Arquidiocese de Braga -
2 junho 2025
Arcebispo de Santiago recorda no Sameiro que «somos guardiões da vida»

DM - Carla Esteves
Uma multidão de fiéis saudou, ontem, com flores, cânticos e oração, a chegada do andor de Nossa Senhora do Sameiro à sua “Casa” e destino final da peregrinação arciprestal que partiu da Sé de Braga, rumando ao ponto mais alto da cidade, num autêntico hino de louvor à Virgem Maria.
Num percurso marcado pelas manifestações de fé das 63 paróquias que compõem o Arciprestado de Braga e delegações de vários outros Arciprestados, a peregrinação de ontem associou-se ainda mais intimamente ao Caminho de Santiago de Compostela, através da presença do Arcebispo de Santiago,
D. Francisco Prieto Fernández, que presidiu à eucaristia, juntamente com o Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro.
Perante a multidão que assistia à missa campal, num ambiente de profunda devoção, D. Francisco José afirmou que «somos chamados a ser guardiões da vida, dom de Deus» e sustentou que «quando o Senhor voltar em sua glória, Ele nos perguntará pelos talentos que nos confiou, pela compaixão que tivemos com os nossos irmãos. Ele nos perguntará se passámos ao largo ou se nos detivemos como o samaritano, junto àqueles que precisavam de curar as suas feridas. Ele nos perguntará se amámos como Ele nos amou».
«O grande risco do mundo atual, com a sua grande e assoladora oferta de consumo, é uma tristeza individualista que brota no coração consumista e mesquinho, uma busca desordenada de prazeres superficiais. Quando a vida interior se fecha nos próprios interesses, deixa de haver espaço para os outros, já não entram os pobres, já não se goza a doce alegria do Amor de Deus e o entusiasmo de fazer o bem», afirmou o Prelado.
Considerando este como «um risco certo e permanente que aflige também os crentes», D. Francisco José deixou o alerta que «muitos caem nele, transformando-se em pessoas ressentidas, queixosas, sem vida».
«Esta não é uma vida plena. Este não é o desígnio que Deus tem para nós. Esta não é a vida do Espírito que jorra do coração de Cristo Ressuscitado. Por isso não podemos ficar parados simplesmente olhando para o Céu, sem olhar para a Terra que habitamos», apelou.
Lembrou assim que «a ascensão do Senhor foi precedida pela sua descida. Antes de ser glorificado, ele encarnou e foi crucificado. E nos ensinou que o caminho do Céu passa pelos caminhos da História e dos homens nossos irmãos, especialmente onde as feridas são mais profundas, onde as guerras continuam destruindo os povos, onde a justiça não é respeitada e a dignidade de todo o Ser Humano é violada».
Voltando então o olhar para Nossa Senhora do Sameiro, que acolhe os peregrinos com o seu doce olhar maternal, o Arcebispo de Santiago de Compostela vincou que Jesus «não nos deixou sozinhos porque nos deu a força do Espírito Santo e nos deu Maria, Sua mãe, como nossa Mãe. Nela, somos filhos amados do Pai, irmãos em Cristo».
«Hoje, diante de Nossa Senhora do Sameiro, Imaculada Conceição, a Mãe, pedimos a Sua interceção, a fim de que este convite para uma nova evangelização seja acolhido por toda a comunidade eclesial», proclamou, invocando Maria como «Mulher de Fé, que vive e caminha na fé, representando a sua excecional peregrinação um ponto de referência constante para a Igreja».
D. José Cordeiro aponta Nossa Senhora como modelo na nossa «Peregrinação de Esperança»
O Arcebispo Metropolita, D. José Cordeiro, recebeu, ontem, de braços abertos, os peregrinos que se dirigiram à “Casa da Mãe”, nesta Peregrinação Jubilar, em pleno Ano Santo do Jubileu da Esperança. Tendo caminhado, também ele, como peregrino, a partir da Sé Catedral, participando na caminhada ao Santuário do Sameiro, o Arcebispo Primaz invocou Nossa Senhora como «modelo do seguimento de Jesus, para O podermos levar a todos neste caminho de Páscoa».
«Sintamo-nos Peregrinos de Esperança, todos nós, os Bispos, os Presbíteros, os Diáconos, as pessoas consagradas, todos os fiéis que peregrinam nesta Arquidiocese de Braga», afirmou D. José, saudando, «de modo especial, os membros da Confraria de Nossa Senhora do Sameiro e, ainda especialmente, os pegadores do andor, nesta longa peregrinação, que nos trouxe da Sé Primaz, iniciando às 7h00 da manhã, e chegando agora aqui, cantando e rezando, com o mote dado pelo Seminário Maior Conciliar e por todos aqueles que integramos esta magnífica procissão, esta imensa multidão, na companhia da Virgem Santa Maria».
O Arcebispo de Braga agradeceu também ao Arcebispo de Santiago de Compostela, «Irmão D. Francisco José», pela sua presença e presidência a esta peregrinação» e vincou a «fraternidade e os laços históricos que nos ligam a Santiago de Compostela».
«A peregrinação associa-se de imediato ao caminho de Santiago de Compostela e ter hoje a tua presidência aqui, une-nos com esta fraternidade universal», afirmou
D. José, sustentando que estamos também em comunhão com toda a Igreja, no Jubileu que ocorre em Roma, o Jubileu da Família, das Crianças, dos Avós e dos Idosos.
Terminou, apelando a que prossigamos “Peregrinos de Esperança”, e invocando a Senhora do Sameiro, inspirado no cântico “Senhora do Manto lindo, mostrai que sois nossa Mãe, olhai para nós sorrindo e sorriremos também”.
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