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Os conselhos económicos da Arquidiocese reuniram-se na Cripta do Sameiro na passada Terça-feira, no âmbito das celebrações das bodas de ouro sacerdotais do Arcebispo Primaz. Durante o encontro, o Pe. Hermenegildo Faria falou sobre “a caridade e uso dos bens” numa perspectiva bíblica, ficando a abordagem dos aspectos práticos a cargo do cónego José Paulo Abreu. D. Jorge Ortiga, também presente, destacou a importância de se cuidar dos bens da paróquia, tarefa que considera “responsabilidade de todos”.
Dirigindo-se aos membros dos conselhos económicos presentes, Jorge Ortiga sublinhou a importância do seu trabalho para as paróquias. O Arcebispo agradeceu o trabalho destes agentes e pediu que se sintam responsáveis pelos bens da paróquia, cujo cuidado diz respeito a todos.
Para o Arcebispo Primaz, é fundamental que os conselhos económicos estejam presentes e atentos às necessidades da paróquia, “saberem o que faz falta à comunidade” e dialogarem, para assim intervirem sempre que necessário.
“Cuidar, preservar, conservar, nunca adulterar nem destruir” o património foram os pedidos que o cónego José Paulo Abreu deixou aos presentes, lembrando que as obras e restaurações “mal feitas” acabam por deteriorar ainda mais o património. “Há muita coisa por aí que não dignifica a tradição da Igreja”, advertiu.
Sempre que for necessário intervir, alertou o cónego, é fundamental consultar opiniões especializadas na matéria. O orador lembrou que existem técnicos da diocese que avaliam, não apenas do ponto de vista técnico mas também da História da Igreja e da Liturgia, a necessidade e tipo de intervenção.
A instituição de um Fundo Paroquial em relação estreita com a contabilidade da paróquia, e sob a administração do conselho paroquial, é também algo que D. Jorge Ortiga considera de grande importância, pedindo a todos que coloquem esta recomendação na prática.
O Arcebispo ressalvou ainda a importância de existir uma “contabilidade minimamente organizada”, apontando soluções que vão desde um simples livro que registe as entradas e saídas de dinheiro até aos diversos programas que há no mercado, para que impere a transparência.
O cónego José Paulo Abreu recordou a necessidade de conservação dos arquivos, bem como dos objectos e têxteis presentes nas paróquias, fundamentais para a preservação da memória da Igreja. Os “museus/armazéns”, onde as peças são expostas com as condições de luz, calor e humidade menos adequadas são aspectos que também mereceram uma chamada de atenção por parte do orador.
O conselho que o Arcebispo deixou, por último, à plateia, e que se estende aos restantes grupos de trabalho, movimentos ou instituições, passa por seguir à risca aquilo que está definido nos respectivos estatutos. “Assim poderão exercer as suas funções de um modo perfeito”, concluiu.
A abordagem do Pe. Hermenegildo Faria baseou-se na “perspectiva bíblica sobre a caridade e o uso dos bens”. O orador definiu a “Igreja caminhante” e a “Igreja que se instala”, sublinhando a importância de existir um equilíbrio entre ambas: a “Igreja que vai ao encontro” e a “Igreja que constrói”.
O sacerdote recordou que a Igreja “nasce de um «ide»”, que implica itinerância, caminho, e lembrou, assim, que o cristão é um peregrino, “vai com um sentido, com uma missão”.
Esta Igreja itinerante, explicou, deve ser “leve, desprendida, levar apenas o necessário, caso contrário não pode andar”. Contudo, os nómadas da “Igreja caminhante” correm o risco de se tornarem “predadores em vez de anunciadores do evangelho” e de não se apagarem a nada.
Ainda que sendo uma “Igreja caminhante”, ressalvou o Pe. Hermenegildo, deverá ser uma “Igreja que se instala, que se constrói em Igrejas locais”, pois só assim poderá gerar “filhos da fé”.
A “Igreja que se instala” conduz ao cuidar da casa e à construção de uma “casa acolhedora”, argumentou o sacerdote. “É importante que as pessoas sintam que quem lá está gosta de lá estar”, acrescentou.
O Pe. Hermenegildo alertou, no entanto, para um dos perigos da “Igreja que se instala”: a “doença da pedra”, que atinge aqueles que se acomodam excessivamente assumindo que “a terra será sua para sempre”. Para não incorrer neste erro, a Igreja não se pode esquecer que é peregrina e procurar apegar-se “apenas ao Evangelho e à sua missão”.
Assim, concluiu o sacerdote, a gestão dos bens da Igreja, deverá ser feita com base nesta ideia de uma Igreja que se instala e constrói, sem apego exagerado.
O encontro realizou-se a propósito das celebrações das bodas de ouro sacerdotais do Arcebispo Primaz, que contemplam iniciativas direccionadas para os diferentes grupos da Arquidiocese. Cada uma das reuniões tem por base o tema das comemorações: “No ouro do sacerdócio, a renovação da Arquidiocese”.
Na página do facebook da Arquidiocese estão disponíveis os vídeos na íntegra de todos os encontros realizados neste âmbito.
P. Paulo Alexandre Terroso Silva
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