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30 Mar 2013
CRISTÃOS A FULL-TIME
Homilia na Vigília Pascal.
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Cristãos a full-time

Homilia na Vigília Pascal

Experiência humana

1. Quem já visitou o Santuário de Covadonga, nas Astúrias (Espanha), não consegue ficar indiferente à imponente estátua da figura do Rei Pelágio. Um rei visigodo que, por causa de uma inspiração mariana, desencadeou a reconquista cristã da Península Ibérica contra os muçulmanos, no ano de 718.

Passados 1200 anos deste acontecimento, a secularização, o ateísmo, a new age, entre tantas outras formas da vivência do religioso, apresentam-se como os novos desafios à “reconquista cristã” que, nós cristãos, somos incumbidos de desencadear nesta europa secularizada, mediante uma mensagem evangélica sempre actual que responde aos anseios mais profundos do ser humano.

Liturgia da Palavra

2. Certamente que a morte continua a ser o grande medo e mistério da humanidade. [1] Porém, o evangelho de hoje apresentam-nos alguns dados bíblicos e arqueológicos que nos levam a confirmar a ressurreição de Jesus. A ressurreição, por seu turno, “é uma espécie de salto qualitativo radical em que se entreabre uma nova dimensão da vida do ser humano.” [2]

Reflexão teológica

3. Diante da fé na ressurreição, a pergunta “há vida depois da morte?” dá lugar à pergunta: “há vida antes da morte?”

«De facto, o valor da vida humana só se torna evidente, se Deus existe. Por isso, seria bom se os não-crentes quisessem viver «como se Deus existisse». Ainda que não tenham a força para acreditar, deviam viver na base desta hipótese; caso contrário, o mundo não funciona. Há tantos problemas que devem ser resolvidos, mas nunca o serão de todo, se Deus não for colocado no centro, se Deus não se tornar de novo visível no mundo e determinante na nossa vida» [3] , escrevia-nos o Papa Bento XVI na mensagem pessoal que enviou aos participantes no Átrio dos Gentios.

Deste modo, a vida eterna, comprovada e possibilitada com a ressurreição de Jesus, exige-nos a defesa da qualidade de vida, antes da morte, de todos os seres humanos: é este o nosso partido! Em suma, a fé em Jesus Cristo exige-nos dois desafios: o de uma vida em qualidade e uma esperança que gere sentido.

Desafios pastorais

4. Todavia, o gesto do Ascendite nesta Vigília Pascal, típico do rito bracarense, relembra-nos que a chama da nossa fé muitas vezes apaga-se. Deixar para trás o medo, a angústia, o pecado, o desânimo e a culpa não é uma coisa fácil! Mas Jesus devolve-nos sempre a amizade com Deus e desafia-nos a ser cristãos, não a par-time, mas a full-time, ou seja: a tempo inteiro.

Por muito que nos custe, não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou por uma grande ideia intelectual, mas por um encontro com uma Pessoa que dá um novo horizonte à vida humana: Jesus Cristo. [4] E porquê? Porque o cristianismo não é um culto, uma ONG, no dizer do Papa Francisco, um sistema, uma ideologia, uma doutrina ou uma filosofia, mas uma pessoa. Por isso, afirmava com razão Zita Seabra, numa entrevista ao Suplemento Igreja Viva: “é incompatível juntar Cristo e Marx!” [5]

Neste sentido, hoje temos a alegria de acolher estes novos irmãos na nossa comunidade arquidiocesana, que fizeram toda a sua caminhada catecumenal de descoberta da pessoa de Jesus, acompanhados por sacerdotes e cristãos comprometidos, a quem agradeço, e seguindo os diversos escrutínios propostos pelo Ritual da Iniciação Cristã de Adultos.

5. Para terminar, a celebração do Ano da Fé exige a todos os cristãos, mais do que nunca, a árdua tarefa de evangelizar. Cada tempo tem as suas dificuldades e isto de andar a divulgar a Pessoa e Mensagem de Jesus, não é coisa fácil, nem existe técnicas perfeitas ou truques mágicos para tal.

Quem folheia os livros de ciências, chega a esta conclusão: quem fica aborrecido utiliza 47 músculos do corpo humano, mas para sorrir são precisos apenas 13. Logo, sorrir cansa muito menos! E, se ter fé na ressurreição, é saber que Alguém está vivo e que quer transformar positivamente a nossa existência, só nos resta comunicar este sorriso, expressão da nossa alegria e confiança. [6] Pois, como escreve o poeta alemão, Friedrich Schiller: “quem tiver ouvido a mensagem pascal, não pode mais andar com o rosto trágico nem levar uma existência de pessoa sem humor, que não tem esperança.” [7] Se assim for, a “reconquista cristã” será uma realidade e o grande vencedor será o próprio ser humano.

+ Jorge Ortiga, A.P.

Sé Catedral de Braga, 30 de Março de 2013.



[1] Cf. Gaudium et Spes, 18.

[2] Joseph Ratzinger, Jesus de Nazaré. Da entrada em Jerusalém até à Ressurreição, 222.

[3] Bento XVI, Mensagem aos Participantes no Átrio dos Gentios, 16 de Novembro de 2012.

[4] Bento XVI, Deus caritas est, 1.

[5] «Igreja Viva» (Suplemento do Jornal Diário do Minho), 28 de Fevereiro de 2013, 5.

[6] Cf. João César das Neves, Contos de Páscoa, 46-47.

[7] Cf. Youcat, 71. 

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