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DACS | 12 Out 2015
Homilia na Eucaristia com o Apostolado da Oração
D. Jorge Ortiga realçou a importância da oração e a responsabilidade dos membros do Apostolado.
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  © Adriana Pinheiro

A oração como vida da Igreja para o mundo 

Existe uma mentalidade, mais ou menos difusa, permeada pela ideia de que fazer muitas coisas resolve os problemas. Uma pressa angustiante e agitada para, quem sabem, nos iludir ou ocultar as dificuldades que nos confrontam diariamente. Isto acontece tanto no mundo civil como dentro da Igreja. 

Também nós, cristãos e agentes da pastoral, resvalamos para um activismo que, por sua vez, nos contamina com pensamentos negativos: insatisfação com o trabalho realizado e sofreguidão de recomeçar o caminho realizado. Pensa-se que a inovação e a criatividade passam pelo activismo pastoral. Na verdade, ele esgota-nos e jamais se alcançam resultados eficazes e consoladores. Diz o Papa Francisco que esta é a razão pela qual vários agentes da pastoral terminam por fazer como sempre se fez. O activismo drena as forças até dos mais voluntariosos. 

Temos, nestes tempos conturbados, de regressar à fonte e aceitar o que os bispos portugueses nos propuseram como programa de renovação pastoral para a Igreja em Portugal: “Assim como eu fiz fazei vós também”. Jesus foi enviado pelo Pai com a missão de apresentar e oferecer o caminho da salvação integral, restituindo assim a dignidade aos filhos de Deus. Ele pregou muito e percorreu imensas terras e aldeias. Tantas quantas necessárias para que a sua vida fosse um hino à ressurreição e à vida sobreabundante. Percorreu caminhos, cruzou vidas, mas também soube retirar-se em momentos cruciais. A Sua vida era alimentada pela oração, ou seja, pelo contacto transparente com o Pai. Retirou-se, por isso, amiúde para um lugar isolado quando as multidões o procuravam. Subiu ao monte Tabor para comungar com o Pai. Esteve no calvário e, do alto da cruz, desceu aos infernos para nos resgatar. Ensinou-nos o perdão: “Perdoai-lhe porque não sabem o que fazem”. “Pai nas tuas mãos entrego o meu Espírito”

A vida de Cristo é a matriz para a vida de todo o cristão. Urge seguir Jesus na condição de discípulo íntimo. Seguir, escutar e rezar são os elementos necessários para sermos, também nós, missionários de um amor nunca antes experimentado. Ser discípulo missionário, ainda que sendo intemporal, é o desafio que teremos pela nossa frente nos anos vindouros.

A confirmar tudo isto, e num tempo em que necessitamos de referências, temos o Papa Francisco. Testemunhamos o modo como ele se entrega à oração pessoal e longa antes de qualquer actividade; o modo como ele acredita na força da oração e como nunca se cansa de pedir que rezem por ele. Impressiona a sua insistência. Estou certo que está a ser totalmente genuíno. No meio de tantos problemas, de tantos trabalhos e canseiras, a oração é o descanso merecido junto de Deus.

Estamos aqui reunidos numa peregrinação nacional do Movimento do Apostolado da Oração. Como o próprio nome indica, o verdadeiro apostolado é a oração. Mas o nome não é suficiente. Importa o compromisso. E estamos aqui, hoje, na Casa de Maria, para aprendermos com Maria, Nossa Senhora de Fátima, que a oração é o pulmão do cristianismo. Dado este estatuto tão singular, ela deve permear todas as realidades da Igreja, desde a experiência pessoal, ou se preferirmos a oração pessoal, até ao convite a que outros façam a experiência da oração em comunidade. Nesta hora que se pretende de renovação da pastoral, e seguindo as orientações do Papa e dos bispos de Portugal, é isto o que vos é pedido, irmãos e irmãs: mostrai que a oração é o pulmão no agir da Igreja.

A oração é o momento por excelência de intimidade com Deus e a devoção a Nossa Senhora, ou aos santos, pode ser caminho de aprofundamento da alegria de estarmos com quem amamos. A par da presença, a oração também é feita de súplica. E a vós, membros do Apostolado da Oração, compete-vos uma verdadeira união com o Santo Padre e com a oração pelas suas intenções. Que tarefa maravilhosa o Senhor Deus vos pede!

Como já referi, a vossa oração pessoal pode ser considerada insuficiente se não atender aos outros, à Igreja, ao discernimento de caminhos de revitalização e de dinamização da vida espiritual das comunidades a que pertenceis. Sabeis como a azáfama de fazer muitas coisas nem sempre permite planear de momentos de comunhão com Cristo. Sede “uma coisa só” com o vosso pároco e, nesta unidade, promovei momentos que permitam uma vida espiritual para vós e para os outros. A vida terá o cunho cristão se for orante. Apenas quando se reza consegue ser-se verdadeiro discípulo. Empenhai-vos em dar às vossas comunidades esta experiência contemplativa para que o seu rosto seja genuinamente missionário.

A oração necessita de momentos e de espaços reservados. O oferecimento do dia, rezado com todo o fervor, como vós o fazeis, reforça na vida a dimensão espiritual e, por isso, mais conforme a Cristo. Quando se oferece o dia, experimenta-se uma vida doada e despojada e, como tal, mais em consonância com a vontade de fazer só e apenas o que Ele fez. “Assim como Eu fiz fazei vós também”.

Houve um tempo em que a oração se limitava a fórmulas decoradas mas nem sempre entendidas. Hoje teremos de redescobrir um novo modo de encontro com Deus. Recordava-nos a segunda leitura, no enlace da primeira, que a sabedoria adquire-se na oração e pela meditação da Palavra. A Palavra é operante porque Deus está presente nela e, ao mesmo tempo, penetrante pois Deus conhece os nossos segredos mais íntimos. A palavra humana é frágil, impotente, incapaz e nem sempre merece confiança. Rezar a Palavra é permitir que ela entre e produza frutos na vida. A vida transforma-se e deixa-se moldar se a oração for comunhão com Deus na Palavra. Nela encontramos força e coragem para enfrentar as nossas responsabilidades perante o mundo e a Igreja. Como o Evangelho nos recorda: “Aos homens é impossível mas não a Deus porque a Deus tudo é possível”. Frase densa e tranquilizante, que nos dá ânimo e coragem. Sei que muitos não acreditam nesta força invisível que nasce da oração. Estaremos nós a testemunhá-la com convicção?

É grande a responsabilidade dos membros do Apostolado da Oração. Estão no coração e sublinham a originalidade da vida cristã: mergulhar em Deus para tornar a vida mais humana e isto, em Igreja que somos, numa união sempre crescente com o Santo Padre e com as suas intenções. Sendo fiel ao espírito fundador deste Movimento, a Igreja poderá renovar-se a partir de dentro.

Que a Senhora de Fátima nos conceda a graça de acreditar na força da oração e nos conceda a alegria de nunca trairmos os compromissos assumidos. Entusiasmemo-nos e entusiasmemos os outros. O mundo reconhecerá a vossa importância e a Igreja caminhará na fidelidade ao Espírito que a dirige.

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