Arquidiocese de Braga -

19 outubro 2025

Braga reúne católicos para construir uma Igreja mais próxima e unida

Fotografia Vitor Araújo

DM - Rui de Lemos

D. José Cordeiro pede a participantes no “renovar” que caminhem juntos

O Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, sublinhou, ontem, na abertura da segunda edição do “Renovar”, em Guimarães, a importância de todos os cristãos caminharem juntos para que, todos, possam encontrar formas e «novos caminhos» para a construção de uma igreja mais próxima e unida. 

«Estamos aqui, bispos, padres, presbíteros, diáconos, pessoas consagradas, seminaristas, jovens, adultos, todo o povo santo de Deus porque queremos caminhar juntos e para juntos encontrarmos novos caminhos para a renovação espiritual, pastoral, sinodal, missionária da nossa amada Arquidiocese de Braga», resumiu e acentuou, ontem, D. José Cordeiro perante os cerca de mil participantes na segunda edição do “Renovar”, no Pavilhão Multiusos de Guimarães. Recuperando a recente mensagem do Papa Leão XIV à Diocese de Roma, o líder da Igreja de Braga exortou os sacerdotes e leigos «caminhar e experimentar sem medo, juntos», sempre de mãos dadas com Deus e uns com os outros.

«Temos que caminhar juntos, experimentar sem medo e formarmos-nos sempre mais, não como quem adquire conhecimentos, mas como quem se reveste dos mesmos sentimentos de Cristo, porque é disto que se trata, vivermos em Cristo, renovarmos a partir de dentro, porque a alegria não é de fora para dentro, essa o mundo oferece-a de muitas maneiras, a que nos oferece Jesus é de dentro para fora, porque só um coração amado, perdoado, encontrado com Jesus Cristo pode renovar outros, pode contagiar outros», destacou o prelado bracarense. 

Na tarefa de “caminhar juntos”, dando expressão a uma Igreja mais unida e próxima, sempre sem perder de vista a tarefa de «levar Jesus a todos e todos a Jesus» – o principal mote da segunda edição do “Renovar” – o Arcebispo Metropolita de Braga pediu aos presentes no Multiusos de Guimarães que se apoiem e fortaleçam na oração. «Diz Santo Agostinho, desejar encontrar Cristo é já encontrá-lo, desejar rezar é já rezar, por isso começamos com a oração porque rezar é como que respirar Cristo. Podemos até perguntar porque é que começamos por rezar, porque é que rezamos tanto também neste encontro: para viver. Porque sem oração não há vida, missão e a missão que nos é dada é evangelizar. Por isso , o evangelizado evangeliza e a grande missão da igreja, como recordou o documento final da Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos por uma Igreja sinodal, comunhão, participação, missão é que a Igreja existe para testemunhar ao mundo o acontecimento decisivo da história: a ressurreição de Jesus. O ressuscitado traz a paz ao mundo e nos dá o dom do seu espírito», suportou.  

Prosseguindo sob a inspiração do grande santo Bartolomeu dos Mártires, bispo primaz de Braga, D. José Cordeiro apontou que «arder é iluminar, arder para iluminar» ou seja «renovar podem traduzir por incendiar». Dito de outro modo, caminhar juntos, anunciando a mensagem de Jesus Cristo, levando-a e fazendo-a mais próxima da vida de todos, tem que ser vista e encarada  como o estilo de vida e a missão da Igreja. 

Apontando para uma compreensão renovada, o Arcebispo Metropolita de Braga impeliu os participantes nos dois dias da segunda edição do “Renovar” para serem mais unidos e fraternos, caminhando juntos na fé para dar um testemunho mais credível no seio da sociedade.  «Renovar significa incendiar, significa inflamar porque estamos incendiados pelo amor de Cristo, é este ardor missionário que não nos deixa descansados, não nos deixa sossegados porque há muita gente que anda à procura, há outras pessoas e Deus quer servir-se de nós para o poderem conhecer, para o poderem seguir», apontou. 

Agradecendo a todos os que trabalharam na organização, mas também aos participantes, D. José Cordeiro afirmou-se convicto que «cada um se deixará renovar no seu coração para que a mudança possa produzir frutos, porque é aquilo que Jesus nos pediu, ide e fazei discípulos, fazei isto em memória de mim e amai-vos uns aos outros como eu vos amei».

Igreja de Braga quer inteligência artificial ao serviço de Deus

A inteligência artificial tem um potencial significativo para ajudar párocos e leigos a realizar o seu trabalho em favor da igreja e da evangelização. A convicção foi expressa, ontem, em Guimarães, pelo padre Marcelino Ferreira, responsável pelo Laboratório da Fé. 

“Deus in Machina” foi o nome dado a um projeto da igreja de São Pedro, em Lucerna, na Suíça, que trocou o padre por um avatar de Jesus Cristo que funcionava através de inteligência artificial (IA), programado para dialogar com os visitantes, com base no Novo Testamento e em informações religiosas encontradas online.

Braga não tem um projeto semelhante, mas tem o Laboratório da Fé, um projeto focado em promover uma abordagem inovadora e criativa à evangelização e catequese. O Laboratório da Fé propõe novas formas de levar o Evangelho às pessoas e o seu principal responsável, padre Marcelino Ferreira, levou, ontem, ao “Renovar” um workshop sobre a “Evangelização 5G: a fé na era dos algoritmos” para defender que «as novas tecnologias e a IA não são um demónio, mas uma bênção de Deus, que podemos e devemos usar bem e ao serviço de Deus». 

O assunto já havia sido abordado na primeira edição do “Renovar” pelo também pároco nas paróquias de Ferreiros, Sequeira e Vilaça sendo ontem retomado e reforçado em Guimarães porque o padre Marcelino Ferreira deseja que cada vez mais párocos e leigos usem as ferramentas digitais e a IA para potenciar as suas ações. «Esta é a minha luta, é a minha proposta, eu empenho-me nisso, focando na importância de usarmos estes meios tecnológicos, nomeadamente a partir da inteligência artificial, usarmos ao serviço da evangelização e ao serviço da fé. Este é o ponto central da minha proposta», resumiu, em declarações ao “DM”. 

Afastando resistências e preconceitos em relação à matéria, o padre Marcelino Ferreira defende convictamente que «podemos e devemos usar as novas tecnologias e a IA, porque nós temos que acreditar profundamente que aquilo que está ao nosso serviço na criação, e isto é um ato criativo, vem de Deus, vem como uma bênção e, portanto, nós temos que saber usar bem. É uma coisa boa, que agiliza muitos processos e portanto vamos potenciar aquilo que é bom na nossa ação», concluiu.

 

Elevada adesão pede a terceira edição do “Renovar” 

D. José Cordeiro, disse, ontem, no Multiusos de Guimarães que «a forte adesão e presença» na segunda edição do “Renovar” pede já uma terceira edição da iniciativa.

«Esta segunda edição do “Renovar”, pela nossa adesão e presença, está já a pedir uma terceira. Isto é, vamos prosseguir o caminho neste espírito da renovação, de mudar não apenas no desejo, no pensamento, mas com ações concretas e sobretudo sermos discípulos missionários cada vez mais convictos, sem medo, autênticos para que o caminho de santidade que juntos estamos a percorrer também possa ser testemunhado, possa ser contagiado a toda a nossa arquidiocese de Braga», concretizou, perante os cerca de mil participantes no encontro.

Segundo a Arquidiocese de Braga, a iniciativa “Renovar” nasceu da necessidade de apoiar e fortalecer os católicos, as comunidades e as paróquias da arquidiocese de Braga, no caminho de fé, com inspiração espiritual e ferramentas práticas para a missão evangelizadora adequada aos desafios deste tempo.

Naquela segunda edição, o objetivo é promover a vivência do “Caminho de Páscoa”, com os seus seis trilhos, seguindo a orientação pastoral que a Arquidiocese de Braga propõe até ao ano 2033. Contando com a colaboração do arciprestado de Guimarães e Vizela, o encontro de partilha e formação surge anualmente como uma renovada oportunidade de partilhar experiências e descobrir propostas concretas de liderança e de dinamização da vida das 552 paróquias que integram a arquidiocese, juntando párocos, leigos e outros agentes católicos.