovens vítimas de doenças graves, que compreenderam o valor da Eucaristia.
«A Eucaristia não é um prémio para os impecáveis, porque pessoas impecáveis não existem. Todos somos pecadores (amados por Deus) e temos fraquezas e pecados, porque todos somos criaturas finitas. A Eucaristia é um remédio para a nossa fraqueza, é força para lutarmos contra o mal e contra o pecado», enfatizou.
Afirmando que a Eucaristia é o «pão da esperança», o prelado lamentou haver ainda muitos cristãos nas celebrações a recusar a comunhão, ou a comungar só imediatamente à confissão, como se este sacramento tivesse um prazo de validade.
«Deste modo, estão a abster-se de uma grande força, estão a abster-se de receber o próprio Deus. […] Cristo está presente na Eucaristia, dando-se-nos em alimento, para que a nossa união com Ele seja cada vez mais profunda. Não está na Eucaristia por estar; está porque na Sua grande misericórdia, Deus não nos quer deixar sós, nem desamparados», salientou D. José. O Arcebispo incentivou os cristãos a seguirem o exemplo de Alexandrina e de Carlo Acutis – que «sacrificaram a vida vivendo pela Eucaristia», orientando a sua vontade pela vontade de Deus, o que os levou à santidade –, em vez de olharem apenas para si mesmos, para as sua necessidades, esquecendo Deus, os irmãos, os mais pobres e os mais sós. «A santidade também está ao nosso alcance, basta termos o desejo de viver com Deus, em Deus e para Deus», acrescentou o prelado.
Novo santuário resulta de projeto de D. Jorge recebido com «entusiasmo» por D. José
A Missa solene da festa litúrgica em honra da Beata Alexandrina marcou a abertura provisória do novo santuário eucarístico de Balasar, um complexo religioso grandioso que deverá ficar concluído em 2026.
No final da celebração, o pároco, o padre Manuel Casado Neiva expressou o seu agradecimento ao Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, pela presença nas celebrações de ontem e de domingo, e dirigiu uma saudação muito particular ao Arcebispo Emérito, D. Jorge Ortiga, recordando que foi este quem lançou as bases do novo santuário dedicado a Alexandrina.
«Já nos anos 80 do século passado, quando era Bispo auxiliar de Braga, D. Jorge dizia que queria fazer em Balasar um centro de espiritualidade e evangelização. Eu ouvia essas palavras, era pároco em A-Ver-O-Mar, ainda jovem, e só mais tarde, ao vir para Balasar, tomei plena consciência da sua visão», partilhou o sacerdote.
«A intenção não era apenas construir mais uma igreja, mas sim criar um espaço que fosse fonte de oração e de evangelização, inspirado na vida e mensagem da Beata Alexandrina», acrescentou.
D. Jorge Ortiga, que esteve à frente da Arquidiocese de Braga entre 1999 e 2021, acompanhou a elaboração do projeto e presidiu, em julho de 2021, ao ato de lançamento do concurso internacional para a construção do santuário.
«Trabalhou muito para que este sonho ganhasse forma e se iniciasse. Por isso, quero aqui, de modo particular, saudar e agradecer a D. Jorge todo o seu entusiasmo», afirmou o pároco, agradecendo também o entusiasmo de D. José Cordeiro, que abraçou o projeto e viu no futuro santuário «um grande pólo de oração, espiritualidade e evangelização».
O lema escolhido para o novo santuário – “Sofrer, amar e reparar” – reflete o testemunho de vida da Beata Alexandrina, que, após ficar acamada devido a uma lesão grave, ofereceu os seus sofrimentos a Jesus em Eucaristia em profunda união mística.
A celebração deste ano decorreu, pela primeira vez, no interior da nova igreja ainda em construção, respondendo ao desejo de muitos devotos de conhecer a futura casa da Beata Alexandrina Maria da Costa. Segundo o padre Casado Neiva, «este santuário está a ser erguido sobre a vida e obra de Alexandrina», cuja devoção continua a crescer em Portugal e além-fronteiras, atraindo a Balasar peregrinos de todos os continentes ao longo do ano.
A celebração da festa do 70.º aniversário do falecimento da Beata Alexandrina culminou com D. José Cordeiro a rezar, ajoelhado, diante de Nossa Senhora, a oração pela paz que o Papa Pio XII rezou em 1942. Um momento de comunhão com forte simbolismo que foi antecedido da Bênção do Santíssimo aos presentes.
Durante a tarde, as celebrações continuaram na igreja paroquial de Balasar – onde se encontra o túmulo da Beata Alexandrina – com momento de oração e a celebração da Eucaristia.
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