Arquidiocese de Braga -

6 dezembro 2025

No dia de S. Geraldo, Igreja e Câmara de Braga renovam compromisso em prol do bem comum

Fotografia DM

DM - Francisco de Assis

Mais do que o cumprimento de uma tradição, a Igreja de Braga, através do seu responsável máximo, e a Câmara de Braga, também com o seu mais alto representante, renovaram o compromisso de uma parceria em prol do bem comum, dos bracarenses e de quantos aqui vivem. Na simbólica entrega das cestas de frutas ao Arcebispo e ao presidente da Câmara, tanto D. José Cordeiro como João Rodrigues, que fez a sua estreia na cerimónia, frisaram a importância de cuidar de todos, sobretudo daqueles que mais precisam.

Aliás, imbuído do mesmo espírito de compromisso e de atenção aos fragilizados, este ano o Deão da Sé de Braga chamou a presidente da Cáritas Arquidiocesana de Braga e o presidente do Projecto Homem para lhes entregar cestas de frutas. No momento,  o cónego José Paulo Abreu lembrou a importância destas duas instituições no cuidar dos mais frágeis.

Para além do presidente da Câmara de Braga, na sessão participaram o vice-presidente Altino Bessa, e as vereadoras Hortense Santos, Catarina Miranda e Ricardo Silva, este sem pelouro atribuído.

Para evidenciar que numa sociedade é o todo que a faz funcionar, mesmo com todos os defeitos, o Deão da Sé de Braga contou uma “parábola” de uma assembleia numa carpintaria em que todas as ferramentas queriam ser chefes. Nenhuma foi, porque todas tinham algum defeito, nenhuma era perfeita. Mas apesar disso, o carpinteiro fez um «belo móvel». E alguém comentou como é que era possível. «O segredo está aí. É que o carpinteiro não olhou para os nossos defeitos, olhou para as virtudes de cada um. E quando a gente rentabiliza o que cada um tem de positivo, aquilo que cada um é capaz de dar, no fim, aparece uma obra grandiosa. Eu penso que é isto que nos une aqui, este espírito colaborativo, nesta vontade de cada um, apesar dos seus limites. O importante é que cada um dê o seu contribuído para conseguirmos que esta cidade seja mais habitável, mais atrativa, mais bonita e acolhedora. Neste dia da cidade, nós, Cabido, renovámos essa vontade que temos de contribuirmos para isto», disse, lembrando a quantidade de turistas de todos os continentes que, diariamente visitam a Sé Catedral.

Por sua vez, o presidente da Câmara de Braga agradeceu a simbólica oferta e acabou por pegar nas palavras de D. José na homilia, para falar da novidade e das mudanças que devem ser encaradas em medo e com normalidade. «Uma das nossas vantagens deve ser essa abertura à novidade, ao novo. Se calhar, nunca como agora temos tão boas condições e tantas razões para estar aberto à novidade, que se colocam ao mesmo tempo. A novidade que nos traz coisas boas e desafios, mas que é a nossa realidade e que eu não tenho dúvida absolutamente nenhuma de que nos há de fortalecer enquanto comunidade, enquanto cidade». João Rodrigues aproveitou a oportunidade para reconhecer o papel da Igreja na cidade. «Nós temos bem a noção do papel que a Igreja, quer através do senhor Arcebispo e da Arquidiocese, quer através do Cabido, quer através das suas entidades, que todos os dias fazem e têm um papel importantíssimo na cidade. Do ponto de vista social, do ponto de vista da educação, eu próprio sou fruto de um colégio e de uma universidade da Igreja. E tenho muito orgulho nisso».

Quanto ao Arcebispo de Braga, agradeceu também as palavras e a presença do presidente da Câmara, no seu “batismo” na cerimónia, saudando a «cooperação recíproca». E invocou a Deus, por intercessão de S. Geraldo, as maiores bênçãos para o autarca, para a sua família, o Executivo que o acompanha, bem como para todas as pessoas e autoridades que têm esta responsabilidade maior do bem comum. «Hoje é também de modo novo e o bem comum que é o bem de todos que é a dignidade da pessoa humana. E é nessa mesma disponibilidade e o mesmo espírito que já o fazemos e queremos continuar a fazer e a consolidar para o maior bem da nossa cidade», disse D. José, alertando que são muitos os desafios pela frente, e cabe aos atuais responsáveis resolvê-los. «Não podemos viver do passado temos que deixar uma marca positiva do tempo que estamos a viver. Não ter medo da complexidade da vida e até da novidade».

D. José destacou convivência das religiões em Braga e o trabalho social das paróquias   

O Arcebispo Metropolita de Braga destacou ontem a boa convivência entre as religiões em Braga, bem como o trabalho social das comunidades cristãs na Arquidiocese, de um modo especial nas paróquias. Na eucaristia em honra de S. Geraldo na Sé Catedral, D. José Cordeiro, frisou que o padroeiro da cidade de Braga, marcou o seu tempo através das reformas por ele promovidas e pela sua entrega à missão criativa de comunicar o Evangelho, mesmo quando as forças físicas já lhe faltavam, tornando-se, assim, exemplo de fidelidade e amor a Jesus Cristo em todas as circunstâncias da vida. 

A celebração da eucaristia solene de São Geraldo foi presidida pelo Arcebispo de Braga, concelebrada pelo Bispo Auxiliar D. Delfim Gomes; o Deão da Sé de Braga, cónego José Paulo Abreu, o restante Cabido e sacerdotes. A Missa festiva foi solenizada pelo coro do Colégio D. Diogo de Sousa. 

Na sua homilia, intitulada “São Geraldo, servidor criativo do Evangelho”, o Arcebispo Metropolita de Braga citou a “Carta das Religiões. Locais de culto em Braga”, recentemente publicada, onde se pode ler que «Braga revela hoje uma face mais plural e multicultural no domínio religioso, reflexo dos tempos atuais e das novas formas de pertença e convivência social».

Para D. José Cordeiro,  esta transformação, notada sobretudo no aumento do número de cristãos pertencentes a comunidades protestantes ou evangélicas, acentuou-se sobretudo nos últimos anos, resultando dos fluxos migratórios recentes. 

E congratula-se com o facto de a mesma Carta mostrar que a pertença à Igreja Católica é maioritária, destacando-se a ação social prestada pela Igreja Católica, a qual tem «grande relevância e impacto na cidade», percebendo-se igualmente que não há conflitos entre as comunidades maioritárias – católicas e protestantes/evangélicas – sinal da boa integração daqueles que chegam à nossa cidade».

Paróquias devem ser o rosto de uma  Igreja acolhedora e samaritana

Segundo o prelado, as comunidades cristãs, nomeadamente as paróquias, devem ser o rosto de uma Igreja acolhedora, samaritana, sinodal e missionária. 

E lembrou as equipas de acolhimento criadas durante a pandemia de Covid-19, que «são sinal desta Igreja que cuida o acolhimento de todos. Em algumas paróquias, estas equipas mantiveram-se ativas mesmo depois da pandemia, promovendo não só o acolhimento dos fiéis para as celebrações litúrgicas, mas também a hospitalidade para com aqueles, portugueses ou migrantes, que andam em busca de lugares e comunidades para celebrar a sua fé».

Geração jovem adulta está desperta para as questões da fé

Na visão do Arcebispo Metropolita de Braga, ao contrário do que à partida se poderia esperar, a geração jovem adulta está desperta para as questões da fé, tal como mostra o relatório “Escutar para Acompanhar: um olhar pastoral sobre a geração jovem adulta” resultante de um estudo levado a cabo pela Companhia de Jesus. As conclusões pedem uma Igreja capaz de escutar, acolher e acompanhar com autenticidade, desenvolvendo novos modos de presença junto destas pessoas. «Precisamos de redescobrir o dom da escuta. Onde for possível, criem-se centros de escuta e acompanhamento. Escutar a Palavra, escutar os outros, escutar o grito dos que sofrem e a sabedoria que brota mesmo fora das fronteiras visíveis da Igreja, tudo isto é Evangelho em renovação. Nos serviços arquidiocesanos de Braga funciona um centro de escuta e acompanhamento espiritual.

Segundo D. José, em 2024 foram escutadas e acompanhadas 592 pessoas provenientes dos 13 arciprestados.

Para D. José, a variedade de “oferta” religiosa que marca cada vez mais a cidade de Braga, e os desafios que as gerações mais novas nos colocam, «mais do que intimidar-nos, devem interpelar-nos, de diversos modos».

Alertou que quando se decide renovar, no início, há uma sensação de insegurança causada pelas mudanças que o novo traz. Todavia, na vida pastoral e espiritual não pode haver temor: «faço novas todas as coisas» (Ap 21, 5). Deus é a novidade perene». Salientou que um jovem da Arquidiocese de Braga, o venerável Bernardo de Vasconcelos, de Celorico de Basto, onde decorre a Visita Pastoral, que quis seguir o mesmo caminho de S. Geraldo, perguntava: «conheces a “vida viva” /que nem a morte cativa?», para depois confessar na hora da morte «Jesus, Jesus, sou todo de Jesus», citou.