Arquidiocese de Braga -

3 janeiro 2025

Arcebispo de Braga associa-se ao Papa no grito contra injustiças e opressões

Fotografia Francisco de Assis

Francisco de Assis - DM

D. José Cordeiro presidiu na Sé Catedral de Braga, à Solenidade da Virgem Santa Maria, Mãe de Deus; e dia mundial da Paz

O Arcebispo Metropolita de Braga presidiu esta quarta-feira, na Sé Catedral de Braga, à festa da Solenidade da Virgem Santa Maria, Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz. Na homilia da eucaristia solene, além de lembrar aos cristãos presentes que é preciso dar «o salto de fé» como os Pastores, D. José Cordeiro associou-se ao Santo Padre no grito contra as várias injustiças e opressões. 

Vivendo ainda a oitava do Natal, e por isso ainda dia de Natal, o Arcebispo Primaz salientou que a  encarnação do Verbo não foi uma ficção, nem uma aparência. «Foi verdadeiramente o assumir de toda a nossa condição humana, a nossa carne, em tudo igual a nós exceto no pecado. A cruz de quatro braços, abre-se em oito pontos, a indicar o oitavo dia e as oito direções da bússola. Por isso, a simbologia do oitavo dia que celebramos, aplica-se, antes de mais ao Domingo, que é, ao mesmo tempo o primeiro e o oitavo dia, unindo a Páscoa ao Natal e ao fim dos tempos. O oitavo dia é a Páscoa de Jesus Cristo, na qual nós somos incorporados pelo Batismo.

Para o prelado bracarense, uma das maiores bênçãos que Deus nos concede é a sua paz. Paz que não é a mera ausência de guerra ou conflito, «mas um profundo sentimento interior de nos sabermos amados por Deus em todos os momentos da vida». 

D. José Cordeiro recordou que, na mensagem para este 58.º Dia Mundial da Paz, que se celebra a 1 de janeiro, o Papa Francisco escreve que é o nosso dever estarmos atentos ao grito da humanidade que sofre, e que denuncia todas as situações de injustiça e opressão. 

«Por isso, é nosso dever “escutar este grito da humanidade para nos sentirmos chamados, todos nós, juntos e de modo pessoal, a quebrar as correntes da injustiça para proclamar a justiça de Deus. Alguns atos esporádicos de filantropia não serão suficientes. Em vez disso, são necessárias transformações culturais e estruturais, para que possa haver também uma mudança duradoura», relembrou. 

Para o Arcebispo, «esta mudança duradoura começa no coração de cada um nós, que precisa de se converter todos os dias ao Evangelho».

Uma sociedade onde reine a justiça, o perdão e liberdade 

D. José citou o Papa para enfatizar o verdadeiro significado de paz: 

«O futuro é um dom que permite ultrapassar os erros do passado e construir novos caminhos de paz. [...] Procuremos a verdadeira paz, que é dada por Deus a um coração desarmado: um coração que não se esforça por calcular o que é meu e o que é teu; um coração que dissolve o egoísmo para se dispor a ir ao encontro dos outros; um coração que não hesita em reconhecer-se devedor de Deus e que, por isso, está pronto para perdoar as dívidas que oprimem o próximo; um coração que supera o desânimo em relação ao futuro com a esperança de que cada pessoa é um bem para este mundo».

E concluiu: «só depois de convertidos pela graça de Deus é que seremos capazes de construir uma nova sociedade, onde reine a paz, a justiça, o perdão, a liberdade, a confiança, a esperança, a verdade e a caridade».  

Todos precisamos de dar o salto de fé 

Olhando para os presépios construídos em diferentes espaços públicos e privados, incluindo na Sé Catedral de Braga. D. José  destacou o papel dos pastores, a quem devemos seguir o exemplo. 

«Os pastores são personagens fundamentais nos presépios por nós construídos; eles representam o salto de fé que todos precisamos de dar para acolher Deus que se faz humano: é-lhes dito que nasceu o Messias, Senhor e Salvador. Mas na nossa imaginação, um libertador é um homem forte; um Messias é um rei cheio de poder que vive em palácios; Kyrios, isto é, Senhor, é o nome de Deus, mas também o título dado ao imperador romano. Mas o que eles encontram na realidade é um bebé, frágil e pequeno, nascido na humildade e pobreza»

O Arcebispo Metropolita de Braga frisou a primeira leitura, para dizer que o Senhor nos convoca para bendizer (dizer bem) porque Ele também diz bem de nós. «Bendizer é uma tarefa importante, num tempo em que a crítica fácil e o maldizer parecem estar na ordem do dia, como percebemos pelas caixas de comentários nas redes sociais», alertou.

A propósito da tão almejada paz, D. José recordou que a coleta de da celebração foi a favor da Terra Santa, «num gesto concreto de paz».

Na celebração da festa da Solenidade da Virgem Santa Maria, o Arcebispo apelou à escuta e atenção ao que se passa à nossa volta, como fez Maria em diversas oca-
siões.

«Maria, a mãe de Deus, ensina-nos a ler em profundidade os acontecimentos da vida; ensina-nos a prosseguir o caminho mesmo quando não entendemos tudo o que se passa connosco e à nossa volta».

No final da eucaristia, o cónego José Paulo Abreu, Deão da Sé de Braga, desejou um Ano Feliz ao Arcebispo, bem como a todos os presentes.

Como é habitual, também foi dado o Menino Jesus a beijar, gesto que  quase todos responderam.